segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
Este é meu feto... e esta é minha placenta...
Meu correspondente estrangeiro acaba de enviar-me a notícia de que as mulheres dos USA estão lançando uma novidade nos costumes: devorar a própria placenta.
Os criadores de porcos, de gatos e de outras espécies sabem muito bem que no mundo animal isso é comum para esconder das outras feras o nascimento, agora, entre os homo sapiens, jamais se havia registrado, a não ser no submundo da loucura, algo tão nojento e tão singular. Se esse exotismo babaca nos causa um certo espanto, não é por frescura, por moral ou pela coisa-em-si, mas por curiosidade psicopatológica, pois parece evidente que quem come a placenta, dependendo das circunstâncias, não teria problema algum em comer também o filhote. E o argumento dessas malucas autofágicas é aquele de sempre: que faz bem para a pele e para a saúde. Saúde! Percebam como essa abstração passou a ser uma forma de tirania pessoal e que todo mundo só quer saber de ter saúde e de manter-se jovem! Morrer saudável e com a pele esticada parece ser a glória máxima para essa pobre espécie de moribundos e de condenados!
Para os canibais interessados nessa aberração, pode-se come-la cru, também como se fosse um bife acebolado ou à milanesa e também desidratada e transformada em pó.
E essa idiotice placentofagica nos lembra de Lutero, o velho sacerdote agostiniano que recomendava aos doentes de epilepsia que se quisessem obter a cura, deveriam comer pequenos pedaços das próprias fezes todas as manhãs. Lembra também daquelas mulheres que, por recomendação de algum guru ou pai de santo bebiam meio copo de seu sangue menstrual uma vez por mês, sem falar dos rituais de magia negra onde o sêmen ainda é ingerido quase como uma hóstia... E claro, nos remete aos lunáticos que ainda circulam por aí com ares de polichinelos tomando a própria urina com fins terapêuticos e transcendentais...
Enfim, cercado, cada dia mais, por bobagens desse tipo - como dizia Fernando Pessoa - "o coração, se pudesse pensar, pararia".
Enfim, cercado, cada dia mais, por bobagens desse tipo - como dizia Fernando Pessoa - "o coração, se pudesse pensar, pararia".
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Que tal fundarmos o partido dos bananas...
Assim como não se pode esperar grande coisa de uma nação que abriga, tolera e até financia milhares de seitas e de religiões, uma mais imprestável e mais fajuta que a outra, não se pode esperar quase nada de um país que admite, legaliza e banca 33 partidos. Pensem bem: trinta e três partidos, quando três já seria demais! E todos financiados, aparentemente, com o tal Fundo Partidário. Saber quanto cada partido recebe por ano é perder algumas noites de sono! Para quê servem essas legiões de malandros e de vivaldinos? Para nada! Para não fazer absolutamente nada a não ser ficar cacarejando por aí slogans carolas e pseudo democráticos ou velhas máximas de um moralismo cabotino, com as vísceras todas voltadas secretamente para a grana e para o poder...
E saber que existe um TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL com a única função de legislar para esses larápios!!!
E saber que existe um TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL com a única função de legislar para esses larápios!!!
- Ah, mas conseguimos as 500 mil assinaturas necessárias! Se defende o futuro presidente da legenda.
E daí? Se for por isso, os 500 mil viciados em crak poderiam criar quase de imediato o Partido do cachimbo! Os mais de 500 mil presidiários poderiam, de um dia para outro, fundar o Partido do xilindró! E as carismáticas mulheres da noite, em menos de quinze dias criariam, se quisessem, o Partido da vulva..!
Ah.., e o mais grave de tudo é que o silêncio, a confusão e a alienação das massas parece incurável!
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
E enfim, o tempo da ereção é multiplicado por seis...
A grande maioria das mulheres que, apesar da constante sedução e do teatro sensual, sempre achou o sexo algo incomodo e uma "chatice" e que estava feliz da vida com a impotência ou com a ejaculação precoce de seus companheiros, está começando a ficar preocupada e angustiada com as frequentes inovações médicas no campo da sexualidade masculina. Primeiro foi o Viagra que devolveu a ereção a seus velhos e aposentados maridos, amantes, amigos, clientes e etc., obrigando-as a, querendo ou não, voltar a "ativa" para cumprir com seu "papel social e matrimonial".., e agora é o spray que promete alterar significativa e drasticamente o tempo de duração da ereção. Se já se queixavam da dificuldade que era suportar uma penetração de sete ou oito minutos, imaginem agora, com esse tempo multiplicado por 6, como garantem os cientistas...
E é bom que elas e o mundo não se assustem e se preparem, pois com o grau atual da neurose genital, é bem possível que em breve, com a emissão de um simples mantra ou com a ingestão de uma simples pastilha, o sujeito passe a ter uma ereção permanente...
Estava certo aquele sujeito que há algumas décadas atrás, no meio de um porre e outro, profetizou que chegaria o dia em que as ereções durariam tanto ou mais que as filas do INSS.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Brasília, 33 graus...
Os termômetros fervilham. Brasília vai além dos 33 graus. Quem pode se acomoda nas varandas, nas garagens, nas sombras das mansões ou nas redes entre uma aroeira e outra.., mas o grande populacho, aquele que precisa ganhar os trinta reais do dia, se arrasta de um lado a outro sob esse sol tremendo, faltando-lhe o ar e com o mesmo entusiasmo dos cortejos para a forca, suando, resmungando, bufando e amaldiçoando não só a natureza, mas a turma que resolveu inventar esta cidade no meio do nada e do deserto. Deserto onde nem os nativos quiseram fincar morada, imensos e inúteis latifúndios de pedras ardentes e de árvores retorcidas cuja zoologia foi se constituindo sob a inspiração e o isolamento fatalista dos lobos guarás, das serpentes e de algumas outras espécies milenarmente acostumadas à secura, ao mormaço e à solidão. O sol parece atingir os ossos. Cada prédio lembra um aquecedor no meio dos dois milhões de malditos motores que não param de rugir nas esquinas. A noite chega como uma fornalha. Para qualquer lado que se olhe, Brasília, com todo o fatalismo de sua solidão, se apresenta como uma odisséia infernal e plena de labaredas. Na janela do outro lado da rua um casal com ar de pobres diabos esforça-se para respirar. Gotas robustas de suor despencam de suas sobrancelhas. Não há o que fazer. Não há fontes jorrando barris de água Perrier, não há correnteza fresca onde se possa enfiar os pés, com suas veias dilatadas, não há
árvores imensas e frondosas onde recostar-se enquanto os fogaréus não cessam e enquanto a brisa da madrugada se digne a baixar sobre o asfalto incandescente. De um túnel tenebroso e labirintico nos chega a frase demagógica: "Desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais..."
Balelas! Alguém atravessa com calma e com desconforto os jardins carbonizados com aquele ar meditabundo e preocupado de um homem a quem - como diria AFS - nasceu um furúnculo sob o colarinho.
domingo, 22 de setembro de 2013
A volta da prostituição sagrada...
[O fanático é incorruptível: se mata por uma idéia,
pode igualmente, fazer-se matar por ela; nos dois casos, tirano
ou mártir, é um monstro. Não existe seres mais perigosos que aqueles
que sofreram por uma crença. Os grandes perseguidores
são recrutados entre os mártires, entre aqueles a
quem não se cortou a cabeça...]
Cioran
Segundo as noticias de hoje, a nova onda agora, nos bastidores tenebrosos da guerra na Síria, é a ida de centenas de meninas e de mulheres árabes devotas, tanto nascidas na Europa como nos países ao redor do conflito, para o front, com a missão de fazer sexo com os combatentes e com isso, torná-los mais fortes para derrotar o regime de Bachar el Asad. Não deve ser fácil abrir as pernas e muito menos levantar a mandioca no meio daquele tiroteio todo, mas elas estão lá, heroicamente, combatendo com a mais delicada e eficiente de todas as armas e, com essa espécie de prostituição sagrada, reabastecendo de sonhos e de ilusões a mente de sete ou oito guerrilheiros por dia. Para não desagradar a Maomé, os ideólogos dessa tática, instituíram malandramente o "casamento por horas". Prestem atenção como ao longo da história os machos vieram inventado uma infinidade de leis, truques, tabus, cânones e mentiras transcendentais para iludir e engabelar as mulheres e, com isso, seguir comendo o maior número possível delas, sem contudo, perderem a pose de doutores, de gurus, de humanistas e, principalmente, sem terem que tornar públicos os liames de suas taras. Se toda essa mentirada, pelo menos, fosse com a promessa do gozo.., mas não, é sempre com a promessa da honra e do paraíso!
Enquanto isto, aqui no Brasil, onde todo mundo tem obsessão pela PAZ, pela ORDEM e pela FELICIDADE, (apesar de todos estarem mergulhados na violência, na desordem e na infelicidade) as prostitutas de Belém do Pará estão cobrando uma indenização do estado, pelos maus tratos, pela interferência nos negócios e pela repressão policial que sofreram durante o nefasto regime militar.
E la nave vá!!, senza grandi illusioni...
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
PELO MENOS NOSSOS DOIS MINUTOS DE ÓDIO!..
[ Se siete compassionevoli con i crudeli,
terminerete essendo crudeli con i compassionevoli]
Talmud
Apesar de toda a expectativa e da cólera circulante, já não tem mais muita importância a opção de amanhã do ilustre "Decano da corte". Esta última semana, que foi de humilhação generalizada, serviu para que todo mundo descesse às profundezas dos esgotos judiciários para ali revirar o estômago e as tripas...
terminerete essendo crudeli con i compassionevoli]
Talmud
Apesar de toda a expectativa e da cólera circulante, já não tem mais muita importância a opção de amanhã do ilustre "Decano da corte". Esta última semana, que foi de humilhação generalizada, serviu para que todo mundo descesse às profundezas dos esgotos judiciários para ali revirar o estômago e as tripas...
Como disse o porteiro de meu prédio: não há nenhuma réstia de luz no firmamento!
Portanto, se disser "sim" ou se disser "não", já não tem mais sentido algum. O que é mais indigesto nessa infâmia toda é a possibilidade dele poder dizer tanto uma coisa como outra impunemente, a partir apenas de seu "status" quase divino e de suas "convicções", quando sabemos que nossas convicções são de uma fragilidade de fazer pena.
E depois, mandar mais cinco ou seis homens para a cadeia é inútil, quando sabemos que há milhares lá nas cadeias que já deveriam estar soltos e outros milhares na ativa que, por suas atividades, poderiam pegar mais de quarenta anos.
O que na verdade, além do porteiro de meu prédio, todo mundo está realmente querendo saber é em que porra de idioma e de linguagem está escrito esse Código Penal e essa Constituição? Que porra de idioma é esse que homens de quase setenta anos, diante do mesmo fato e das mesmas circunstâncias podem entender uma Coisa ou outra Coisa e valer-se dos sofismas que bem entenderem?
Enfim, se por um lado, aceitar os tais embargos infringentes, essa malandragem mafiosa dos mandarins do direito, significa que a espera e o trabalho de sete anos foi apenas uma masturbação senil e estéril regada a chazinhos, suspiros e a croissants!, por outro, não aceitar, é admitir que naquele palco iluminado o mau caratismo é quase hegemônico e que pelo menos cinco daqueles capas pretas são charlatães a soldo que deverão, data vênia, ser mandados plantar batatas.
E não pensem que depois de tal decisão alguém sairá às ruas com archotes e com foices. Não. O day after será tão melancólico como este previous day, com todos nós sendo passivamente devorados pelo micróbio da inércia e da estupidez!
Mas relaxem que a fila de cretinos para ver a Beyoncé já está dando voltas nos quarteirões brasilienses!!!
Mas relaxem que a fila de cretinos para ver a Beyoncé já está dando voltas nos quarteirões brasilienses!!!
domingo, 15 de setembro de 2013
sábado, 14 de setembro de 2013
Da espionagem, das armas químicas... e dos sepulcros caiados...
Já estão ficando pra lá de ridículas as discussões e as embromações a respeito da espionagem e das "denúncias" de que os gringos teriam bisbilhotado esta pátria e etc.
Ora!, com esse espanto e com esse bafafa todo, é de se perguntar: o que será de nós na hora em que redescobrirmos (ou relembrarmos) que esta é a função principal de cada uma das dezenas de embaixadas estrangeiras que nos cercam e que os chineses, os russos, os israelenses, os alemães e até os bolivianos estão todos por aí há décadas, cada um com seus espias e com suas antenas permanentemente ligadas?
Além do que, essa prática (sem falar do voyerismo) é tão antiga como a fábula de Adão e Eva, casal que, aliás, também teria sido espionado em sua mais profunda intimidade até pelo Grande, onipresente, onisciente e onipotente arquiteto desse imenso e solene abatedouro!
Ora!, com esse espanto e com esse bafafa todo, é de se perguntar: o que será de nós na hora em que redescobrirmos (ou relembrarmos) que esta é a função principal de cada uma das dezenas de embaixadas estrangeiras que nos cercam e que os chineses, os russos, os israelenses, os alemães e até os bolivianos estão todos por aí há décadas, cada um com seus espias e com suas antenas permanentemente ligadas?
Além do que, essa prática (sem falar do voyerismo) é tão antiga como a fábula de Adão e Eva, casal que, aliás, também teria sido espionado em sua mais profunda intimidade até pelo Grande, onipresente, onisciente e onipotente arquiteto desse imenso e solene abatedouro!
Falar em ética, correr para o muro das lamentações, implorar ou exigir que o outro se retrate e não mais nos espione é, além de puerilidade, uma singeleza de donas de casa.
Numa sociedade e numa civilização em cujo cerne ainda hiberna a hiena sanguinária, onde todo mundo faz o teatro do sepulcro caiado e onde qualquer cretino pode ir a esquina e contratar um "detetive", cabe ao próprio sujeito fechar a janela de sua caverna se não quiser que o sujeito da caverna vizinha contabilize, um por um, todos seus anseios, crimes, tramóias e desvarios...
E por falar em sepulcro caiado, também é cômica e esquizóide a discussão sobre as armas químicas da Síria, arsenal pra lá de abominável que todas as outras Nações, por mais Santas que aparentem ser, também o possuem. Por outro lado, é impossível identificar alguma diferença séria entre os genocídios praticados com gás, dos perpetrados com mísseis, com flechas, pauladas, Napalm ou a base de baionetas... Convenhamos, ninguém tem duvidas de que a simples posse desses arsenais e desses venenos é uma aberração tão desprezível e criminosa quanto seu uso, e que nestes tempos de cólera e de confusão, qualquer charlatão já dispõe de elementos suficientes para concluir que para o bem do planeta e para a felicidade geral, é desejável que esta espécie não demore muito a desaparecer...
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
No es fácil hacer morir del todo a los hombres...
[...No es fácil hacer morir del todo a los hombres,
y alli están las leyes; pero, con paciencia, se puede ir
exterminando una por una las hormigas humanitarias...]
Lautreamont
O que diria o velho Brizola a respeito de seus pupilos no Ministério do Trabalho e dos 400 (?) milhões desviados?
Eis aí mais um motivo pelo qual, todo homem que tem alguma grandeza pessoal (se é que existe) deveria, antes de morrer, desfiliar-se de absolutamente tudo, para impedir que corjas de cafajestes seguissem falando e atuando em seu nome para viabilizar malandragens pessoais.
Eis aí mais um motivo pelo qual, todo homem que tem alguma grandeza pessoal (se é que existe) deveria, antes de morrer, desfiliar-se de absolutamente tudo, para impedir que corjas de cafajestes seguissem falando e atuando em seu nome para viabilizar malandragens pessoais.
E as máfias dos partidos?
E as máfias da cultura?
Prestem atenção como no país, por detrás de todo "evento cultural" e de todo "projeto artístico" há um golpe. Festival disto ou festival daquilo! Comemoração de qualquer coisa! Show de fulano de tal! Exposição X ou Y! Edição desta ou daquela revista ou enciclopédia! Deste ou daquele livro! Deste ou daquele documentário!!! Observem como o chamado "artista" foi convertido num comerciantezinho larápio oculto atrás da máscara do desprendimento e a arte, como a Justiça, transformada em puta de beira de estrada!
Com a justificativa de proporcionar "democraticamente" lazer e entretenimento às massas, aos bandos de escravos, ao populacho prenhe de carências e de superficialidades, se promove assaltos descarados e faraônicos ao dinheiro que, utópica e idealisticamente, pertenceria à comunidade. Prestem atenção como desde sempre, a educação, a saúde e a cultura serviram como álibis para grandes golpes e pérfidas trapaças. Portanto, não é de se estranhar que cada dia mais gente, ao estilo daquele bandido nazi, quando ouve falar em qualquer um desses três temas, saque imediatamente a pistola.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
O mendigo K no meio dos black blocs...
Por pouco não voei pelos ares junto com os dois banheiros químicos que estavam instalados a alguns metros do altar-mor da Catedral. Não respeitam nem mais os lugares sagrados e quem está dando uma saborosa mijada! - ouvi um velhinho resmungando. Foram necessários apenas quatro coices e foi plástico e urina para todos os lados. Os black blocs podem até ser uns bad boys, mas são bons de chute. Nunca havia participado de uma manifestação tão eclética e tão holistica. Havia manifestantes de todos os tipos e de todas as colorações. De direita, de esquerda, do centro, ambidestros, beatos, ateus, torturados e torturadores, bons moços, velhos e adolescentes, burgueses, pés de chinelo, filhinhos da mamãe, riquinhos e bandidos profissionais, intelectualoides, muitos fdp e muita gente boa, todos unidos por uma utopia que dificilmente se concretizará! De mãos dadas iam niilistas e esperançosos, trabalhadores e vagabundos inveterados, agentes da polícia federal, agentes da Papuda, aposentados, gente que defende a Amazônia, grupos que pediam punição aos torturadores, um grupo que exigia a prisão imediata dos mensaleiros, alcaguetes, gente reclamando da saúde, um casal de bicicleta pedindo a expulsão da multinacional Monsanto, um velhinho com uma bandeira de ex-combatente, evangélicos destribuindo santinhos, jovens com placas contra a corrupção, discípulos do Papa Francisco, pessoas que atacavam a mãe de Renan Calheiros, uma louca gritando que em breve Jesus voltará e perguntando se estaríamos preparados? Policiais travestidos de fotógrafos, fotógrafos atuando como policiais, o Grupo dos excluídos, gente sem teto, o pessoal do transporte coletivo gratuito, a mídia oficial e a mídia doméstica, helicópteros dando rasantes, caminhões dos bombeiros lá no meio da poeira esperando por uma catástrofe, tiros, bombas, fumaça, sirenes, alguém com um rádio minúsculo comemorando o primeiro gol no Estádio Mané Garrincha. Vendedores de água torneiral e muita polícia tonta e pueril sem saber muito bem o que fazer com sua agressividade, o que estava fazendo ali e quem eram os verdadeiros inimigos, se é que havia realmente algum. Uma suruba tupi-guarani, um desvario tropical, uma confirmação de que nos próximos dois mil anos ainda estaremos no lugar surreal e cômico em que nos encastelamos.
Um pouco mais tarde, vejam que coincidência, destruíram também todas as vidraças do restaurante onde costumo saciar diariamente meus desmedidos apetites. E encontrei entre eles, sabem quem? O mendigo K. Todo de preto, uma camisa enrolada na cabeça, exercitando a ginga do capoeirista e correndo da polícia de uma calçada a outra, com um pedaço de ferro na cintura e três pedras numa pequena bolsa. Foi uma surpresa, pois sempre o considerei um bunda mole oportunista e um mendigo em paz com sua miséria e com o establishment. Depois de vê-lo arremessar as pedras certeiramente contra uma agência de automóveis e de expressar gozo e prazer com a barulheira das vidraças despencando, lhe perguntei:
- Qual a lógica e a causa?- Lógica? Causa? Que causa? Nenhuma! Não funcionamos movidos por causas! Respondeu-me, enquanto passava brilhantemente uma rasteira num soldado que tentou jogar-lhe pimenta nos olhos.
- Não tenho causa. Busco apenas o prazer subversivo de atacar o sistema! Que seja capitalista, é apenas um acaso, poderia ser comunista ou qualquer outra merda! E não pense que se trata de um dever militante a que estou obrigado para libertar esta ou aquela classe. Não. O faço apenas pelo prazer renovado do jogo subversivo da destruição de tudo. Apesar de vosso espanto e de vossa dialética, nosso amor é de outra ordem e habita outra galáxia!
domingo, 8 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Estado e polícia proíbem as máscaras...
"...Patíbulos, calabouços e masmorras prosperam sempre à sombra de uma fé, dessa necessidade de crer que infestou o espírito para sempre".
Cioran
Proibido jogar lixo nas ruas! Proibido fumar em público, tanto cigarros da Souza Cruz como cigarros de maconha! Proibido vender remédios tarja preta! Proibido fazer aborto! Proibido mijar nas paredes! Cagar então, nem se fala! Proibido vagabundear! Proibido sexo com adolescentes! Proibido vender álcool para menores! Proibido desejar a mulher do próximo! Proibido furar fila! Proibido andar nu! Proibido estacionar sobre a calçada! Proibido buzinar! Proibido colocar película nos vidros dos carros! Proibido música acima de 60 Decibéis! Proibido cachorros na praia! Proibido o assédio moral ou sexual! Proibido bronzeamento artificial! Proibido dizer que alguém é preto, branco, albino, judeu, alemão, nazi, macumbeiro, gringo, turco! Proibido acionar a descarga de madrugada! Proibido o uso de chá de camomila e de antibióticos sem receita médica! Proibido transitar na contramão! Proibido o proxenetismo e a prostituição em público! Proibido o lança perfume! Proibido o cerol! Proibido os balões! Proibido o uso de armas de fogo! Proibido o uso de binóculos! Proibido levar líquidos nos aviões! Proibido comprar e vender dólares na esquina! Proibido entrar com conhaque e com rojões nos estádios! Proibido comprar ou vender CDs piratas! Proibido cortar árvores! Proibido cheirar cocaína! Proibido entrar em propriedades privadas! Proibido usar celular em banco! Proibido matar passarinho! Proibido dirigir sem cinto! Proibido andar com luz alta! Proibido incentivar a consciência, aliás, a violência! Proibido atravessar a rua fora das faixas! Proibido andar a mais de 60 por hora! Proibido pisar na grama! Proibido falar nas bibliotecas! Proibido entrar nas igrejas usando bermuda! Proibida a pornografia! Proibido deixar seu animal defecar ao lado da estrada! Proibida a eutanásia! Proibido festas depois da meia noite! Proibido dar palmadas nos filhos! Proibido deixar de pagar impostos! Proibido nadar de cuecas! Proibido preconceito religioso! Proibido o desacato às autoridades. Proibido queixar-se contra os servidores públicos! Proibido suicidar-se! E agora: PROIBIDO USAR MÁSCARAS EM MANIFESTAÇÕES!
Tenham paciência, que o homem de plástico e o idiota perfeito, "qualidade FIFA", não está muito distante!
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Uma rede de corvos e de víboras...
Gostei imensamente das palavras do cardeal Tarcisio
Bertone, até ontem secretário de estado do Vaticano. É assim que se fala cardinale!
Ele que, depois de passar sete anos como o
principal Manda-Chuva daquele Estado, ao ser demitido pelo papa argentino declarou
em bom tom que as dificuldades pelas quais vem passando nos últimos meses, se
devem a "Una rete di corvi e serpenti! (Uma rede de corvos e de
víboras!) Em outras palavras: que o Vaticano é uma gaiola de aves necrófagas e uma espécie de serpentário. A propósito, recebi hoje um presente intitulado: O evangelho segundo a serpente.
Por menos imaginação que o sujeito tenha, não é
difícil ouvir até o farfalhar das asas do bando de corvos sobrevoando a cúpula
daquela basílica, grasnando e dando rasantes sobre aqueles 300 e tantos mártires e
anjos petrificados nos telhados, para depois se lançarem enlouquecidos sobre o Palácio Apostólico e Sistina a
dentro... ao mesmo tempo em que um exército de víboras sobe ziguezagueando e
silvando dos subterrâneos até os aposentos dos cardeais, cada uma mais
carregada de peçonha que a outra...
Como foi possível sobreviver tantos séculos transitando da tragédia à frivolidade? Do Gólgota ao Coliseu?
Enfim, a metáfora do cardeal é perfeita. Afinal, ele têm
setenta e oito anos e sabe muito bem do que está falando. A única pergunta que merece
ser feita a respeito do assunto é esta: por que aqueles pobres corvos e por que aquelas pobres
víboras chegaram a esse estado de degradação moral?,
se até o corvo de Edgar Alan Poe era tão simpático, com seu aspecto
de um lord ou de uma lady.?. e se aqui no nosso zoo até as crianças e outras criaturas pagãs, nos
finais de semana, fazem fila para assistirem a plenitude e a preguiça das
serpentes?...
domingo, 1 de setembro de 2013
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