"Nós os masculinistas, não somos contrários aos contínuos e progressivos triunfos do feminismo. O masculinismo não surge para opor-se ao feminismo, muito pelo contrário!, seu objetivo declarado e lógico, é o de tomar nota das conquistas do feminismo e, mais ainda, de ampliá-las, estendê-las, fazê-las universais". "Escutai-me, senhores, acompanhai meu pensamento atentamente. Em sua ingenuidade caseira e provinciana as mulheres imaginavam que o privilégio de governar ao povo, coisa que até meio século atrás era reservada aos homens, era uma honra, uma alegria, uma satisfação. Nossas rivais se enganavam por completo. A política é uma arte grosseira e falaciosa, está fundamentada em compromissos, enganos, na hipocrisia e na sem-vergonhice. A política é incomoda, suja e perigosa. Por isto, os masculinistas propõe a entrega total dos poderes às mulheres, já que por sua própria natureza são mais astutas, mais mentirosas e mais acomodadas. Que não exista apenas algumas deputadas ou algumas ministras, mas que todos os parlamentos e todos os governos sejam formados unicamente por mulheres! "Elas têm a língua mais solta que nós, possuem um maior sentido prático e menos repugnância para as coisas sujas. A política foi feita para elas e somente para elas. E, frente ao espetáculo que está sucedendo hoje no mundo não se deve achar que a coisa pública possa funcionar pior do que está, pois isto é claramente impossível. Na pior das hipóteses, os povos seriam levados à miséria e à morte, mas isto já está acontecendo, de forma que nada mudará. Em lugar disto, mudará para melhor a sorte dos homens, quem finalmente estarão em liberdade para dedicar-se às atividades mais nobres. "Escutai-me, cidadões homens; o Masculinismo prepara vossa libertação dos trabalhos e das missões mais duras e ingratas. As mulheres já ingressaram no ensino, mas ainda são minoria. O ofício de ensinar crianças e jovens, é " digamos a verdade de urna vez por todas ", muito cansativo e chato, por todos os lados o programa dos escolares é estudar pouco e enganar aos professores. Os únicos alunos que conseguem aprender verdadeiramente, são aqueles que estudam por conta, por paixão natural. Então, por que não entregar nas mãos das mulheres e somente a elas o ensino primário, médio e superior? Elas têm mais paciência e astúcia e um poder de atração muito superior. Pode-se assegurar desde já que os discípulos aproveitarão muito mais que com professores homens, quem, por sua vez, livres do odioso tédio da escola, finalmente poderão estudar seriamente por sua conta. " E diga-se o mesmo do trabalho em todas as formas. Segundo as escrituras, o trabalho foi imposto ao homem como castigo, mas, uma vez que, segundo as próprias escrituras, a primeira e verdadeira culpada foi a mulher na pessoa de Eva, é justo que a pena seja suportada por ela, e somente por ela." Me perguntais, estimados amigos ouvintes, que farão os homens se as sagradas e legítimas reivindicações do Masculinismo se realizarem plenamente. Não é difícil responder: liberados do trabalho e do asco que implicam o governo e outras funções, finalmente poderemos gozar em paz da maravilhosa beleza do mundo. Da labuta sempre penosa e perigosa, ascenderemos todos à felicidade da contemplação. As mais elevadas atividades do espírito, que hoje são patrimônio de poucos, (porque a grande maioria deve ocupar-se com as funções baixas da vida), poderão ser exercitadas por todos os varões. A poesia, a pintura, a escultura, a pesquisa científica e a especulação metafísica, estas serão nossas únicas ocupações diárias. A humanidade se dividirá em duas grandes castas diferenciadas pelo sexo: uma se dedicará à política, ao comércio, a produção material, às escolas e à burocracia e a outra, a nossa, dos varões, poderá consagrar-se com plácida tranquilidade às artes, ao pensamento, ao descobrimento do belo e do verdadeiro, em uma palavra: a tudo aquilo que faz suportável e desejável a existência. "E não sentiremos nenhum remordimento, pois precisamente as mulheres foram as primeiras em pretender, com todas suas forças, fazer o que apenas o homem vinha fazendo com sacrifícios e resignação. (...) O masculinismo não é uma contestação ao feminismo, mas sim sua realização universal em nome de nossa felicidade e da verdadeira justiça".
Ezio Flavio Bazzo