Se no mês passado o presidente Nicolas Sarkozy já teve que suportar as manchetes dos jornais iranianos acusando sua mulher de ser uma "cortesã”, com a expulsão em massa dos ciganos do território francês, provavelmente terá de ouvir os mesmos “elogios” também a respeito de sua mãe, agora advindos da boca dos ciganos. É evidente que está sendo uma babaquice essa “deportação”, uma babaquice não apenas política, mas cultural e até turística, pois qualquer um sabe que parte do exotismo e da beleza de Paris – por exemplo – se deve aos ciganos, aos nômades, aos apátridas, a essa gente que se negou a ter uma língua cigana escrita, a esses cidadãos do mundo com suas tralhas, seus dentes de ouro, seus truques, seus violinos, suas ervas, seus cavalos, suas navalhas e suas sabedorias. Quem é que consegue esquecer a voz e o olhar da cigana que mendiga em Champs Elysees?
- S'il vous plait monsieur, je suis refugie de Roumanie...
Quem conseguiria apagar de sua memória os gestos e a coreografia daquela que está decodificando la mala y la buena suerte sob os umbrais da antiga Sorbone? Qual é o fotógrafo que ficaria indiferente à romaria cigana para a Catedral de Chartres e à expressão de uma anciã com a imagem de Sara (a Santa negra dos ciganos) nos braços? Quem é que esquece o ciganinho de dez anos empunhando seu violino no metrô de Les Halles e executando uma canção da Bulgária? Ou o elegante batedor de carteira na entrada de um magazin com roupa, bengala e chapéu de lorde? Aliás, até o Chaplin tinha origens ciganas. Não é novidade que les tsiganes et les bohemes sempre causaram alergia ao establishment francês, tanto é que já em julho de 1682 o rei de plantão assinou uma famosa Declaração contra eles e que mais recentemente também iriam passar aos milhares pelos fornos nazis. Se não fizeram disso sua bandeira de sobrevivência (como os judeus) talvez tenha sido, simplesmente, porque a idéia do perdão, das indenizações e de uma pátria lhes cause repugnância.
- S'il vous plait monsieur, je suis refugie de Roumanie...
Quem conseguiria apagar de sua memória os gestos e a coreografia daquela que está decodificando la mala y la buena suerte sob os umbrais da antiga Sorbone? Qual é o fotógrafo que ficaria indiferente à romaria cigana para a Catedral de Chartres e à expressão de uma anciã com a imagem de Sara (a Santa negra dos ciganos) nos braços? Quem é que esquece o ciganinho de dez anos empunhando seu violino no metrô de Les Halles e executando uma canção da Bulgária? Ou o elegante batedor de carteira na entrada de um magazin com roupa, bengala e chapéu de lorde? Aliás, até o Chaplin tinha origens ciganas. Não é novidade que les tsiganes et les bohemes sempre causaram alergia ao establishment francês, tanto é que já em julho de 1682 o rei de plantão assinou uma famosa Declaração contra eles e que mais recentemente também iriam passar aos milhares pelos fornos nazis. Se não fizeram disso sua bandeira de sobrevivência (como os judeus) talvez tenha sido, simplesmente, porque a idéia do perdão, das indenizações e de uma pátria lhes cause repugnância.
Tenho grande admiração pelo povo cigano. Suas danças, suas celebrações, sua filosofia de vida. Eles sobrevivem apesar de tudo. Sem cidadania, sem pátria, sem terras, eles mantém suas tradições. O líder dos ciganos nesta nossa região, é o querido amigo ZARCO, que vive lutando para que todos reconheçam e respeitem seu povo. Parabéns, Bazzo, pelo artigo!
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