dizemos na Argentina.
“Diga a ela que precisa mexer o traseiro e fazer algo pelos outros!”
La Porota
A velhinha armênia, que não via há muito tempo, nesta manhã cheia de nuvens, mas ensolarada de dezembro, estava ali no mercado, com seu lenço italiano e amarelo ao redor das orelhas. Parecia feliz. Deu duas palavras sobre o assassinato do General Kirillov, em Moscou, agarrou-me pelo braço e arrastando-me para o fundo, junto à caixas de brócolis e de cenouras passou a confidenciar-me que está curiosa para ler a autobiografia que o Bergólio, o papa argentino, estará lançando, no planeta inteiro, a partir de janeiro... (e que deverá vender mais do que rabanetes!). E foi entrando em detalhes sobre a resenha que acabara de ler num jornal armênio de Yerevan. As putas! - falava em voz baixa - a infância que o Bergólio teve no bairro Flores, em Buenos Aires, no meio de putas, foi espetacular e crucial para seu sucesso... Só não gostei - disse baixando ainda mais a voz - foi que ele, antes de discorrer sobre Elas e sobre os fodidos e "descartados" daquele bairro, teve que esclarecer e deixar bem claro, que ele e sua família tinham uma ótima relação com os judeus de lá. (?!). (E nenhuma palavra sobre os massacres na Palestina! Seria mais um vassalo?)...
"O bairro era um microcosmo complexo, multiétnico, multirreligioso e multicultural. Em nossa família, sempre tivemos ótimas relações com os judeus, que a gente chamava de “os Russos” em Flores, porque muitos vinham da região de Odessa, onde vivia uma comunidade judaica muito grande".
"Desde criança, também conheci o lado mais sombrio e complicado da existência, um e outro juntos, no mesmo quarteirão. Também o mundo da prisão: as escovas que usávamos para as roupas eram artigos que comprávamos dos detentos da prisão local, e foi assim que percebi pela primeira vez a existência daquela realidade".
"Duas outras garotas da vizinhança, irmãs, também eram prostitutas. Mas eram de outro calibre: marcavam encontros por telefone e eram buscadas de carro. A gente as chamava de “la Ciche” e “la Porota”, e todos no bairro as conheciam".
"Havia quatro “solteironas”, as irmãs Alonso, mulheres devotas de origem espanhola que haviam emigrado para La Plata e que eram bordadeiras habilidosas, com uma técnica requintada. Um ponto e uma oração, uma oração e um ponto".
Também não gostei, completou (já com duas cabeças de brócolis nas mãos), daquela sua bravata 'heróica' de que quando foi ao Iraque, esteve prestes a sofrer um atentado.., mas que, 'graças a Deus' ou a Allah, os supostos terroristas teriam sido mortos pela policia... Ora! Bravatas portenhas... (!?)
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