Quando a turma alucinada de minha geração veio involuntariamente ao mundo, o senhor Paulo Maluf já tinha dezenove anos.
Passamos umas cinco décadas assistindo alienados, hipnotizados e impotentes as suas aventuras políticas e suas peripécias mercantis país e mundo a fora. Como marchand de si mesmo driblou sarcasticamente a todos. Colocou promotores, juízes, generais, presidentes, banqueiros, jornalistas, adversários políticos, marqueteiros bispos e policiais no bolso durante todo esse tempo. Tenho certeza que os panacas ainda lhe levantarão uma estátua em plena Avenida Paulista, uma estátua como aquela que havia de Lênin na URSS ou como a que há de Victor Hugo em Paris. Principalmente os eleitores paulistanos ricos e os imigrantes fodidos, o adoram. Como nunca estiveram preocupados com a anatomia da picaretagem lançaram seu nome nas urnas milhares e milhares de vezes. Enquanto ele, excelente fraseador, apenas ria. Sim, ele que é a prova viva da falácia, não apenas de nosso sistema político e econômico, mas principalmente de nosso sistema judiciário. Sobre bancos e fraudes bancárias, parece saber mais que todos os da família Rotshild. Tentaram cartesianamente incriminá-lo e colocá-lo atrás das grades inúmeras vezes, mas ele derrotou a todos só no cinismo e só na lábia. Aliás, sobre retórica, cinismo e sofismas – ninguém pode negar - ele deixa magistralmente os gregos e os romanos na poeira. É, com certeza, uma das mais exóticas e curiosas personalidades nacionais, e a psicologia das profundidades teria muito, mas muito mesmo a aprender com ele. Agora, com os últimos lances em sua trajetória, quem é que não está curioso para saber qual será o truque e qual será a importância que usará para despistar os farejadores da Interpol?
Nenhum comentário:
Postar um comentário