"Se eu estivesse aos pedaços e passando fome na rua eu não pediria aos transeuntes um pão, mas meio pão e um livro!"
G. Lorca
Quem quiser perder tempo, dinheiro e as férias é só atravessar a fronteira do RS e desembarcar aqui em Montevideo neste mês de outubro. Um país velho e triste que se perdeu no tempo e ainda por cima com um vento tipo o da Sibéria que desliza por sobre o Rio de la Plata e que cristaliza nossos ossos...! Apesar da economia ainda ser quase primitiva tudo por aqui é absurdamente caro, inclusive, até mesmo mais do que na Alemanha. Apesar da maconha estar "liberada" parece que os jovens caíram fora, preferindo a escravidão disfarçada nos EEUU e na Espanha. Nem mais memória dos valentes tempos dos tupamaros e dos etarras… Cada um daqueles heróicos guerrilheiros é hoje um velhote nostálgico, calvo e grisalho que se desloca encolhido, lento e cabisbaixo por aí, por essas ruelas quase como becos geriatricos irrespiráveis onde pelo escapamento de carros, também seculares explode em fúria uma fumaceira pra lá de tóxica. Antes de ontem, para que entendam, chegou até a cair um meteorito por aí, o primeiro de todos os tempos. Despencou exatamente sobre uma casinha velha, onde destruiu uma TV e uma cama ainda do tempo de Agustin de la Rosa…
e mais: hoje mesmo, vasculhando um cemitério pré-histórico um grupo de antropólogos encontrou a ossada de um gliptodonte gigante... E por falar em ossadas, as mães daqui ainda procuram em desespero seus filhos destruídos pela Operação Condor e pela última ditadura... Prestem atenção como por onde andaram as ditaduras na América latina os países e as pessoas foram destruídos em sua medula... e mais: que não serão essas pseudo democracias administradas por malandros e corruptos e nem esses governos simplórios e fajutos que poderão resolver esse trauma em apenas algumas décadas.
Enfim: apesar dos cafés, das livrarias, dos alfajores, das empanadas e das caminhadas exuberantes que se pode fazer ao longo do rio, trata-se de um país nostálgico, melancólico e fixado na fase oral, onde todo mundo, para onde vai, vai chupando sua cuia e seu chimarrão! E - Ojo! Esta não é opinião apenas minha.
Apesar de nos muros e nas paredes ainda estarem rabiscados aqueles caducos, revolucionários, românticos e delirantes slogans dos anos 60 dominam agora os slogans mais ou menos esotéricos tipo Carlos Castañeda, Cristo, Paulo Coelho etc. Claro que os professores, sindicatos, obreros, anarquistas, bancários, estudantes, velhotes aposentados ainda insistem nas greves e juram de pés juntos que se não conseguirem melhorias na educação, na saúde, nos meios de transporte e claro, no trabalho, implantarão o caos na pátria. Só que ninguém mais acredita nessa caduca tática leninista. E a pergunta principal que me martela os neurônios neste momento é: de onde advém essa neurose popular pela educação, pela saúde e pelo trabalho?
G. Lorca
Quem quiser perder tempo, dinheiro e as férias é só atravessar a fronteira do RS e desembarcar aqui em Montevideo neste mês de outubro. Um país velho e triste que se perdeu no tempo e ainda por cima com um vento tipo o da Sibéria que desliza por sobre o Rio de la Plata e que cristaliza nossos ossos...! Apesar da economia ainda ser quase primitiva tudo por aqui é absurdamente caro, inclusive, até mesmo mais do que na Alemanha. Apesar da maconha estar "liberada" parece que os jovens caíram fora, preferindo a escravidão disfarçada nos EEUU e na Espanha. Nem mais memória dos valentes tempos dos tupamaros e dos etarras… Cada um daqueles heróicos guerrilheiros é hoje um velhote nostálgico, calvo e grisalho que se desloca encolhido, lento e cabisbaixo por aí, por essas ruelas quase como becos geriatricos irrespiráveis onde pelo escapamento de carros, também seculares explode em fúria uma fumaceira pra lá de tóxica. Antes de ontem, para que entendam, chegou até a cair um meteorito por aí, o primeiro de todos os tempos. Despencou exatamente sobre uma casinha velha, onde destruiu uma TV e uma cama ainda do tempo de Agustin de la Rosa…
e mais: hoje mesmo, vasculhando um cemitério pré-histórico um grupo de antropólogos encontrou a ossada de um gliptodonte gigante... E por falar em ossadas, as mães daqui ainda procuram em desespero seus filhos destruídos pela Operação Condor e pela última ditadura... Prestem atenção como por onde andaram as ditaduras na América latina os países e as pessoas foram destruídos em sua medula... e mais: que não serão essas pseudo democracias administradas por malandros e corruptos e nem esses governos simplórios e fajutos que poderão resolver esse trauma em apenas algumas décadas.
Enfim: apesar dos cafés, das livrarias, dos alfajores, das empanadas e das caminhadas exuberantes que se pode fazer ao longo do rio, trata-se de um país nostálgico, melancólico e fixado na fase oral, onde todo mundo, para onde vai, vai chupando sua cuia e seu chimarrão! E - Ojo! Esta não é opinião apenas minha.
Apesar de nos muros e nas paredes ainda estarem rabiscados aqueles caducos, revolucionários, românticos e delirantes slogans dos anos 60 dominam agora os slogans mais ou menos esotéricos tipo Carlos Castañeda, Cristo, Paulo Coelho etc. Claro que os professores, sindicatos, obreros, anarquistas, bancários, estudantes, velhotes aposentados ainda insistem nas greves e juram de pés juntos que se não conseguirem melhorias na educação, na saúde, nos meios de transporte e claro, no trabalho, implantarão o caos na pátria. Só que ninguém mais acredita nessa caduca tática leninista. E a pergunta principal que me martela os neurônios neste momento é: de onde advém essa neurose popular pela educação, pela saúde e pelo trabalho?
Observem como o passado e o presente da sociedade latino-americana em geral é um horror! E que, como diz o título de um livro de Pedro Barreiro: "La historia es un baño de sangre". Ou então - como digo eu - a América do sul e latina juntas continuam sendo um cu sem solução! Hoje mesmo perguntei a um jovem livreiro como conseguiam sobreviver por aqui e ele me respondeu a queima-roupa: bebendo chimarão e fumando porros…
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porro = a marijuana
1 dólar americano = 29,50 pesos uruguaios.
Mulheres piratas (um livro de 170 páginas) custa 900 pesos + ou - 120,00 reais.
Ao mesmo tempo que legalizaram a marijuana estão fazendo uma obsessiva campanha contra o álcool, o crak e a cocaína.
Enfim, por aqui, como era de se esperar, apesar do delírio de alguns, tudo também esta regido por mal entendidos e, como o resto do planeta, este pequeno país parece ser uma nave avariada que se afunda na ambiguidade e no nada.
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porro = a marijuana
1 dólar americano = 29,50 pesos uruguaios.
Mulheres piratas (um livro de 170 páginas) custa 900 pesos + ou - 120,00 reais.
Ao mesmo tempo que legalizaram a marijuana estão fazendo uma obsessiva campanha contra o álcool, o crak e a cocaína.
Enfim, por aqui, como era de se esperar, apesar do delírio de alguns, tudo também esta regido por mal entendidos e, como o resto do planeta, este pequeno país parece ser uma nave avariada que se afunda na ambiguidade e no nada.
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