"Se um homem quer estar seguro de seu caminho, que feche os olhos e caminhe na escuridão".
(Anônimo)
Quando me canso de falar sobre a burrice e a alienação alheia, tomo coragem, preparo um chá de hortelã, arrasto a cadeira de couro até a prateleira de livros e ali, meio a contragosto, meio envergonhado, vou passando um por um e admitindo, cabisbaixo, o tamanho de minha própria ignorância. Deste nem tirei o selo da livraria... Aquele está intacto. Aquela obra completa do gênio inglês, de tanta negligência e abandono foi desfigurada pela poeira. Este aqui nem sei de que trata! De um ensaio recente e inclusive de vital importância para minha profissão, só li a dedicatória. Esse livretinho ao lado, por exemplo - no qual o dono de um café de Amsterdam afirma ao autor que Descartes trocou a França pela Holanda só para poder fumar maconha - li apenas umas vinte páginas. Um dos dois volumes de Bestemmia, de Pier Paolo Pasolini nem sequer está mais onde devia estar. Do volume II, li apenas uma parte da página 931 titulada La man che trema. Quanta ignorância..! Pelo menos os quatro volumes de Borges estão lidos e relidos... Também a Origem da família, da propriedade privada e do estado... Ufa, Pelo menos isto! E trata-se de uma edição adquirida ainda lá numa feira de rua na Praça de Coyoacan...
Histoire anecdotique de la scatologie hiberna sobre meu criado mudo desde o ano passado, devo ter lido a introdução de Jean Feixas e me apropriado de algumas ilustrações e nada mais. A verdadeira história do banditismo, foi lida só até a metade, na página que exibe um fuzilamento em Chicago... Vamps & Vadias, da Camille Paglia, (lembram?) só rabisquei cinco ou seis pés de página... Desse jeito, para que serve uma biblioteca..? Apesar de estar aos pedaços, este sim li de verdade: A multidão criminosa. A edição deve ter uns cem anos. O autor? Scipio Sighele. Mas nem sei se suas teorias ainda têm algum fundamento...
Um livro que realmente recebe minha visita com regularidade é um que traz cento e vinte gravuras atribuídas
a François Rabelais,
a François Rabelais,
com introdução de Michel Jeanneret. Esse sim é uma verdadeira maravilha, principalmente porque não quer provar absolutamente nada..!
Somos todos ? e ! , ou seja, dúvida e espanto a dependerem do golpe de vista?!
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