terça-feira, 16 de março de 2010

O PRÉ-SAL E AS AVES DE RAPINA...

Até uma criança de oito anos ficaria abismada com a ganância e com a voracidade nacional manifesta a respeito do tal “pré sal”. Ridículo. Inclusive, porque a grande maioria dos belicistas, nem estará mais viva quando as mangueiras retirarem do fundo do mar aquela porcaria gosmenta e fétida...

Por outro lado, qualquer sujeito razoável, até mesmo um mentecapto, apoiaria o polêmico Projeto que prevê a distribuição dos lucros da extração desse petróleo a todo o país e, inclusive até recomendaria aos “gestores” para que os Estados mais precários recebessem uma parte ainda maior dos tais royalties. Royalties? Que porra é essa? As lágrimas e o teatro que os chefões do Rio e do Espírito Santo estão encenando sobre os supostos “trilhões que irão perder” são contraditórios e suspeitos. Ora, se a extração de petróleo nesses Estados lhes rende há décadas uma fortuna tão grande como dizem, para onde teria ido esse dinheiro, já que o sistema educacional, de saúde, de moradia, prisional, sanitário e urbano em geral desses Estados vive aos pedaços, alguns chegando a lembrar os da Idade Média? Difícil não reconhecer que o país ainda é uma monarquia travestida de república. Observem como em cada Estado apenas dez ou doze clãs se revezam na política ou no poder e controlam tudo. Claro que deixam para a ralé os empreguinhos públicos, o comércio, as profissões liberais, a administração das igrejas e as cervejinhas com lambari frito dos finais de semana... Mas as verdadeiras chaves, aquelas que movem as grandes engrenagens, - o mercado imobiliário, os minérios, o sistema financeiro, a produção de alimentos, de energia, de tudo aquilo que o populacho mais precisa e consome – não mudaram de mãos nos últimos séculos. E, o pior: não há desconforto nas massas que uma frase demagoga ou um prato de comida fumegante não sufoque. Em um país “bem governado” – diria Montesquieu – os súditos são como peixes em uma grande rede, acreditam que são livres, mas estão bem presos e prestes a irem para a frigideira...

Ezio Flavio Bazzo

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