Aqueles que achavam que não tinham mais nada que aprender com os gregos terão que rever suas teses. Que abismo entre a passividade de nossa juventude tupiniquim e os jovens incendiários de Atenas! Lá, um único adolescente assassinado e o Kaos. Aqui, nem a monstruosidade dos quinhentos e trinta homicídios, só no DF e nos primeiros meses do ano, foi suficiente para arrancar alguém da monotonia. Nenhum pio, nenhuma manifestação, nada, apenas o peso de um silêncio ignóbil entremeado pela verborréia das autoridades e pelas justificativas dos vigaristas de turno. Enquanto a juventude grega se incendeia e se revigora, a nossa envelhece em seu cotidiano noir perdida em ilusões pueris, em filas para concursos, berrando fanática e bestamente nos botecos, nos estádios ou nas igrejas, exatamente como seus neuróticos e melancólicos avós.
Ezio Flavio Bazzo