De vez em quando chegam aqui no sertão os ecos da clerezia no Congresso Nacional. Desta vez até os sertanejos ficaram de cabelos em pé com o Projeto de Lei dos parlamentares que prevê a castração dos pedófilos e dos estupradores. Será que aprovariam uma lei semelhante para os corruptos e os prevaricadores? Foi o que o sertão inteiro ficou se indagando. Não é novidade que políticos costumam fazer discursos modernos em público para ganharem simpatia e votos, mas que na intimidade agem como velhos retrógrados, passadistas e defensores das teorias equivocadas de Lombroso. Claro que é mais fácil acreditar nos “transtornos congênitos” do que admitir que as perversões e os disturbios mentais do sujeito estão diretamente relacionados com as perversidades e com as doenças mentais da sociedade. Castrar é fácil. Aliás, aqui mesmo no sertão, quando os coronéis não iam com a cara de alguém, mesmo que estivesse se relacionando amorosamente com suas meninas e mulheres, simplesmente os mandavam capar. Lei do sertão! Lei da hiena! Uma espécie de canastrice eugênica. Lembra a pena de morte e a lobotomia com seus equívocos e crimes. Amanhã poderão ser os alcoolistas, depois os obesos, depois os diabéticos, depois os epilépticos... E afinal, por quê castrar seria menos criminoso que estuprar? E o que fariam com as mulheres abusadoras e estupradoras? Pelo menos o estuprador tem o alibi da tara, do vício, do desejo, da compulsão, da doença. E o Estado, com seus juízes e com seus parlamentares, em que se apoiará para despistar a mão mutiladora e sua ignomínia?
Não sejamos idiotas: é evidente que a mesma sociedade que ADOECE tem o dever e a obrigação de cuidar e de DESADOECER o sujeito, sem mutilá-lo. Se quiser instituir a castração para agradar a sete ou a oito moralistas miseráveis, que o faça, mas sabendo que, daqui para diante, nunca mais poderá abrir a boca para mencionar as aberrações cometidas nos campos do Terceiro Reich.
Ezio Flavio Bazzo
Não sejamos idiotas: é evidente que a mesma sociedade que ADOECE tem o dever e a obrigação de cuidar e de DESADOECER o sujeito, sem mutilá-lo. Se quiser instituir a castração para agradar a sete ou a oito moralistas miseráveis, que o faça, mas sabendo que, daqui para diante, nunca mais poderá abrir a boca para mencionar as aberrações cometidas nos campos do Terceiro Reich.
Ezio Flavio Bazzo
Sua análise é tudo que eles precisariam ouvir porém desconfio que não tenham capacidade para compreender o que você está dizendo. É preciso ter uma visão maior, um sentir mais apurado, um senso de ética verdadeiro, um humanismo desenvolvido e conhecimento sobre o ser humano para compreender a gravidade de uma decisão bestial como esta. Mutilação e extermínio é solução para o quê e para quem? Uma horda de ignorantes comanda nossa sociedade.
ResponderExcluirbem...a lei propõe a castração química. não há mutilação..
ResponderExcluirhisteria coletiva. a pedofilia só pode ser algum tipo de injeção coletiva de adrenalina numa multidão dócil, apática, porém bastante viciada. o muçulmano, proibido o álcool, recorre desesperadamente ao cigarro. o evangélico, proibida as delícias do mundo, tresloucadamente recorre à pregação vingativa. o cristão, proibido o sexo fora do casamento, recorre à hipocrisia reativa. aquele ou aquela que faz sexo, proibida a libertinagem, recorre às diversas torturas sexuais. e não pense que todo essa gente não seja criativa. infrigir tédio e dor uns aos outros é práxis consentida. com imaginação fértil, até esquecem que inventaram tudo isso. quanta precipitação. daí elaboram uma lei - mera formalização legal de um desejo pela violência justificada.
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