quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Um país de trovadores diante do chicote e das correntes do Império...


"... A violência do global também passa pela arquitetura, pelo horror de viver e de trabalhar nesses sarcófagos de vidro, aço e concreto. O pavor de morrer aí é inseparável do pavor de aí viver..."

Jean Baudrillard 

(IN: Power Inferno)




Tanto nas hordas da direita como nas hordas da esquerda a fala continua compulsiva sobre Trump e sobre o caso dos deportados que foram transportados dos USA para o BRASIL, em correntes e em algemas. Indignar-se? Tudo bem. Pero no mucho! O problema é que essa 'indignação' vem sendo manifesta de forma lírica, romântica, moralista, típica de colonizados. E que está sendo feita de forma parecida àquela do (a) padre americano que, durante uma missa, pediu ao Trump, que tivesse misericórdia dos gays e dos little clandestine slave. Ora! não sejamos idiotas! A misericórdia que eles conhecem é aquela que tiveram com os cherokees, com os navajos, com os apaches, com outros povos originários e depois, com os vietnamitas, com Hiroshima, com os iraquianos e etc...Que a direita, já acostumada a ficar de quatro, tenha fascínio por esses brutamontes, vá lá, mas que a esquerda não dê sinais de ter lido e estudado a Franz Fanon, isso é degradante.

E o mais curioso, é que estão encantados com a tal Carta Poética e Eclesiástica que o presidente da Colombia (Gustavo Prieto) teria enviado ao império luterano, pedindo dignidade para com seus pequenos e clandestinos escravos colombianos. Dignidade? Como seria possível a aqueles brutamontes sequer olhar com dignidade a quem vai implorar-lhes que os deixem lavar suas latrinas e lustrar suas botas e, se for necessário, até baixar as calças para eles?  Ora, foi exatamente essa mentalidade lírica e parnasiana que transformou a América Latina nessa imensa colônia de serviços forçados e de trovadores. Em comunidades inteiras que, hipnotizadas por governantes traidores e trapaceiros, ficaram durante séculos subjugadas e humilhadas, desviando ouro, minerais e riquezas nativas para o Império em troca de migalhas... Arrastando cruzes de um lado a outro, cacarejando sobre a suposta volta de um suposto messias e comendo tortilhas nas mãos dos gringos ... e que, agora, de repente, clamam por dignidade. Ora! Dignidade! Que dignidade? Isso não se pede e não se implora a ninguém. E mais: o affair das correntes e das algemas desta semana, não significa praticamente nada se comparado aos séculos de silêncio diante de todo tipo de exploração, escravidão e de cretinices praticadas contra esse gente. E, pior, sempre com a cumplicidade e o silêncio de porcos chauvinistas locais e de gente autóctone.

Insisto: Pedir dignidade ao Império é como pedir dignidade a uma hiena e depois, um país com as dimensões do Brasil que consente passivamente que roubem o ouro de seus garimpos e que não tem estradas de ferro de uma ponta a outra (porque as multinacionais de caminhões e de pneus não permitem), não tem chances de ser respeitado e muito menos tratado com dignidade... 

Sem nenhum romantismo babaca e sem grandes ilusões, o país precisa, com urgência, livrar-se dessa diplomacia vaselina e lusitana, dessa cambada de trovadores, dessa ideologia e mentalidade caritativa e começar a ser gerenciado por gente que não se apresente nem de cócoras e nem na ponta dos pés... O resto, é pura demagogia, folclore, moralismo beato em busca de uma dignidade nunca existida.... 

Aqui entre nós: se ao invés de serem deportados amarrados como desertores, indigentes e como monstros (como nos chegavam durante séculos os negros africanos); vierem enfeitados com um terno da Savile Row ou com o Pretinho básico da Chanel, numa poltrona rendada como aquela dos dândis de Palm Springs, dá no mesmo.Trata-se apenas de uma exigência do deep State tupiniquim para dissimular a cumplicidade com a polícia americana e seguir fazendo o teatro de uma soberania idealizada que, como a dignidade, nunca houve... 


Um comentário:

  1. https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/01/7047291-trump-anuncia-novo-destino-para-os-imigrantes-ilegais-guantanamo.html

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