Você aí que no passado vivia berrando pelas ruas que os banqueiros deveriam ser todos enforcados, você que atirou mais de um coquetel molotov nas vidraças das agencias nacionais e estrangeiras e que agora, misteriosamente, os considera "um mal necessário" e até mesmo o "pilar central da democracia" deveria, além de ter vergonha na cara, ler com cuidado as trinta e tantas páginas secretas que, não faz muito, os caciques gringos do Citigroup enviaram para seus principais acionistas. Aquelas raposas engravatadas concluíram o óbvio: os EEUU não são mais uma democracia, mas sim uma Plutocracia, isto é, uma sociedade controlada por 1% da população, por aqueles que monopolizam 95% das riquezas. Os tais memorandos além de mencionar o abismo aberto entre os pobres e eles próprios (que se consideram descaradamente uma nova aristocracia) também chamam a atenção para as demandas sociais por uma melhor divisão das riquezas como uma ameaça cada vez maior. O fato dos não ricos terem o poder do voto os inquieta. O fato de eles, os remediados, terem 99% dos votos e nós apenas 1% é motivo de risco – alertam. Por que os 99% se submetem a 1%?, perguntam-se esses gestores da bandidagem financeira, e eles próprios respondem: ora, porque a maioria dos eleitores não ricos alimenta a ilusão de que um dia eles próprios, se continuarem se esforçando, dando o sangue e o melhor de si mesmos, chegarão a ser ricos como nós e ingressarão nas nossas confrarias. Esses mesmos banqueiros e grandes acionistas não escondem a satisfação pelo fato de verem tanta gente, tanto dentro como fora daquele pais, ter acreditado e se contaminado pela idéia fútil e caipira do “sonho americano”. Mas isso é só uma forma de desprezo a mais pela turba, pois nenhum deles demonstra ter a mínima intenção de dividir absolutamente nada com os correntistas e muito menos com o populacho.
Vejo aqui uma enorme semelhança com o nosso caso, exceto que nos EEUU esta condição do 1% é transparente e de consciência de todos, e aqui a "coisa" é enrustida e disfarçada, mas na realidade fazemos parte de uma manada comandada por uma dúzia de "mega-empresários" que direcionam todas as regras políticas, sociais e econômicas do país, desde os tempos da ditadura, e se perpetua até hoje. A única "coisa" que mudou foi a "camada intermediária" que agregou "os agentes democráticos" para facilitar a manipulação e escravidão do povo...
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