Além das obviedades e das frescuras que os acontecimentos relacionados ao WikiLeaks estão revelando, existe algo ainda mais sutil e mais importante neste fenômeno, ele está servindo como um canal clandestino através do qual alguns jornalistas, aqueles que não se venderam e nem se vendem a seus patrões podem "vazar", divulgar e publicar aquelas noticias "proibidas"e "congeladas"nos gavetões dos diretores de redação. Não é novidade para ninguém que a grande maioria dos repórteres e dos jornalistas está exausta e desolada de tanto seguir escrevendo mesmices, de tanto cobrir matrimônios, o Sete de Setembro e o dia de Cosme e Damião. Esses profissionais não escondem mais o tédio de tanto fazer a cobertura da posse de bandidos, dos shows natalinos, do final de ano, das missas de sétimo dia, das ereções dos pedófilos, viagens de madames, marcas de automóveis, legalização de condomínios, intimidades de goleiros, resenhas de best-sellers, fofocas de novelas, os benefícios do chá de artemísia, panegíricos mútuos entre poetinhas histriônicos etc, etc, etc. Ora, todos sabem que isso não tem nada a ver com a velha idéia de uma imprensa verdadeira e revolucionária... E como esse show diário de superficialidades tem sido eficiente para manter os rebanhos ruminando e os ignorantes cada vez mais acéfalos, mesmo que o WikiLeaks não de em nada, mesmo que amanhã seja incluído na conhecida música da Rita Lee (abaixo), pelo menos até agora ele tem servido para lembrar, à imprensa e a nós, quais notícias e quais informações realmente interessam...
Eu tive certeza da manipulação das matérias imprensas, quando procurei a redação de vários jornais e editoras, para publicarem o meu caso, e todos me olharam com espanto, e disseram que não poderiam publicar a matéria. Apenas uma jornalista se atreveu a colocar algumas notas em um jornal de grande circulação, chamando a atenção para o caso, mas ela sumiu... E isso ocorreu no final de 2001. No último domingo, o fantástico apresentou uma reportagem sobre os subornos nas licitações, na rede de saúde pública. O caso é o mesmo, só que ocorreu na esfera Federal, e eu, que estava como servidora pública, do outro lado da mesa, recusei participar dos esquemas escusos, e tive a minha vida desvastada até hoje...
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