domingo, 21 de dezembro de 2025

Zezé de Camargo e a prostituição...


"Porque transborda vida, o Diabo não tem nenhum altar: o homem se reconhece em demasia nele para que venha a adorá-lo; o detesta com conhecimento de causa; repudia-se e cultiva os tributos indigentes de Deus. Mas o Diabo não se queixa e não aspira a fundar uma religião: não estamos aqui para preservá-lo da inanição e do esquecimento???"

E.M. Cioran





Não há quem não esteja falando do affair Zezé de Camargo naquela inauguração de um novo meio de comunicação, pelo fato dele, ninguém sabe exatamente o porquê, numa daquelas falas babacas de peão milionário, ter acusado aquele evento de estar prostituindo. Prostituindo? Mas, o quê? Teria omitido uma parte da frase? Os filósofos dos sites, tanto de direita como de esquerda, mesmo aqueles que mamaram e se iniciaram em prostíbulos e em lupanares, estão esbanjando interpretações puritanas sobre esse surto e esse vocábulo. 

Seria nostalgia pelos antigos lupanares? Ah! Aquelas casas com seus lampiões e suas luzes vermelhas no meio dos cafezais! Os gerânios brancos nas janelas, as coleções de sapatos (de todas as cores e modelos) daquelas mulheres hereges e niilistas fazendo juras de amor, aos mais velhos, que chamavam de 'paizinhos' e aos mais jovens, com seus revólveres e dentes de ouro, de 'irmãozinhos'. Um mundo secretamente incestuoso... Cremes e novenas sobre a cabeceira da cama e amontoadas no alto dos guarda-roupas, as malas, testemunhas fiéis de um nomadismo interminável e repositório de paixões fictícias... Ah! O lupanar, no meio e no fundo da noite, como um oráculo, uma seita, um lugar de peregrinação dos sábados e dos domingos, antes ou depois das missas...

Lupanar! Mesmo ela não aparecendo lá nos Lusíadas é, sem dúvidas, a palavra mais fantástica do idioma de Camões. Todos mundo conhece o grafites rabiscado nas paredes do mais famoso deles em Pompéia: hic ego puellas multas futui...

Atenção: o acusado disse: Prostituindo, e não: se prostituindo! O que, convenhamos, muda completamente a essência da acusação e do caso. Prostituindo o quê, afinal? A memória do defunto Silvio Santos? A sociedade estupidificada por tantas décadas de um entretenimento cabotino? Prostituindo a mídia? Os funcionários? A república? A moral vigente, essa barbaridade absurda? Ninguém sabe! O problema, é que a palavra "prostituir"sempre desencadeia no coração das elites, dos novos ricos, dos zoófilos e até dos supostos revolucionários, além de nostalgias e memórias juvenis, uma falta de fôlego e uma certa vergonha. "O homem se sente envergonhado com tudo o que possa lembrar-lhe muito claramente sua índole animal". (escreveu S. Freud, no prólogo de um livro de John Gregory Bourke, 1913).

Eu, que já escrevi umas quinhentas páginas sobre o prostituir e o prostituir-se, sempre que trato deste assunto lembro de Engels (Origem da família, do Estado e da Propriedade privada), para quem, o que diferencia a esposa, da puta, é que uma se paga para toda a vida e a outra por instantes...

Enfim, querer crucificar um cantorzinho farofeiro (que ganha em um show de duas horas, mais do que um micro cirurgião em cinco anos) por uma bobagem dessas é uma cretinice de subdesenvolvidos. Melhor seria reexaminar a prática imbecilizadora das concessões dos monopólios televisivos e rádifonicos... Mas quem é que tem neurônios e culhões para isso?




Um comentário:

  1. Atenção!!! Ele acabou de ganhar 20 milhões públicos pra seguir com seu sertaNOJO...quem é o prostituto afinal?ou melhor, como dizia Cazuza: transformam o país i.teiro num puteiro! Sem comentários...

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