quarta-feira, 31 de março de 2010

INTRIGAS, INVEJAS E NARCISISMOS ENTRE PENSADORES...

I. Kant é um burguês, isto é, um homem pequeno, medíocre, prudente, pouco amante de aventuras e de estética. (Giovanni Papini)

II. Faz dois mil anos que Jesus se vinga da humanidade por não ter morrido sobre um sofá. (Cioran)

III. Existe uma filosofia kantiana e um charlatanismo fichteano. (Schopenhauer)

IV. É porque deixa de ser um homem de ciência para transformar-se no profeta de uma mística tenebrosa, que Freud alcança um êxito extraordinário. (Berl)

VI. Hegel, esse sofista que tinha tanto desprezo pelas crianças de oito anos que acreditava que os dogmas da igreja eram suficientes para elas. (Jules Lequier)

VII. Cuando veo en Marx o Lenin la palabra espíritu, yo me digo que hay mugre y revoltijo inmundo y que Dios le há chupado el culo a Lenin y que es así como há pasado siempre. (A. Artaud)

VIII. Nietzsche, esse tipo fanfarrão de quem se fala bebendo conhaque. (Roger Nimier)

IX. Oh Platão, tão admirado! Não contaste mais que fabulas. (Voltaire)

X. Rousseau, essa tarântula moral. (Nietzsche)

XI. Seneca era um infeliz escrevendo sobre a felicidade. É verdade que era estóico, espécie de leproso armado contra o prazer de viver. (La Mettrie)

XII. Entre las piedras reverberantes de Salamanca, Unamuno inicia a una tórrida juventud en el energumenismo, arropándose con los guiñapos de su filosofia cívica de la fraqueza. (Eugenio d´Ors)

quarta-feira, 24 de março de 2010

CINCO FRASES QUE JAMAIS SERÃO ESCRITAS NA TRASEIRA DOS CAMINHÕES...

I. Amor é dar o que não se tem (Lacan)


II. Todas as esperanças estão permitidas ao homem, inclusive a de desaparecer (Jean Rostand)


III. Quando o populacho se mete a filosofar, tudo está perdido (Voltaire)


IV. "SER". De onde veio esse verbo nulo, que fez carreira tão vertiginosa no vazio? (Paul Valéry)


V. Se existisse um Deus, eu não gostaria de ser esse Deus, a miséria do mundo me destroçaria o coração... (Schopenhauer)

domingo, 21 de março de 2010

PROCURA-SE! NEM QUE SEJA APENAS PARA UMA CONSULTORIA...

Quando  a turma alucinada de minha geração veio involuntariamente ao mundo, o senhor Paulo Maluf já tinha dezenove anos.
Passamos umas cinco décadas assistindo alienados, hipnotizados e impotentes as suas aventuras políticas e suas peripécias mercantis país e mundo a fora. Como marchand de si mesmo driblou sarcasticamente a todos. Colocou promotores, juízes, generais, presidentes, banqueiros, jornalistas, adversários políticos, marqueteiros  bispos e policiais no bolso durante todo esse tempo. Tenho certeza que os panacas  ainda lhe levantarão uma estátua em plena Avenida Paulista, uma estátua como aquela que havia de Lênin na URSS ou como a que há de Victor Hugo em Paris.  Principalmente os eleitores paulistanos ricos e os imigrantes fodidos, o adoram. Como nunca estiveram preocupados com a anatomia da picaretagem  lançaram seu nome nas urnas milhares e milhares de vezes. Enquanto ele, excelente fraseador, apenas ria. Sim, ele que é a prova viva da falácia, não apenas de nosso sistema político e econômico, mas principalmente de nosso sistema judiciário. Sobre bancos e fraudes bancárias, parece saber mais que todos os da família Rotshild. Tentaram cartesianamente incriminá-lo e colocá-lo atrás das grades inúmeras vezes, mas ele derrotou a todos só no cinismo e só na lábia. Aliás, sobre retórica, cinismo e sofismas – ninguém pode negar - ele deixa magistralmente os gregos e os romanos na poeira. É, com certeza, uma das mais exóticas e curiosas personalidades nacionais, e a psicologia das profundidades teria muito, mas muito mesmo a aprender com ele. Agora, com os últimos lances em sua trajetória, quem é que não está curioso para saber qual será o truque e qual será a importância que usará para despistar os farejadores da Interpol?

terça-feira, 16 de março de 2010

O PRÉ-SAL E AS AVES DE RAPINA...

Até uma criança de oito anos ficaria abismada com a ganância e com a voracidade nacional manifesta a respeito do tal “pré sal”. Ridículo. Inclusive, porque a grande maioria dos belicistas, nem estará mais viva quando as mangueiras retirarem do fundo do mar aquela porcaria gosmenta e fétida...

Por outro lado, qualquer sujeito razoável, até mesmo um mentecapto, apoiaria o polêmico Projeto que prevê a distribuição dos lucros da extração desse petróleo a todo o país e, inclusive até recomendaria aos “gestores” para que os Estados mais precários recebessem uma parte ainda maior dos tais royalties. Royalties? Que porra é essa? As lágrimas e o teatro que os chefões do Rio e do Espírito Santo estão encenando sobre os supostos “trilhões que irão perder” são contraditórios e suspeitos. Ora, se a extração de petróleo nesses Estados lhes rende há décadas uma fortuna tão grande como dizem, para onde teria ido esse dinheiro, já que o sistema educacional, de saúde, de moradia, prisional, sanitário e urbano em geral desses Estados vive aos pedaços, alguns chegando a lembrar os da Idade Média? Difícil não reconhecer que o país ainda é uma monarquia travestida de república. Observem como em cada Estado apenas dez ou doze clãs se revezam na política ou no poder e controlam tudo. Claro que deixam para a ralé os empreguinhos públicos, o comércio, as profissões liberais, a administração das igrejas e as cervejinhas com lambari frito dos finais de semana... Mas as verdadeiras chaves, aquelas que movem as grandes engrenagens, - o mercado imobiliário, os minérios, o sistema financeiro, a produção de alimentos, de energia, de tudo aquilo que o populacho mais precisa e consome – não mudaram de mãos nos últimos séculos. E, o pior: não há desconforto nas massas que uma frase demagoga ou um prato de comida fumegante não sufoque. Em um país “bem governado” – diria Montesquieu – os súditos são como peixes em uma grande rede, acreditam que são livres, mas estão bem presos e prestes a irem para a frigideira...

Ezio Flavio Bazzo

sábado, 13 de março de 2010

POBRES NOCHES DE RONDA...

As noites de Brasília ainda não são como as de Sodoma e Gomorra, mas quase. Já são visivelmente férteis em perversidades. Os bares palpitam. Três ou quatro em cada esquina. Bocas de fumo, reuniões secretas, homicídios encomendados, festas de arromba, inferninhos, cassinos, gerontofilia, espias do Estado e espias das quadrilhas, negócios da China, rituais macabros, missas negras, várias legiões de sodomitas e de niilistas... Lá vem um vendedor de livros por entre as mesas, outro que negocia incensos, rosas, panos de prato, baseados. Uma menina transporta um cesto com chocolates, outra exibe anéis, outros desenham mapas astrais para os boêmios ali mesmo entre as pilhas de garrafas... Uma ida ao banheiro para cheirar um pó. A lua ausente, uma música de fundo, os joelhos de um crápula enfiados entre as coxas de uma funcionária pública e os garçons que riem de duas meninas que se mordiscam as orelhas e de dois bigodudos que aparecem euforicos e vestidos de colombina... Alguém pensou em falar do PIB e acabou falando inadvertidamente do PUBIS. Aliás, o PIB já alterou alguma vez a sua vida? Viva o vandalismo econômico e aritmético de nossos bandidos! E nos arredores do Plano Piloto as chacinas continuam em alta. Essa será a sina dessa gente? Ninguém está disposto a pinçar uma por uma as mentiras de dentro de si? Mas há novidades: uma nova lei sobre gorjetas, eis aí a legalização de uma fraude. Eis aí a semente da propina, dos 10% que levaram o Arruda para o xilindró... A madrugada começa engatinhar e há muita gente bêbada com o suicídio estampado nas faces. Se passasse por ali, Chamfort resmungaria com desprezo: “são pobres que ficaram ricos mendigando...”

http://www.youtube.com/watch?v=y73_l1CZ15k&feature=related

quinta-feira, 11 de março de 2010

A MÃE QUE MUITA GENTE GOSTARIA DE TER TIDO...


Era austríaca e chamava-se Linda K. Trabalhava num circo, teve uma filha de forma “independente” e, para preservar suas viagens, os encantos e o gozo do picadeiro livrou-se dela o mais rápido possível, deixando-a com as freiras de um orfanato na Escócia, onde o uísque, pelo menos, estaria garantido. Quando se cansou dos trapézios, dos malabares, das acrobacias, do mastro chinês, da báscula, da cama elástica e da fantasia de voar, abriu algo parecido, tanto ao circo como ao convento: um bordel. E mais, na terra de Freud. Ao morrer, recentemente, deixou à filha, agora freira em Glasgow, não apenas o bordel, mas também uma significativa fortuna. Não adianta negar, algumas pessoas são realmente predestinadas...

quarta-feira, 10 de março de 2010

A PUBLICIDADE É UM CADÁVER QUE NOS SORRI...

Neste momento em que as hienas da política e os chacais da propaganda estão reaparecendo para vender suas merdas mentais e para comprar seu voto, vale a pena reler A publicidade é um cadáver que nos sorri, de Oliviero Toscanini.

“Os nazistas - escreve ele - inventaram a propaganda publicitária da alegria ariana com filmes e série de fotos que louvavam um estilo de felicidade escoteira, corpo esculpido e desnudo, beleza loura, alegria de fazer parte de um grupo, grandes emoções simples, culto do natural e do autêntico, céu sem nuvens, veículos poderosos. Era necessário assemelhar-se a essas imagens idílicas. A propaganda encarregava-se de difundi-las por toda a parte, cinema, revistas, cartazes, prospectos, a mesma coisa que a publicidade faz em nossos dias. Um logotipo sombrio e gráfico simbolizava todo esse universo fascista – a suástica. Um símbolo gráfico.”
“Acho apavorante que todo esse imenso espaço de expressão, de exposição e de afixação de cartazes, esses milhares de quilômetros quadrados de cartazes mostrados no mundo inteiro, esses painéis gigantes, esses slogans pintados, essas centenas de milhares de páginas de jornal impressas, esses milhões de horas de televisão, de mensagens radiofônicas, fiquem reservados a esse paradisíaco mundo de imagens imbecil, irreal e mentiroso. Uma comunicação sem qualquer utilidade social. Sem força. Sem impacto. Sem sentido”.
Enfim, “a publicidade não vende felicidade, ela gera depressão e angústia. Cólera e frustração”.

domingo, 7 de março de 2010

"FELIZ" DIA INTERNACIONAL DA MULHER...

Às negras, brancas, amarelas, indias e incolores. Às sóbrias, burras, desvairadas, e inteligentes, sexis, indiferentes e supra-encrenqueiras. Às peludas e às depiladas...

Às lésbicas, às taradas, às frigidas, timidas, às esposas submissas  e às livre-atiradoras...

Às santas, às piranhas, fiéis e traidoras, beatas e interesseiras... Às "amantes argentinas"...

Às gringas, às tupiniquins, às asiáticas, às européias, às africanas... 

Às autoritárias, às boazinhas, às tiranas, carinhosas e generosas... Às pistoleiras e às mocorongas, às hipomaníacas e às deprimidas... Às que apanham e às que batem...

Às nobres e às plebéias, às lolitas e às senhoras, às anoréxicas, às histéricas, às gordas, às siliconadas e às sedutoras. Às linguarudas e as catatônicas, às que têm uma língua igual às mariposas de Madagascar e às que são silenciosas e mudas como as estátuas da Ilha de Páscoa...

Às do dia e às da noite, às de vinte e às de quatrocentos reais, às perversas da zona e às perversas do lar e do claustro, às empresarias, às da cozinha e às dos michês, às médicas, às intelectuais e às bruxas... 

A todas, enfim, depois de tanto tempo e de tantas e perdidas batalhas eróticas, um autêntico e  "feliz" DIA INTERNACIONAL DA MULHER!

quinta-feira, 4 de março de 2010

A NOSSA IDADE E A IDADE DA TERRA...

Por terem chegado aos setenta ou oitenta anos alguns acreditam ter conquistado o status dos dinossauros ou até mesmo história e sabedoria suficientes para arrogar-se alguma coisa... Deveriam lembrar da idade da terra.
 

Também aqueles que acreditam que por seus “mestres” terem vivido há 2 ou há 4 mil anos atrás suas idéias e conceitos são definitivos, inquestionáveis e pétreos deveriam pensar na idade da terra.

Claro que não é fácil imaginar 40 milhões de séculos. Experimente: a idade da terra é de 1 milhão de séculos! 5 milhões de séculos! 20, 40 milhões de séculos!!! Parece faltar-nos cérebro para esse alcance, mas é só ir até a janela para vê-la lá, em sua senectude, com seus barrancos, sua cor estranha, repleta de árvores, asfalto, pontes, postes, gramados, esgotos, trepadeiras e entulhos...
 
Os que insistem nas crenças da ressurreição dos mortos, na transmigração das almas, no fim dos tempos e em outros produtos alucinógenos, deveriam, mais que quaisquer outros, pensar de vez em quando na idade da terra, na sinistra condição humana de hóspedes e, claro, na solidão que lhes corresponde...

Ezio Flavio Bazzo

quarta-feira, 3 de março de 2010

UMA HOMENAGEM À PINTORA DEBORA ARANGO...

Aqueles que continuam pensando que a Colombia é  apenas uma gigantesca  refinaria  de  cocaína, um rosário de bombas  e Garcia Marquez ficarão surpresos ao conhecerem Debora Arango e sua obra. E nem precisam ir à Medellin ao Museo de Arte Moderno. Quem não tem acesso ao livro publicado em 86 pela Villegas Editores pode contentar-se com o Google. Las monjas, y el cardenal e/o el recreo; Masacre del 9 de abril; La república; El cachorro; esquizofrenia en la carcel etc, são os títulos de algumas de suas estupendas  pinturas. “La artista antioqueña - escreveu T.Rabinovich Manevich – respondió a una situación política y social sobrepasando a sus maestros y a su época. El “arte duro”, brutal y profundamente humano de cada trabajo suyo no solo fue incomprensible para la década de los años cuarenta sino, además, rechazado y condenado. Fue asi como una obra creada en un ambiente que no le fue propicio debió conformarse con el retiro voluntario de su autora y permanecer en el exílio de una casa en Envigado durante más de 30 años”.

terça-feira, 2 de março de 2010

RIO DE JANEIRO 445 ANOS. FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

AS CONVULSÕES PODEROSAS DA TERRA...


Numa tentativa de livrar-se de seus incômodos parasitas a terra se agita e sacoleja derrubando tudo, o mar vem em seu auxilio buscar os destroços e, se for o caso, o fogo se encarrega do resto. O terremoto de Lisboa em mil setecentos e tanto, foi exatamente assim. Aliás, a reconstrução daquela cidade foi bancada exclusivamente com dinheiro do então Brasil Colônia. É evidente que foi um erro ter abandonado as cavernas e as tendas dos beduínos. Os prédios e os arranha-céus (como a Torre de Babel) são os sintomas de uma pretensão miserável e os terráqueos têm que entender que se a terra, como dizia Blake, é um paraíso, o é para si mesma! Pela qualidade das nossas construções aqui em Brasília, uma convulsão de quatro graus derrubaria tudo. Os lunáticos voltaram a armazenar comida, a falar em Anti-Cristo e em “fim de mundo”. Passei meia hora ouvindo um deles dissertar-me sobre o cinturão de prótons e sobre a felicidade que virá depois da “transcendência”. Povera gente! Enfim, com tantos sinistros e com tantas mortes por todos os lados, é bom ir pensando logo num epitáfio. Sempre tive uma simpatia especial pelo de Dorothy Parker: “Desculpem o meu pó”!

http://www.youtube.com/watch?v=f3hCCTRYcz0&feature=related