"Às vezes a depressão precede o ato cleptômano (...) A depressão é a virtude que chora por não ser vício..."
W. Stekel
Agora, com as histórias e estórias diárias do Petrolão e da Lava-jato vou me dando conta que um dos assuntos que sempre me impressionaram e que sempre me despertaram curiosidade, desde a infância, foi o que hoje se conhece por cleptomania ou, mania de roubar. Pequenos furtos, grandes assaltos, homicídios para apropriar-se de um chapéu ou de uma bicicleta da vítima. Pomares alheios. Roubo de animais (zoofilia). Roubo de anéis, de peças íntimas, de milhões de dólares, de armas, de fumo para cachimbo etc. Recentemente uma senhora roubou uma lata de sardinha ali no mercadinho da esquina, e o dono, que é ladrão costumas, chamou um policial que também se apropria de objetos dos presos, que levou o assunto para um juiz que também leva em si o DNA desse transtorno, etc, etc.., lubrificando e assim fazendo girar em alta velocidade a roda da putaria e da ladroagem geral... De onde nos vem essa necessidade explicitamente impulsiva e compulsiva? Seria, como dizem os psicanalistas, da repressão sexual? De minha infância, além de minhas inúmeras apropriações indevidas, das cercas que saltava para roubar nos quintais vizinhos, lembro que minha mãe, nos finais de tarde, ficava indignada com outras respeitáveis senhoras como ela que, passando pela rua, roubavam mudas de flores de seu 'imenso jardim' que, era cuidado amorosamente e que servia-lhe também para amenizar o tédio. As espiava por detrás das venezianas já descoloridas e quando as via em retirada levando mudas de camélias ou de orquídeas nativas colocava a mão na testa e desabafava: povera gente! Evidentemente, (?) nunca deve ter interpretado que aquilo se tratava de uma manifestação sexual inconsciente de suas vizinhas...
Na psicanálise e na psicologia, de uma forma ou de outra este tema está sempre presente. Depois de cada depoimento dos envolvidos no Processo da Lava-Jato (entre outros) costumo fazer uma releitura do texto A raiz sexual da cleptomania, contida no livro Atos impulsivos, de Wilhelm Stekel. Leitura imprescindível e fundamental para estes dias... Já vimos - escreve Stekel - como o instinto de roubar é poderoso na criança e endossamos o ponto de vista de que, em todo adulto, persiste um resíduo desse instinto..."
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