domingo, 24 de novembro de 2024

O Mendigo K e a pantomima do G20 a respeito da fome. Para quê comida se não se tem nem o quê e nem onde cagar???

 



{... A merda é um problema teológico mais penoso que o mal. Deus dá liberdade ao homem e podemos até admitir que ele não seja o responsável pelos crimes da humanidade, mas a responsabilidade pela merda cabe inteiramente àquele que criou o homem, somente a ele...}

Milan Kundera




Neste domingo quase chuvoso o Mendigo K, rodeado por indigentes vindos de todos os lados do país (para o Natal), mendigava ali na entrada de um Super Mercado, pertencente a uma das tantas Corporações francesas.

Fazia um breve e furioso discurso, relacionado ao que assistiu ontem à noite noite na televisão sobre o Estado do Maranhão (ele que já viveu por lá), em que se dizia que quase a metade da população não tem onde cagar. Ou melhor, não dispõe de uma privada e é obrigada a cagar à beira dos rios, ao lado das estradas, nas praias ou nos matagais que, milagrosamente, ainda existem. E, claro, por uma questão de lógica, se não se tem nem onde cagar, é evidente que nem se sabe o que é papel higiênico, e muito menos água e sabão. Que tal? E, o que lhe causava mais fúria, - dizia - era que se tratava de um Estado onde o Padre Vieira militou durante anos, um Estado que produziu um Aluísio Azevedo, um Ferreira Gullar, um povoado semi tribal que não vive sem o Reggae, e de onde saiu até um Presidente da república, sem falar das dezenas de famílias de políticos profissionais da ativa. (gente que, na maioria das vezes, durante sua infância e adolescência, também cagou no mato e não conheceu papel higiênico).

Qual é o sentido? Qual é a lógica? Qual é a razão dessa impostura e dessa vingança contra os pobres? Quem é que não sabe que uma das únicas coisas que nos diferencia dos outros animais é que nós nos limpamos o cu? O que se tem feito com o bom senso, com os neurônios e principalmente com as "emendas" bilionárias que são destinadas a esses estados e a esses povos?

E, o pior, é que o rebanho, (mesmo aquele só preocupado só com as tripas) não dá um pio! Que a mídia, os padres, a polícia, a elitezinha que se lava o cu todas as manhãs com água de San Morritz, ainda segue cacarejando sobre aquele pobre coitado que, na semana passada, veio melancolicamente matar-se ali na Praça dos Três Poderes... E o pior, é que as beatas seguem mandando rezar missas para a alma daquele pobre 'terrorista" e que o governo local aproveita para criar mais um grupo "anti terroristas". Terrorista? Não sejam idiotas! Terrorista foi Ravachol...

Falava tudo isso com entusiasmo e todos o ouviam com atenção. E o que foi mais uma afronta a nós e a todo mundo, - dizia - foi a tal Reunião do G20, lá no Rio de Janeiro, propondo acabar com a fome, sem dar uma palavra sobre a falta de água e de privadas. Ora, logo no Rio de Janeiro, onde nos morros e nas periferias a maioria das gentes ainda caga em jornais e joga os pacotes nos becos... E depois.., se acabar com a fome e não criar privadas com sabão e água, tudo pode ficar ainda pior... Agora, pelo menos (e por sorte!), estamos quase sempre com as tripas vazias... E o mais curioso - insistia - é que quem está propondo o fim da fome é o Lula, ele que já declarou várias vezes que em sua infância e adolescência também não tinha onde cagar...

E lembram daquele velhinha que estando no grupo que invadiu os Três Poderes, cagou sobre a mesa de um Ministro? Pegou quantos anos de cana, mesmo? Como é que ninguém da 'intelligentzia' teve a delicadeza e a competência freudiana para interpretar a mensagem daquela cagada? Como é que nenhum desses padres e pastores  travestidos de laicos se lembrou de que a merda é um problema teológico mais penoso que o mal? Que Deus dá liberdade ao homem e que podemos até admitir que ele não seja o responsável pelos crimes da humanidade, mas a responsabilidade pela merda cabe inteiramente a ele? Àquele que criou o homem, somente a ele???

Fez um breve silêncio e concluiu:

Nós, que não somos, nem patriotas, nem beatos, e que não temos esperança alguma, com as baterias de nossas câmeras carregadas, esperamos pelo dia em que os pobres, os fodidos e as bestas dessa pátria, ao invés de vierem à Brasília para matar-se, virão para aliviar-se ali na Praça dos Três Poderes...









Um comentário:

  1. Bazzo, por falar em indigentes e Mercado Pão de Açúcar, acabo de passar por lá e presenciei entre as prateleiras, uma cena digna de seu Murro das lamentações: dois indigentes se enfrentando e se amea'çando de furar,um com faca e outro com espeto de churrasco. Além do policial que fica de plantão na entrada, (da multinacional francesa) até os açougueiros entraram em cena. Foi velhinhos e velhinhas aposentadas correndo para todos os lados. Como diz você: E la nave vá.

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