quarta-feira, 15 de junho de 2011

SIGILO ETERNO OU A BUSCA PELO SANTO GRAAL...



A discussão mais recente e mais cômica no Congresso Nacional está tratando do tempo adequado para se manter em sigilo alguns documentos que deveriam estar sob a guarda do governo. Digo deveriam, porque realmente ninguém sabe que documentos são esses, se existem realmente e muito menos onde estão. Por prudência republicana – como gostam de dizer - antes de decidir se serão tornados públicos ou mantidos sob Sigilo Eterno como propõem Sarney e Collor, deve-se fazer uma deligência para encontrá-los. E é bom que todos saibam que o tempo de busca pode igualar-se ao da procura pelo Santo Graal. Estariam no Arquivo Nacional? No Arquivo do Senado? Nos porões do Exército? Em algum canavial de Alagoas ou no Convento das Merces? E se forem encontrados, onde estão as “segundas vias”? Cadê as fotocópias e as partes furtadas? Quem arrancou esta ou aquela folha? Quem adulterou este ou aquele capítulo? Ninguém saberá. Aliás, você conhece alguém que está interessado nos tais arcanos? O sigilo eterno é quase uma consequencia natural nestes pobres, abnegados e bandidos trópicos. E depois, pelo “entusiasmo” de nossos arquivologistas e pela “organização” de nossos Arquivos Nacionais é evidente que não se encontrará mais nada que preste e que interesse a alguém. Sem falar dos documentos que os pesquisadores estrangeiros costumam comprar por aí para incrementar suas teses, se em nossos arquivos não conseguimos localizar nem o que é publico, livre e desimpedido, imaginem o que é sigiloso e o que está marcado com um grotesco carimbo de Sigilo Eterno. Gostaria imensamente de saber o que é afinal que esses senhores pensam da eternidade? Além disso, (podemos apostar) dificilmente os tais documentos serão mais escandalosos e mais imorais do que os fatos escancarados que ocorrem no nosso cotidiano. Duvido que haja neles alguma informação escabrosa e algum crime que chegue aos pés dos que presenciamos na integra e ao vivo, todos os dias das últimas décadas. Agora, o que é mais deprimente nessa proposta medieval e inquisitorial é o silêncio dos pesquisadores, dos historiadores, dos livre pensadores, da Santa Madre Igreja, dos arquivistas, dos homens de ciências, dos antropólogos, dos ditos homens de esquerda, do populacho em geral e até mesmo dos mafiosos esclarecidos. Que a imprensa esperneie, não vale, pois ela quer apenas incrementar suas vendas.

3 comentários:

  1. Ezio meu caro, em certa medida seus textos são esclarecedores,não teria um local de mais abrangencia pra vc publica-los? Tipo um jornal diario, sei lá. O Brasil somente lê o que não (deve)deveria ser lido.

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  2. Eu concordo com você Conde Machado. Uma coluna assinada pelo Bazzo diarimente num jornal traria uma visão de mundo mais consciente para as pessoas, mesmo as mais delicadas (rsrsr).
    Este blog deveria se tornar um jornal( aliás já é) mas talvez o título precisasse ser repensado, a periodicidade dos textos, tamanho, etc.

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  3. Ézio, infelizmente eu tive o "desprazer" de conhecer, e até mesmo conviver, com alguns autores desses documentos "secretos". Hoje, alguns desses velhacos, geralmente os "mandantes", permeiam a nossa sociedade como "cidadãos exemplos", cumpridores de seus deveres, divulgando valores "éticos", morais e familiares, recebendo enormes soldos, devidos aos serviços prestados à Pátria. O "sigilo eterno" vem da preoupação de "mancharem" as suas imagens no presente, e nas futuras gerações, porque vivem suas vidas baseadas na hipocrisia e na fantasia de seus heróicos feitos.

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