Foram-se os tempos em que a sociologia, com seu papel de compreender e explicar a sociedade precisava fazer o maior esforço e às vezes até recorrer à filosofia, à antropologia e até mesmo à psicanálise para dar conta de sua tarefa. Mesmo as teorias sofisticadas dos apóstolos Weber e Durkheim deixavam vácuos e lacunas, tão complexa parecia a compreensão da constituição social, os caminhos da transmissão dos significados, a construção das idéias, das atitudes etc.
Agora, quase meio século depois, descobrimos que nós é que complicávamos tudo. Ansiosos por dar à vida e à existência uma profundidade e uma complexidade maior do que elas tinham, divagávamos e mistificávamos o óbvio. Hoje tudo está bem mais claro. Não há cientista social que não veja e que não saiba que quem determina a personalidade, o caráter e até mesmo o desejo das massas são as empresas de telefonia(veja-se a idiotice e a alienação relacionada aos telefones celulares); as indústrias de medicamentos (veja-se os milhões e milhões de drágeas inúteis e caras que são receitadas e ingeridas diariamente); as fabricas de motos (veja-se a quantidade de motoqueiros se despedaçando nas estradas); a indústria de automóveis (veja-se a humilhação para comprar essa lataria ambulante, os congestionamentos e o extresse relacionados aos automóveis); a Microsoft (veja-se a quantidade de computadores e de outros aparelhozinhos inúteis, o confinamento e a distorção de comportamento que eles promovem no populacho); o MEC com seus livros didáticos (veja-se o lixo que se tem disponibilizado aos alunos nas últimas décadas); e as TVs, claro, com o Faustão, o Silvio Santos, os pastores, os clubes de futebol e a Xuxa. O resto é pura demagogia.
Ezio Flavio Bazzo