sábado, 5 de abril de 2014

O IPEA ESTUPRADO... Ou o contrabando de mulas...

Ainda não dá para saber o que causou mais espanto e mais insegurança nacional: se a primeira notícia dada pelo IPEA  a respeito do pensamento dos brasileiros sobre o estupro, cuja pergunta: (Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas?) teria sido respondida por 65% dos entrevistados como SIM, 
ou o reconhecimento, uma semana depois por aquele Instituto, de que havia cometido um erro e que no lugar de 65% deveria ler-se 26%. 
Primeiro: A Pergunta já é cretina! 
Segundo: numa temática dessas, 26% não refresca muito os 65%. Terceiro:  Um erro desses cometido por uma instituição de primeira linha da república, coloca em xeque praticamente todos os dados sócio-políticos  com os quais se tem alimentado as ilusões nacionais, e 
Quarto: ficou no ar  a idéia de que por pressões moralistas e para preservar a hipocrisia vigente se preferiu jogar no lixo a credibilidade sociológica daquele Instituto.
Enfim, se a grande maioria das mulheres sabe e assume que sabe o poder que  a sedução feminina tem sobre os "instintos" dos brutamontes, uma vez que o tal processo civilizatório passou à margem da genitalidade..., e que a  implacável obsessão sexual nas propagandas, que como até os nazistas sabiam, é "a arma mais eficiente no mundo dos negócios"..., segue vigente, então o buraco passa a ser bem mais em baixo... 
por outro lado no meio dessa compulsão por mostrar-se (as tetas o traseiro e derivados) não são poucos os brutamontes que confessam até com certa galhardia que por debaixo de seus disfarces de santos levam um estuprador em potencial que age e atua conforme as circunstâncias...  blábláblá....
E é no meio desse entrevero  todo de pesquisas fajutas e de
libertinagem,
que não sei por que me sinto tentado a citar (aparentemente fora de lugar) esta fábula de  Nasreddin, mencionada por Baudrillard: "Nasredin atravessa  a fronteira todos os dias com mulas carregadas de sacos. Cada vez os sacos são revistados, mas não se encontra nada. Nasreddin continua a passar a fronteira com suas mulas.  Muito tempo depois, alguém lhe pergunta o que contrabandeava. Nasreddin responde: Mulas. 
Entendeu?

4 comentários:

  1. Sim, Ezio Flavio Bazzo, estás coberto de razão, e destaco no seu texto a seguinte reflexão: " ficou no ar a idéia de que por pressões moralistas e para preservar a hipocrisia vigente se preferiu jogar no lixo a credibilidade sociológica daquele Instituto." Continua tudo como dantes... Abçs

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    05/04/2014 - Copyleft
    Antonio Lassance
    Antonio Lassance
    Então está tudo bem no país do 'estupra mas não mata'?
    Está tudo bem no país do 'estupra, mas não mata'?
    O IPEA errou, mas quem comemora o erro está redondamente enganado. Se está tudo bem, por que será que o número de estupros no país está crescendo?

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    O IPEA errou. Errou, assumiu o erro e pediu desculpas, esclarecendo:

    “Vimos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa ‘Tolerância social à violência contra as mulheres’, divulgada em 27/03/2014. O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases ‘Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar’ e ‘Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas’”.

    Resumindo, os dados de uma pergunta eram, na verdade, referentes a uma outra questão.

    O Instituto comete erros. Não é o único. O IBGE, o Banco Central, o INEP e todos os outros órgãos responsáveis por divulgar dados, todos, sem exceção, vez por outra são obrigados a publicar erratas em suas publicações, retificando ou o número em si, ou títulos de tabelas, ou outros tipos de informação.

    Embora o erro faça parte do trabalho de qualquer pesquisador, e rotinas de validação existam para diminuir sua ocorrência, o fato é que a cobrança da sociedade sobre um erro é bem vinda e deve ser enfrentada com humildade.

    Para começar, é preciso reconhecer que o erro do IPEA foi maior por conta da repercussão nacional e até internacional que o dado incorreto alcançou.

    Isso caiu como uma bomba sobre a cabeça dos jovens pesquisadores responsáveis pelo estudo, que são pessoas sérias. Sempre mereceram e vão continuar merecendo o respeito pelo trabalho que realizam há muitos anos na instituição.

    O erro do IPEA está corrigido. Mas e o erro de quem, desavisadamente, acha que, desfeita a troca dos números, agora está tudo bem? Não, senhoras e senhores, não está tudo bem.

    Se está tudo bem, por que será que o número de estupros no país está crescendo e já superou o de assassinatos, conforme informação do mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública?

    Está tudo bem, então, no país do “estupra, mas não mata”? Será? Mesmo com mais de 50 mil mulheres estupradas em 2012, número mais de 18% superior ao de número 2011, agora podemos ficar tranquilos?

    Detalhe: o número absurdo de estupros não considera os casos em que as vítimas deixam de relatar o ocorrido - por vergonha, por medo da reação da família, por receio de que alguém ache que elas não souberam “se comportar”.

    O dado de estupros em 2013 vem aí. Quem fará a piada? Quem vai curtir com isso?

    Desde que a Lei Maria da Penha entrou em vigor, em 2006, o número de agressões contra mulheres, relatadas ao serviço “Ligue 180”, cresceu 600%.

    A cada hora, duas mulheres, vítimas de abuso, dão entrada em unidades do Sistema Único de Saúde. Alguém ainda acha pouco?

    Está tudo bem no país que concorda que, “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”? Há quem diga: "Ora, bolas! Isso é só um dito popular, como outro qualquer". Sim, um dito popular como “serviço de branco”. Só um dito popular?

    Está tudo bem no país que acha que a mulher que é agredida e continua com o parceiro é porque gosta de apanhar?

    O IPEA errou, mas quem comemora o erro está redondamente enganado.


    (*) Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do IPEA.

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  3. Quanto mais se explica mais se compromete....

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  4. A incompetência, o cinismo e a hipocrisia das instituições brasileiras chegam a me dar náuseas. Não aprenderam nem que quanto mais se mexe, mais fede...

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