segunda-feira, 19 de junho de 2017

O futebol: essa praga emocional...

"Segundo análise da cientista social Joicy Suely Galvão da Costa e do pedagogo e cientista social, José Gllauco Smith Avelino de Lima, a formatação das escolas jesuítas estava estruturada em dois planos fundamentais: as escolas elementares, que enfatizavam o ler, escrever e contar, direcionadas às crianças pequenas; e os colégios, voltados à instrução de adolescentes. Existia uma rotina a ser seguida, a fim de não sobrarem horas livres para a ociosidade da mente e do corpo, “considerada pelos missionários como espaços para a ação demoníaca”. Ressalta que a metodologia da Companhia de Jesus não estimulava o “cuidado com o corpo” nos moldes que entendemos hoje, mas a vigilância sobre ele". 
Angélica Estrada

Ao contrário do que se pensa e do que parece, as frequentes brigas entre torcidas de futebol não causam indignação, causam gozo e frenesi. Aquelas pauladas, chutes, garrafadas, facadas e socos que a turba de analfabetos troca dentro ou fora dos estádios, como aconteceu ontem em Curitiba, é vista  pelo populacho, não como uma vertedura de barbárie, mas como uma continuação e uma apoteose da partida. Do que reclamam, é verdade, é das mídias que só mostram parcialmente as brigas, os golpes e as variações de instintos. Queriam ver mais de perto e com mais detalhes aqueles bandos de idiotas se massacrando mutuamente e sangrando numa espécie de catarse e de orgasmo. Solução emocional e inconsciente num país política, econômica e socialmente em ruínas, onde tudo está envenenado, onde a luz no fim do túnel é o pavio de uma carga de TNT e onde, apesar de oficialmente estarem registradas duas dúzias de partidos, só existem na verdade duas alternativas eleitorais para as eleições vindouras, e uma mais vil do que a outra: colocar no poder uma direita santurrona, mojigata e mentalmente transtornada ou recolocar lá uma esquerda cretina, reacionária, incompetente e analfabeta.
Não é novidade para ninguém que os esportes, desde o auge jesuítico no ocidente, foram usados para reprimir e para desviar a energia sexual da juventude de seu objetivo natural. Que os jogadores apareçam com frequência nos braços de beldades internacionais ou até no colo de outros homens, isto é apenas parte do jogo de cena, da merchandising e da propaganda para seguir fisgando e  entorpecendo o rebanho. Federações, igrejas, sindicatos, ghetos, confrarias, violência social, novelas, jogadores vendidos como cavalos de corrida, doping, mafias e jogos marcados, loterias, sociedades gangrenadas e viciadas todos envolvidos com esse passatempo bovino e de mercenários... o que no passado funcionava como ópio agora serve como antidepressivo... E mais, como dizem os autores do livro aí do lado: "O futebol é um tipo de doutrinação totalitária que impede até os melhores espíritos de permanecerem crí
ticos ou simplesmente lúcidos..."
E não lhes parece curioso que todos os governos, sejam de esquerda, de direita, do centro ou completamente amorfos sejam apaixonados por esportes e contra a cultura? (Pensem em Hitler, em Mussolini e em Stalin). Contra a cultura? Sim, vejam o Ministério da Cultura que neste momento está até sem ministro. E vejam as duas ou três bibliotecas da cidade que se não estão interditadas estão sucateadas, ao mesmo tempo em que se acaba de gastar alguns bilhões para a construção do estádio Mané Garrincha (esse playground para cretinos)... E aos domingos, depois da missa, aqui na capital da república, é uma gritaria ensurdecedora e quase demente. A turba, composta até de intelectuais, de doutores e de todo tipo de idiotas esclarecidos (que está cagando para estas minhas queixas) vai às varandas com suas bandeiras, suas garrafas de cachaça, fogos de artificio e grita com excitação: É GOOOOLLLLLL!!!!!!! É goooolllll!!! 
Que miséria!
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Observação: Não deixe de ouvir novamente a Sonata número 10 de Paganini, no post anterior. Ela mobiliza o imaginário e a lucidez até de uma pedra...

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