"Só o sofisma tem vitalidade, porque faz crer
na verdade, mas não a revela..."
Vargas Vila
Depois do voto fatal da Ministra, os mais entusiasmados estão até soltando fogos, como se a partir de agora as divindades lançassem (pelo menos) uma chispa de lógica e de felicidade sobre o mundo... já, os do outro bando, afetados e feridos de morte, vão cabisbaixos... como se a vida se lhes estivesse escapando... Dos dois lados (aqui entre nós), apenas gritos que saem das sombras e gestos de impotência...
Do prédio em frente se ouve a Ave Maria de Gounod e em seguida o Bolero de Ravel. Qual seria o pedigree do músico? E os réus? Onde estariam e o que estariam pensando? Quase todos com mais de sessenta anos... apodrecerão na prisão? Uma cadeia (impossível não repetir), é sempre um horror! O signo máximo da desesperança, da confusão e do fracasso da humanidade... E a história? Um lodaçal de gente ordinária que vai se revezando atrás das grades.., um pântano de compadres promíscuos, de carcereiros, prisioneiros e de condenados...
E, pior, é que viemos assim há séculos... Com crimes ora atribuídos a uns, ora aos outros... E com as cadeias que já viram passar por elas gente do zodíaco inteiro, de Aries à Peixes. Uns maldizendo e condenando aos outros, e sempre por delitos parecidos, por bagatelas, palavras, desesperos, ilusões, vinganças... Mas, não, não adianta espernear, já está demonstrado que o cão volta sempre ao lugar do vomito! Que mediocridade, que pobreza e que miséria!
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EM TEMPO:
Independente da turma de tua predileção, é impossível não admitir que o blábláblá do Fux foi da máxima importância. Não necessariamente para o 'bem dos condenados', mas para explicitar o surrealismo e o componente astrológico em que estão baseados os fundamentos tanto das 'minutas' dos que planejavam o golpe, como das 'teses' dos ilustres intérpretes e julgadores do tal golpe. Um horror! Nos dois lados, data vênia, um primarismo de assustar. Por isso, mon senblable e mon frère, tenha sempre em mente: se um dos 18 mil juízes espalhados pelo país te acusar de haver furtado a estrela matutina ou a estátua do Cristo Redentor, não perca tempo ruminando sobre a Constituição, trate imediatamente de fugir..! De cair fora! De tomar um chá de sumiço! (a propósito: ao ouvir o lero lero esclarecedor do Fux, como não pensar (e com pesar), na trajetória e na situação dos 800 mil presidiários..?), e na famosa máxima de Schopenhauer de que no teatro cotidiano, um faz o papel de príncipe, outro o de ministro, outro o de lacaio ou o de soldado ou o de general, e assim sucessivamente. Mas que tais diferenças só existem exteriormente, já que, tirando a fantasia, na essência de cada um desses personagens, vamos encontrar sempre o mesmo e pobre velhaco, cheio de misérias e de preocupações...???
Caralho! E quando é que se passará a exigir de todos os agentes do judiciário (ao pessoal da mídia e da igreja, então, nem se fala), que apresentem comprovantes de terem passado, pelo menos, uns cinco ou seis anos por um divã? Acreditem: a psicanálise (depois que esclareceu o que é a transferência e a contra-transferência) é imprescindível, tanto antes das batinas, como antes das manchetes, das fardas e das capas pretas!