Se desde Dionísio e de Sócrates já se desconfiava que os gregos não eram lá muito normais, agora, com a onda de piromaníacos querendo incendiar a Grécia inteira, ninguém tem mais dúvidas. Um milhão de Euros para quem caçar um piromaníaco e sua caixa de fósforos. Não será fácil. E os motivos que movem esses incendiários são sempre os mais diversos.
Os advogados e as polícias têm hipóteses semelhantes; os psicanalistas continuam insistindo que é a libido bloqueada provocando faíscas; os psiquiatras juram que umas gotas de rivotril teriam prevenido o desastre; os cínicos afirmam que é Prometeu devolvendo o fogo aos deuses; os crentes lembram Nero e Roma e dizem que são as profecias saídas da caverna de Patmos e o prólogo do fim dos tempos; os sociólogos repetem a lengalenga da alienação, das lutas de classes e do Reichstag na Alemanha; os ecologistas associam o gesto dos piromaníacos às suas teorias catastrofistas; os ricos dizem que é pura obra da marginalia, enquanto a marginalia acusa os ricos de estarem usando o fogo para tentar livrar-se da plebe suburbana etc.
Sim, há hipóteses e crendices para tudo neste mundo. Existem até aqueles que decepcionados com o andar da carruagem afirmam descaradamente que se o planeta inteiro pegasse fogo, salvariam imediatamente o fogo.
Ezio Flavio Bazzo