Sempre que passo por este país, venho aos cafés da cidade universitária para checar quem dos antigos conhecidos ainda vive por aqui e quem já bateu as botas, foi repatriado etc. Desta vez só encontrei o M., um fodido do Oriente Médio que certo dia, no auge de sua loucura e de seu desespero de refugiado me enviou cinco ou seis páginas com uma suposta “formula” inventada por ele que desvendaria todos os mistérios da mente e salvaria o mundo...
Já está prá lá de senil, com uma barba que lhe tapa a fachada inteira e com pêlos que brotam do nariz e dos ouvidos como bromélias. Lia e relia o mesmo parágrafo do livro Voyage au bout de la nuit e quando soube que dali a pouco eu embarcaria para Lhasa, fez aquela expressão de desprezo tão típica e tão presente na senectude e em seguida murmurou esta frase que, com certeza, será a aquisição mais valiosa de toda minha viagem.
“A marcha das formigas um dia fará desaparecer as pedras sobre as quais elas passam...”
No Tibet??? Que chic é você, Ezio Flávio Bazzo!! Boa viagem e feliz regresso!! Abraços
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