segunda-feira, 28 de abril de 2025

De pedras e de mortes... o espetáculo civilizatório...

 
















Procurando ser intelectualmente honesto, (sem ser demasiado chato), continuo impressionado com as manifestações planetárias ao redor da morte do papa; bem como com a desonestidade e a desfiguração da realidade pelos meios de comunicação, e claro, com seus esforços para a manutenção dos contratos e dos negócios nos subterrâneos do espetáculo civilizatório. 

Atenção: até para o morto (qualquer morto), esse tipo de reverência e esse miserere panfletário deve ser incômodo...

O que é mais impressionante, é que mesmo gente que nunca havia sequer visto o pontífice e muito menos entendido suas ironias se dizem desolados e que não sabem o que fazer com suas vidas, de agora em diante, com o papa morto. E, mais surrealista ainda, é ouvir os jornalistas, (muitos deles já quase caducos), tagarelando que o papa foi o mais revolucionário e até o mais subversivo de toda a história do papado. Sem entretanto, apontar, objetivamente, para nenhum dos tais feitos revolucionários e muito menos subversivos... 

Lutou pela emancipação e respeito às mulheres? Ora, tudo bem, mas os feminicídios aumentaram brutalmente em todo o mundo! E as mulheres continuam servindo às igrejas apenas como bucha de canhão, como empregadas domésticas nas dioceses, lotando as capelas, parindo como cabritas, lavando as ceroulas dos padres e alegrando as quermesses...

Foi um apostolo na defesa das crianças e contra o infanticídio? Ora, mas só na Faixa de Gaza assassinaram mais de dez mil apenas nos últimos seis meses...

Militou em defesa da natureza e da ecologia? Teria sido inutil, já que nunca se derrubou tantas árvores e se envenenou tantos rios como nos últimos 5 anos... A ponto da fumaceira chegar a cobrir os palácios latinoamericanos...

Pregou contra as guerras? Sim, mas ninguém lhe deu ouvidos e há várias delas (dentro de cada casa) e pelo mundo a fora sacrificando, diária e inutilmente, milhares de gente indefesa...

Militou em defesa dos pobres? Ninguém ignora, mas só em Buenos Ayres, em São Paulo e em Roma há milhões e milhões de miseráveis morrendo de fome e de frio pelas ruas...

Pregou contra a violência? Sim, mas as cadeias e as penitenciárias da América Latina nunca estiveram mais lotadas do que na última década. Só no Brasil há 800 mil condenados.

Falou incansável e idealisticamente sobre paz & amor, como um hippie desolado, mas o mundo está cada dia mais paranoide/enfezado e burro, com uns comendo ou desejando ardentemente comer o figado dos outros... 

Rezou contra a corrupção? Ora! Sobre isso, nem é bom falar...

Foi sempre admirador e defensor das pautas do Peronismo? Tudo bem, mas os argentinos elegeram o Millei...

Enfim, teria fracassado em tudo? O que é verdadeiramente curioso, insisto, é que pela choradeira planetária parece até dificil acreditar que a vida seguirá seu curso neste 'vale de lágrimas'. 

Será que os anti depressivos estariam em falta no mercado? 

E é quase inacreditável ver como a morte do papa escancarou o desamparo e a 'falta de pai' entre os rebanhos... Bizarro!... O que teria acontecido com o velho patriarcado? Ou era tudo teatro?  Uma artimanha para negar a morte e propagandear a vida eterna? 

Por um lado a fabulosa mentirada da Idade Média e por outro, o luxo, os privilégios, o referendum das máfias e a filosofia da miséria? O mundo como um imenso manicômio? Com uns doentes explorando a outros e onde, independente das patologias, uns internos recebem prognósticos descaradamente diferente do dos outros? Uma imensa enfermaria?

A uns cem metros de onde rascunho estas frases, vinte ou trinta pedras gigantes, estupendas e em estado ZEN... ao lado das quais dois ou três forasteiros, expulsos do mundo, acenderam uma pequena fogueira. Um deles segura um gato preto no colo enquando vai queimando seu miserável baseado, e com o mar em frente que choraminga a noite inteira por sua porção de detritos diluídos. Chuá... Chuá... Duas ratazanas se enfiam pelos destroços de um barco abandonado... O vento parece espichar as labaredas e eles aspiram aquele cigarrinho de merda, acreditando (também) que se trata do maior de todos os atos subversivos possiveis...

A trilha das  pedras sagradas!!!

Do padre recém morto, não sabem quase nada, mas se lembram de um outro, um tal de Gregório VII que lá por 1230, lançou uma bula que declarava os gatos, principalmente os pretos, como servos do diabo. Bula que deu autoridade e poder aos bandidos da inquisição de, logo depois, eliminarem praticamente todos e até mesmo seus donos... E foi, exatamente essa ausência de gatos, que propiciou a Peste Negra por quase toda Europa. Aos  poucos as ratazanas asiáticas, junto às pulgas e aos mercadores, foram tomando o lugar dos ratinhos europeus... 

Lembram dos horrores do Porto de Genova e de Marseille? Lembram dos tártaros jogando cadáveres de contaminados por sobre os portões das cidades? Sim, era a peste. A peste negra!



terça-feira, 22 de abril de 2025

Paris, 1862. Permissão da polícia francesa para uma mulher biológica vestir-se de homem...

 










E a morte do pontífice continua desencadeando o mais patético lero-lero entre palhaços. Pelo menos está servindo para escancarar o sectarismo e o proselitismo barato dos meios de comunicação, a pobreza de linguagem da alta/média e pequena burguesia, e, o mais grave, a depressão latente do rebanho. Observem como os elogios ao papa são melancolicamente pobres e vazios. Não se entende o que querem dizer e insistem na tal humildade, como se ser humilde num mundo de trapaceiros, de hipócritas e de ladrões, fosse uma virtude. Atenção: quando ouvires alguém, esteja em terno, batina ou em farrapos, se referindo à humildade do morto, saibas, de imediato, que estás diante de um palhaço. Enfim, apesar da desgraça que qualquer morte enseja, que tudo isso nos sirva, pelo menos, para começar a incluir nas UPAS, no SUS e nas CRECHES, setores inteiros de psicologia, de antropologia, de linguistica e até mesmo de filosofia. E não se iludam: se, durante o funeral, algum feiticeiro romano ordenasse ao morto: levanta-te! Duvido que ele aceitasse, outra vez, uma provocação de tal desonestidade... Porque um papa, sabe melhor do que ninguém, que as massas são como a limalha que se aglomera em redor de qualquer imã... e que é preferível ser imã do que ser limalha...



Em outras palavras, como se perguntava Coleridge:

"Se um homem atravessasse o paraíso em um sonho e lhe dessem uma flor como prova de que realmente estivera lá, e se ao despertar encontrasse essa flor em sua mão... e daí?"














segunda-feira, 21 de abril de 2025

E o Papa argentino, que era fascinado por Jorge Luis Borges, morreu...







Não se fala em outra coisa!

Os ex coroinhas e as freirinhas da mídia, (ziguezagueando perigosamente por entre vestígios de antigas depressões) não param de tagarelar sobre as Encíclicas e os feitos do Papa morto. 

-Disse isto; sugeriu aquilo! 

-Fez tal gesto aos repórteres; foi humilde até a humilhação; gostava de futebol; simpatizava com os peronistas; flertava com o marxismo; gostava de cães, como Trotski (lá no livro do cubano Leonardo Padura); tentou inutilmente emancipar as mulheres e dar-lhes o direito de 'rezar missas' e até namorou quando era mais jovem; abriu, mesmo que timidamente, os portões do inferno da pedofilia no reino das dioceses; teve uma parte do pulmão retirada; preferia Messi a Maradona. Deve ter ficado chocado ao ler o livro do jornalista francês, Fréderic Martel: No armário do Vaticano, livro que acusava o Vaticano de ser uma "organização gay" e de que "após celebrar missas em igrejas do Vaticano e pendurar as batinas, milhares de padres saem para curtir a noite gay de Roma". Mesmo assim, fingiu ignorar a Carta de São Paulo e deu fôlego aos homossexuais e, mesmo vivendo no interior de uma riqueza incalculável, teve a coragem e a hombridade de chamar atenção para a aporofobia e de fazer sistematicamente a defesa dos explorados, fodidos e miseráveis do mundo etc, etc, etc... Inclusive, gostava de passear pela Villa 31 e por outras favelas de Buenos Aires, conhecidas por "villas miséria" ou "villas de emergencia"... Mandou um rosário ao Lula, enquanto este estava preso; e, como bom portenho, ria secretamente das idiotices, dos cambalachos e das canalhices dos destruidores dos rios e das florestas amazônicas ... e, mesmo com medo da comunidade judaica, de vez em quando, reclamava dos bombardeios irracionais de Israel sobre as crianças de Gaza. Com certeza, mesmo com o volume no mínimo, deveria ouvir Oblivion, do Piazzolla, lá em seus últimos aposentos e, o mais fascinante, revelado hoje, pelo Clarin, era admirador da obra de J.L.Borges. Em sua recente autobiografia - segundo o jornal -, há este trecho estupendo, de autoria do famoso e cego bibliotecário argentino:

  "Abel y Caín se encontraron después de la muerte de Abel. Caminaban por el desierto y se reconocieron desde lejos, porque los dos eran muy altos. Los hermanos se sentaron en la tierra, hicieron un fuego y comieron. Guardaban silencio, a la manera de la gente cansada cuando declina el día. En el cielo asomaba alguna estrella, que aún no había recibido su nombre. A la luz de las llamas, Caín advirtió en la frente de Abel la marca de la piedra y dejó caer el pan que estaba por llevarse a la boca y pidió que le fuera perdonado su crimen. Abel contestó: “¿Tú me has matado o yo te he matado? Ya no recuerdo; aquí estamos juntos como antes”. “Ahora sé que en verdad me has perdonado —dijo Caín—, porque olvidar es perdonar. Yo trataré también de olvidar”.

Morreu! Partiu para o nada... O resto é só esquecimento (oblívion...). Já que, como ele mesmo deve ter lido em Outras inquisiciones (Borges): "en verdad, solo somos sombras..."

Uma morte, como dizia Stalin, é uma tragédia! Milhares de mortes, apenas um dado estatístico.

Evidentemente, a morte de quem gostava de Piazzolla e de Borges, sempre será uma tragédia dupla...














sábado, 19 de abril de 2025

Enquanto isso...














E a Sexta Feira de ontem, Bazzo?



"Patíbulos, calabouços e masmorras prosperam sempre à sombra de uma fé, dessa necessidade de acreditar em algo que infestou o espírito para sempre..."

E.M.Cioran





De ontem para hoje, tenho recebido umas dezenas de mensagens indagando a respeito das manifestações, das passeatas, das peregrinações místicas e da teatralização dos suplícios de ontem, ocorridos em todo o mundo, em memória do assassinato de Jesus Cristo.

Ora! O que dizer, além de prestar atenção?

É isso aí!

Se eu, que já assisti a essa movimentação umas 70 vezes, e em cenários geopolíticos bem diferentes, ainda fico boquiaberto, imaginem então o rebanho neófito e mais jovem... E a velharia, com os afetos já cristalizados...

Faz sol e faz chuva. Há cheiro de incenso, de velas e de bacalhau no ar... Vou de uma janela a outra para não perder os slogans e os lances principais dos manifestantes... Identifico a velhinha armênia lá no meio da turba e dos oprimidos profissionais, com seu lenço de seda italiana na cabeça, mas que não era o amarelo de sempre, agora era um preto. Quase uma burca.... Levava um toco de vela acesa na mão direita e parecia estar resmungando! Em sua expressão, a agonia própria e a do cristianismo! Ao seu redor identifico também a cinco ou seis estafadores e três ou quatro profetas da desgraça... Nos outdoors e nas varandas as multinacionais do chocolate já exibem seus ovos e seus coelhos... Esses dois arquétipos pascais e universais da fornicação... Quando fico em duvida se tudo aquilo é real ou se estou delirando, bebo mais um meio cálice de Vermout, aquele da antiga fórmula (do Giuseppe e Carpano, 1786), baseada ainda na receita de Hipócrates e, então, ainda mais abobalhado, tenho a impressão de ouvir a voz de um anjo celestial saída da garrafa que murmura: Bazzo, relaxe! Nem o homenageado ficaria tranquilo diante de tamanha exploração mercantil, manipulação psicológica e de tamanho sado/masoquismo com o filho de deus! Observe. Apenas observe o conteúdo e o lamento dos gritos e das rezas dessa gente. Em cada uma delas está contida a mais reacionária e absurda das capitulações: Por meus pecados, mereço o inferno! (?!?) Ora!,.. já que 'confessam', que Satã os receba com uma taser dessas pós modernas e que os aloje numa das suítes sem janelas, lá no meio das labaredas...

Lastima grande que sea verdad tanta miseria...

Num breve intervalo, depois que os manifestantes dobraram a esquina, passou lá em baixo, meio arredio, o vendedor de pamonhas, e ia, como sempre, gritando, fazendo propaganda de seu produto e ouvindo de um smartphone a também semi religiosa música da chilena, Mercedes Sosa...










quinta-feira, 17 de abril de 2025

O sutil movimento dos Instantes crepusculares... Ou, como diriam os fotógrafos (e com razão): tudo falsificado...

 










Mas, afinal, Trump, não seria realmente o cara...? O tal messias que o rebanho tanto espera?



 "Sapateiro, não vá além das sandálias..."






 

Depois do affair clandestino que teve com aquela beldade; depois de levar o caos para a caterva internacional de ladrões (entenda-se comerciantes); de implodir parte do covil de agiotagem da Walt Street; de inflacionar os ovos mexicanos; de obrigar meio mundo a baixar as calças para os impostos do império; de obrigar aos 'nacionalistas' do sul global admitirem que ainda são meros quintais de sectários e meras colônias subalternas, muitas das quais que ainda não fabricam nem sequer papel higiênico; depois de ameaçar a China, o Irã, os palestinos, e os decadentes europeus; depois de extinguir, com uma simples canetada, a nefasta USAID (que as esquerdas mundiais passaram quarenta anos amaldiçoando e combatendo); de privar os milhares de gringos drogadictos, do fentanil; de dar um esporro ao vivo no Zelensky, de dessacralizar a Harvard, de acusar os alunos e os professores daquele sanctum Santorum de serem anti-semitas e idiotas; de confiscar livros das bibliotecas (como o fez Hitler e outros); de mandar seus lacaios fazer vistorias aqui nos nossos matadouros e açougues.., agora está questionando até os genitais e os fundilhos de duas de nossas ilustres deputadas 'não binárias' & trans... uma, da gloriosa Minas Gerais e outra, do glorioso Rio de Janeiro... Seria um gênio? A reencarnação de quem? De Calígula? De Savonarola? De Bakunin? Estaria, na intimidade, - com o pretexto de 'fazer um bem' -, fantasiando implodir o planeta e eliminar uma parte do rebanho? Ou, como se diz, simplesmente indo além das sandálias? Ou será que se trata de um luterano nietzscheniano daqueles que acreditam que existe o poder de cura mesmo no ferimento? E que o remorso da consciência é indecente? Ou simplesmente, um pobre delirante repetindo aquela bobagem clássica: "como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos"...








segunda-feira, 14 de abril de 2025

28-03-1936/13-04-2025...

 



[... O objeto que melhor representa a civilização, não é o livro, o telefone, a internet ou a bomba atômica. 
É a privada].

Mario Vargas Lhosa













Spinosa... E o mais popular e patético best-seller...



E... olhai os carcarás e os pombos... Eles que já não piam, não reclamam e nem trepam... Eles que perderam toda a beleza e a vitalidade selvagem e que agora estão por aí, obesos, mansos, feito aves miseráveis, completamente urbanizadas, ciscando e cacarejando ao redor das lixeiras e dos mendigos...
















sábado, 12 de abril de 2025

Rui Costa Pimenta... Uma aula excelente...
















Lula e a búlgara Kristalina Ivanova Georgieva, lá em Hiroshima...




O mundo ameaça desabar sobre a cabeça do Lula depois de sua fala, referindo-se à búlgara e Diretora de plantão do FMI Kristalina Ivanova Georgieva, como "uma mulherzinha".

Bobagem! 

Puro preconceito contra os limites linguísticos do mandatário.

Inclusive, porque se sabe que nem sempre o diminutivo é pejorativo, e que pode até ser extremamente carinhoso. Por exemplo: se tivesse dito: 

Casualmente encontrei no Japão a diretora do FMI, uma mulherzinha adorável! Ou então: Achei a Georgieva uma mulherzinha querida, saudável, lúcida, sensual, e principalmente porque tem fama de gostar de trepar e de gozar como uma louca... 

Percebem? O diminutivo aí não compromete em nada a dignidade e nem o suposto empoderamento da búlgara.

Bobagem! Puro preconceito.

E depois, é importante considerar que a percepção do Presidente sobre a tal Georgieva, se deu lá em Hiroshima, e mais: ao lado do Presidente dos EEUU. Sabem o que isso? Estar numa cidade que foi devastada por uma bomba atômica, por + ou - umas 12 toneladas de TNT? 100 mil mortos e milhares de mutilados? E ao lado do sujeito que representa o país que lançou a tal bomba? É verdade, não dá para negar: o cão volta sempre ao vômito...

Numa situação dessas, temos que admitir, qualquer um, que não esteja sob um surto psicótico, fica perturbado e até a Madonna ou a Rosa de Hiroshima, naquelas circunstâncias, pareceriam uma mulherzinha.

O problema mais grave desse episódio e que ninguém quer mencionar, não é que Lula tenha se referido a ela como mulherzinha, mas como muiézinha. Percebem a diferença? 

O que fazem, afinal, ao seu redor, aqueles bandos de assessores analfabetos?














quarta-feira, 9 de abril de 2025

AINDA ESTAMOS AQUI... Uma ou duas vezes por ano eles reaparecem... Acampam por aí. E isso, praticamente desde que se fundou a cidade, para não dizer desde que se proclamou a república. E sempre reivindicando, com uma certa puerilidade, as mesmas coisas. Mas ninguém lhes dá bola. Ninguém está cagando para eles... Nem mesmo os latifundiários... Demarcar terras? Preservar as nascentes? As árvores? O canto do Uirapuru? Combater a jagunçada e o garimpo? Estancar o envenenamento dos rios? Ora! Isso tudo já virou um folclore romântico. E aparecem por aqui misturados em sete ou oito etnias diferentes, cada vez mais enfeitados e "civilizados". Dar ouvidos a Rousseau ou a Hobbes??? Os burocratas nem mais aparecem nas varandas para vê-los, e os políticos (de todas as laias), fazem questão de viajar para "suas bases" exatamente nestes dias. Só a mídia, (que ainda vive dessa pantomima), e principalmente os fotógrafos, uns até já na quarta idade, aproveitam para reativar suas antigas e míticas Roleiflex. A manhã e a tarde clicando, sob um sol fdp, sem razão, sem propósito algum, e sem sentido... Uma antropografia? Uma antroposofia? Ou apenas por clicar... E a turba desce pela esplanada como na época das grandes caravanas, trocando bullying entre eles, e levando numa espécie de andor/padiola uma réplica da Deusa da Justiça (mistura e mescla de Têmis com Virgem Maria... O mito do matriarcado, da mulher como semente ancestral, da mulher má, daquela que doa tanto a vida como a morte e que benze)... A terra e o tempo, que para nós, é um engodo, para eles parece representar absolutamente tudo... descem em direção à Suprema Corte, vazia; em direção à Catedral, vazia; em direção ao Congresso Nacional, vazio; até o idílico céu azul do planalto lhes parece vazio... tudo vazio, na mais problemática solidão, cada um cantando em seu idioma alguma bobagem messiânica ou democrática... cada um com seu tacape e suas mandingas, outros com cruzes, celulares, seus filhinhos e suas mulheres... elas, que, aparentam até ter mais testosterona do que eles.. Lá ao fundo aparece uma centena de militares formando um cordão ao redor dos prédios republicanos. É necessário estar atentos para que alguém não volte outra vez a cagar sobre o birô de uma autoridade...E nos olham com um misto de curiosidade, submissão e ressentimento, certos de que, apesar de nossas máscaras e do blábláblá dos governos e das ONGS, somos todos descendentes daqueles bandidos que outrora convenceram seus ancestrais a trocar terras por bíblias e que vieram até aqui tentando catequizá-los para mais facilmente dizimá-los....