Por Thaís Sabino (@thaissabino)
A
dificuldade em creditar o sucesso a habilidades e competência não é
considerada oficialmente uma doença psicológica, mas já é tema de estudo
de psicólogos e educadores. A Síndrome do Impostor atinge
principalmente pessoas bem-sucedidas, a maioria mulheres, e já foi
identificada em figuras famosas como as atrizes Emma Watson e Kate
Winslet, que deram declarações à imprensa sobre não se sentirem
merecedoras do sucesso e carreira que conquistaram.
“Eu
continuo achando que as pessoas vão descobrir que não sou talentosa,
que não sou tão boa. Que foi tudo uma grande farsa”, declarou a atriz
Michelle Pfeifer em 2002. Jodie Foster afirmou ao programa 60 Minutes
que por anos teve medo de ser obrigada a devolver o Oscar de melhor
atriz pelo filme Acusados (1988). Meryl Streep, Renée Zellweger, Chuck
Lorre, Denzel Washington, a lista vai longe, e não inclui apenas
artistas, mas a diretora da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan,
também enfrenta o problema.
Os sintomas podem ser momentâneos, em situações de mudança e estresse, ou contínuos, segundo o livro Os Pensamentos Secretos das Mulheres de Sucesso,
escrito pela psicóloga Valerie Young. O tempo agrava o sentimento de
culpa pelas conquistas e um círculo vicioso se estabelece. Pessoas que
sofrem Síndrome do Impostor se esforçam para desenvolver tarefas de uma
forma cada vez melhor para não serem descobertas como fraude, se
preocupam com cada detalhe e possuem autocobrança elevada. Os bons
resultados levam ao sucesso e aumentam o sentimento de farsa.
Promoções
são vistas como sorte, atribuídas à aparência ou qualquer outra
possibilidade que não esteja relacionada à capacidade intelectual e
merecimento. Um comportamento comum é não mostrar confiança demais por
medo da reação das outras pessoas. Quem sofre de Síndrome do Impostor se
convence que não é inteligente o suficiente, portanto não merece
sucesso. Entre os sintomas, estão perfeccionismo, ansiedade e insônia,
segundo Young.
Como superar
Existem
diferentes linhas de terapias psicológicas que amenizam o problema. O
tratamento tem foco em diminuir a necessidade de perfeição, fazer o
paciente entender e aceitar o merecimento do sucesso, acabar com a
necessidade de a pessoa se comparar a outras, e ajudar na expressão de
sentimentos. O empreendedor russo Kyle Eschenroede recebeu mais de 600
mensagens após compartilhar um depoimento sobre como enfrentou o
transtorno, de pessoas de todo mundo relatando experiências com a
Síndrome.
Eschenroede
fez uma lista de dicas para ajudar na rotina de quem tem Síndrome do
Impostor, entre elas, lembrar que “estar errado não faz da pessoa uma
farsa”, repetir “é Síndrome do Impostor” quando as coisas apertarem,
lembrar habilidades e talentos, e manter um arquivo com coisas boas e
elogios recebidos: “sempre que alguém escreve que eu ajudei em algo, eu
copio e guardo na minha pasta. Quando me sinto uma fraude, leio
histórias de pessoas que eu ajudei”, contou.
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