Da copa, dos carcarás e da desfaçatez...

Hoje, quarta-feira, dia em que a cidade inteira (inclusive as mulheres) está babando de ansiedade com a proximidade da abertura dos jogos de futebol lá na Russia, encontrei o mendigo K. num estacionamento em frente ao Ministério dos transportes. Para minha surpresa estava lendo o livro abaixo que escrevi há mais de dez anos numa viagem pelas beiradas do Rio São Francisco, desde as nascentes até o oceano Atlântico onde ele desemboca repleto de pneus, geladeiras, colchões e outras merdas que em suas águas são jogadas. 

Lia com sarcasmo as orelhas 1 e 2 e sem nenhum sinal de bajulação fez questão de arrancá-las para mostrar-me algumas frases que havia admirado e sublinhado, principalmente do último parágrafo onde, ainda em 2006, escrevi: É enfurecedor saber que apesar de todo o teatro recente ao redor da ética, é a mesma súcia e seus descendentes que continua governando, tendo acesso aos segredos de Estado, aos cofres e às senhas do tesouro Nacional. Sim, é um exercício de desfascinação confirmar que o povo, a plebe, o populacho, as manadas estéreis de eleitores de todas as classes, em sua languidez, só amam histérica e perdidamente ao futebol e não 'estão nem aí'. E mais: que infectadas de credulidade mística, por um lado, e de nihilismo antropológico por outro, para elas, que os parlamentares jurem sobre a Bíblia ou peidem - parafraseando a Demétrius - é tudo a mesma merda. Pobres trópicos!!!