Se você não teve tempo de ir ao Congresso Nacional assistir a posse dos "novos" parlamentares perdeu em definitivo o bonde da história. Havia de tudo lá, e todo mundo perfumadinho, com as melhores grifes, sapatos de jacaré, calcinhas marcadas sobre as ancas, lutadores de box, palhaços, estelionatários, policiais, pastores, mães de santo, feministas, adolescentes e militantes pela causa gay, pela causa dos negros, pela causa dos índios e pela irmandade planetária.
Latifundiários, lobistas e sem-terras, padres, escritorzinhos, futebolistas, açougueiros, ex presidentes, ex governadores, ex prefeitos, ex direitistas, ex esquerdistas, ex anarquistas, ex ministros, ex soldados, ex presidiários, ex amantes, ex cassados, ex cabo eleitorais, os gaviões da midia, os fotógrafos, as matronas da casa e as estagiárias com seus caderninhos cheios de rabiscos e de segredos.... Inacreditável tanto a diversidade como a aparente coesão dessa fauna articulada por um mesmo "ideal"... Nas lixeiras, cartelas e mais cartelas de rivotril... E todo mundo feliz, todo mundo zen e boquiaberto, os dentes de classe média reluzentes para as câmeras. Sinceramente, podem dizer o que quiserem dessa gente, mas ninguém poderá negar que fazem parte de um povo cordial e feliz. Tapinhas nas costas, beijinhos nas orelhas, palavras de ordem, juramentos, intimidades. Nunca a pátria e a nação ouviram tantas juras de amor, de sacrificio e de fidelidade. Para os que ainda conseguem pensar com o próprio cérebro só lhes resta voltar os olhos para o Cairo e contentar-se com o velho e chato Bolero de Ravel...