quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

A Passagem de Samuel Rawet por Brasília


Sete anos depois da primeira incursão pelos rastros e pegadas de Rawet, pelo Plano Piloto, pelas veredas periféricas, por Sobradinho, Haifa, Núcleo Bandeirantes e Tel-aviv, encontro-me outra vez diante da singela sepultura 162, da quadra 219, no cemitério em forma de caracol, engendrado por Niemayer.

Mesmo vacinado contra todos os misticismos, sinto que se olho muito tempo para o fundo da cova vazia, o vazio me retribui impiedosamente o olhar… Impossível negar que a essência do Rawet, não do Rawet defunto, mas do Rawet escritor, engenheiro, voyeur vagabundo das madrugadas brasilienses, ainda está, de alguma maneira, inscrita neste lugar… Corpo ausente que anima reminiscências de uma narrativa, de um diálogo e de uma história já demolida pelo tempo… Ocaso da idolatria pelas palavras… da paixão pelas letras, que agora, uma a uma, se desgarram do papel putrefeito, colocando um ponto final no passado. Diante deste espetáculo, é necessário reconhecer que tanto a morte como a lápide, desonram e humilham… "… devia ser humilde, e foi humilde até à anulação. Devia ser justo, e foi justo até o desespero. Em essa sucessão de devia, tornou-se plasma informe nas mãos do mestre. E sobrava-lhe ainda a lição do orgulho quando descobriu o charlatanismo da humildade".(Viagens de Ahasverus, 1970, p.38).

Impacientes e sabedores de que as mais poderosas influências nos chegam quase sempre através dos mortos, os vivos se empenham, outra vez, em exumar a opereta de signos e de conjunções rawetianas, bem como sua artilharia verbal voltada para a idiotia do mundo… História que, por Rawet, mesmo ensoberbecido com todos os elogios e com todas as teses a seu favor, talvez, desse tudo por absolutamente concluído, acabado e perdido… Não se disporia a sair da solidão e do isolamento em que se encontra há vinte anos, para retomar a mesmice dos cálculos matemáticos na edificação desta promíscua solidão urbana, pelas mesmas razões que não se debruçaria mais sobre seu antigo projeto literário… A reedição das novelas, dos contos e das Obras Completas, para quê? se já nada pode interferir no mais absoluto de todos os exílios? Como judeu, conhecia muito bem o provérbio de sua raça, segundo o qual, um tolo pode jogar uma pedra na água que dez sábios não conseguem recuperar. Por isso, talvez, se limitasse apenas a lembrar que, na existência, tudo se resume a um sonho provisório e que, seja qual for nosso estilo de vida,"morre-se só, sempre só, morre-se a própria morte. Vive-se só, sempre só, vive-se a própria vida. Em qualquer circunstância…"

… Sim, é possível que a escrita não lhe provocasse mais nenhuma forma de êxtase, nenhum arrebatamento, nenhuma das antigas obsessões. Isto porque não havendo mais libido, já não há mais culpa, nem necessidade de vingar-se, de esclarecer o impossível, de alimentar a aleivosia que, comumente, nos faz aguardar séculos, esperar uma eternidade, para o momento de uma mísera e inútil vingança… Digo isto, porque, tanto para o Rawet de infância suburbana e aparentemente desfigurada, como para o Rawet dos últimos tempos, parecia não sobrar muito, além de uma grave letargia depressiva e de algumas escassas e fugidias memórias, ou de Klimontov, ou dos subúrbios cariocas, lembranças mixadas às imagens do velho Cristo, com os braços já exaustos e decrépitos, encurralando diariamente a canalha… Rawet lobo… Rawet corvo de Torga, Rawet Ahasverus, Rawet bordeline… Rawet desvairado e trágico com um texto em iídiche no bolso… Se não frequentava as soirées nos arredores do Palácio, e se mantinha à margem, era porquê, como Céline, sabia que a experiência é uma lâmpada fraca que só ilumina aquele que a carrega. Indignado com a mediocridade humana, ia driblando sua loucura e resmungando: "… a dupla experiência, a da burrice, e de quem escreve sobre a burrice, nunca me abandonou. Ao contrário, e por motivos diversos, tomou conta de mim, do meu corpo, e se transformou numa espécie de lente que me ajudou, e me ajuda, a procurar compreender o mundo… ". (Consciência e valor, 1970)

Duas décadas depois de ter sido encontrado morto em Sobradinho, com uma tigela de sopa Knorr nas mãos, e no mais absoluto desamparo, não apenas Brasília, mas o país inteiro parace querer colocá-lo num pedestal e queimar incenso à sua irreverência. Mas, como insistir em enquadrá-lo num lugar-comum, sabendo, por um lado – como pregava Saussure-, que não somos, em nenhum sentido, os autores daquilo que fazemos e nem dos significados que expressamos na nossa escrita? E por outro, que por debaixo de todos os estilos, disfarces e performances que as pessoas de letras cultivam com tanto esmero, há sempre um oculto arsenal de substâncias e de aromas narcíseos para o futuro auto-embalsamamento? Indiferente a qualquer tipo de especulação, o Cristo de concreto do imaginário rawetiano continua lá, com seus braços descerrados sobre a balburdia sensual e culpígena de todas as cidades portuárias, indicando o óbvio aos rebanhos…

"… É o homem culpado pelo fato de viver? Interrogou o crucifixo. (…) Não insistiu ao perceber o rosto imóvel e sereno do crucificado…"[1]

Diante da cova que aos poucos vai sendo desfigurada pela erosão, insisto numa associação de idéias pouco espontânea… ela, desde sua trincheira natural, sempre que pode, retribue-me maliciosamente um olhar de ausência e também o consolo de que a espontaneidade não é lá grande coisa, já que qualquer imbecil pode tê-la. Um olhar de ausência! Ausência desse personagem que na roupa e nos gestos, encarnava o homem do iluminismo, mas que quando abria a boca ou quando escrevia, evidenciava o sujeito da pós-modernidade, com a identidade despedaçada: judeu branco, num universo mestiço; libertário, mas funcionário público de um vilarejo periférico; sujeito ora cartesiano e ora wildeano; freqüentador da alta burocracia estatal, mas também da galeria Alasca; macho, mas nem tanto; ateu, mas ainda preso às orações rezadas nas sinagogas polonesas.

A tarde vai se inclinando lentamente sobre Brasília e com mais vagarosidade ainda sobre os retângulos das tumbas… Um cão curioso ziguezagueia por entre as azaléias, dois vasos japoneses quebrados e uma sombra móvel sobre um amontoado de granito. A lua, semelhante a uma foice, começa a ganhar brilho na cobertura das construções frenéticas e ordinárias desta urbe… Utopia que virou realidade… Alguns desses prédios foram calculados pelo autor de Alienação e Realidade… Quem o viu comendo de sua marmita, assentado no meio fio dos becos de Sobradinho, jamais adivinharia ou descobriria ali o Rawet calculista… engenheiro e homem de concreto que, desde 1957, aos 28 anos, já fazia parte da construção desta cidade. É só em meio às circunstâncias particulares da sua vida –lembrava Foster- que um homem é ele mesmo. De seus cálculos e dos de seu colega Joaquim Cardoso… será que um dia, ainda não testemunharemos uma hecatombe…? Um horror de ruínas…? Ainda ralhando sobre a questão da estupidez, insistia com os personagens de seu delírio: "… ampliada um pouco invadiu o domínio da idiotice, da vigarice, e se metamorfoseou em especulação e matéria para especulação…".(Consciência e valor, 1970)[2]

Ezio Flavio Bazzo

sexta-feira, 20 de agosto de 2004

A psicopatologia do plágio


A história universal é pródiga tanto em sujeitos insensatos que volta-e-meia se acham plagiados, como em sujeitos delirantes que, por acreditarem que tudo o que é produzido no mundo «já foi pensado por eles» legitimam quase espontaneamente a apropriação daquilo que lhes interessa. Por um lado os arrogantes de sempre reclamando para si todo o saber do mundo, e por outro, os velhos e conhecidos megalomaníacos, certos de que o mundo é apenas parte de sua propriedade. E não estou me referindo apenas a personagens menores, seja da literatura, da música, das artes em geral e mesmo da ciência. É sabido que muitas personalidades dessas áreas, em determinados momentos de suas vidas, passaram pelo incômodo de sentirem-se plagiadas ou de serem acusadas de estarem plagiando. São clássicas as acusações que se fez contra Molière, contra Goethe, Shakespeare, D¹Annunzio e até contra Nietzsche e seu Zaratustra.


Em seu trabalho sobre atos impulsivos, o psicanalista W. Stekel, no capítulo dedicado à psicopatologia do plágio, sem duvidar de que a apropriação «consciente» do texto alheio é um roubo, discute a possibilidade dos grandes poetas, músicos, etc, correrem o risco de plagiar «inconscientemente», fenômeno que os psicólogos denominam criptomnésia. O caso de F. Nietzsche em seu (Zaratustra) plagiando quase textualmente (Blatter aus Prevost) de J. Kerner, seria um exemplo. Uma leitura feita por Nietzsche aos 12 anos teria reaparecido muito tempo depois e sido reimpressa em Zaratustra, como sendo própria. O mesmo teria acontecido com Beethoven em seu (septeto Op.20), que seria uma repetição de (Die Losgekaufte), uma canção antiga e popular de uma determinada região alemã. D¹Annunzio plagiou sutilmente a Verlaine e a Baudelaire, e estudos apontam a coincidência e a semelhança que há entre textos de Ovidio e de Geibel. Só que, com relação a este último, "trata-se de uma imitação consciente, já que era bom filólogo e que sabia certamente de memória o trecho de Ovidio. Sabe-se que, com frequência ­lembra Stekel- o conhecimento profundo de determinado autor pode deixar rastros insuspeitos na obra de um filólogo-poeta". Daí e de tantos outros exemplos, a dificuldade e o ridículo de «debater», tentando saber «o que é meu» e «o que é teu» já que, na verdade, não se tem como rastrear a origem de nada, muito menos a origem de nossas mesquinhas, superficiais e inúteis idéias.

É importante lembrar e tomar consciência de que, principalmente no chamado mundo artístico, onde todo mundo vive persecutoriamente se acusando de plágio, de cleptomania e de roubo de idéias, quase nada é de autoria originária e legítima de alguém. Todos se nutrem dos mais variados furtos intelectualóides, cuja propriedade e cujos direitos autorais, se fosse o caso, quase sempre pertenceriam a remotos e esquecidos cadáveres.

Mas... mesmo assim, mesmo sabendo de toda essa miserável e inevitável pequenez de nossas pretensões, nunca será demais um minimum de lealdade.

Ezio Flavio Bazzo

quinta-feira, 25 de março de 2004

A Lógica dos Devassos: No Circo da Pedofilia e da Crueldade

À margem dos sermões melancólicos, da empáfia histriônica dos discursos e da persistente simulação de civilidade — tanto dos governos, como das religiões e das famílias — fervilham massacres infantis por todos os lados. A escravidão, o abuso sexual e o assassinato de crianças nunca estiveram tão evidentes, e a história, essa cloaca de mentiras, construída sobre infâmias e infanticídios, teima em permanecer falsa e petrificada no cérebro da humanidade...

Atenção: dependendo de tua trajetória, este livro pode provocar-te uma taquicardia e até tirar-te o fôlego. Se estás em busca de uma leitura afável, morna, escrita por um DAS-5, por alguém da troupe arquiconhecida ou por outro dos badalados bufões da atualidade, se estás em busca de uma leitura que te faça conciliar o sono depois das novelas, desista. Aqui não há nenhuma influência e nenhuma cumplicidade com os bandidos da política, com os espertalhões pós-graduados, nem com o mercado editorial e muito menos com as elites esclerosadas. Foi escrito para quem tem no mínimo, a grandeza de colocar-se à altura da nojeira e da miserabilidade humana... E que não sirva outra vez apenas para «refletir» ou para «meditar», pois já é tempo de dizer como Rousseau que o homem que só reflete e que só medita é um sujeito depravado.

quarta-feira, 17 de março de 2004

Cristo nunca existiu


Não tenho a mínima intenção de alterar uma vírgula nos tratados de vossa fé nem nos abismos de vossa ignorância, apenas pretendo transmitir estas notícias aos poucos estudiosos e pesquisadores que têm soberania de pensamento e que, desde o alto de suas inquietudes, saberão ler-me sem pestanejar, sem surtos histéricos e sem grandes escândalos.

Entendo perfeitamente bem que depois de tantos séculos de mentiras e de desgraças, depois de tantas esperanças frustradas e de terrores introjetados, depois de tantos anos de conspiração contra a saúde mental das pessoas, a realidade caia sobre os beatos mais alienados como uma bomba. Mas é só respirar fundo, tomar uma água com açúcar que tudo volta ao normal. Afinal, todo mundo sabe que não dá para mentir durante tanto tempo e que a omissão da verdade vai se tornando cada vez mais insustentável.

1. O ASSUNTO

Foram muitos os pensadores e pesquisadores que dedicaram parte de suas vidas buscando provas materiais e históricas sobre a existência de Cristo. Tal fundamento jamais foi encontrado. O que se tem presenciado desde o princípio do cristianismo até hoje é que a existência de Jesus tem sido obsessivamente defendida por meio de peças e documentos nada científicos (como a Bíblia) e de testemunhos forjados por aqueles que sempre tiveram interesse religioso, econômico e político nessa existência.

Bibliotecas e museus guardam documentos e escritos de autores que foram "contemporâneos de Jesus", só que neles não há nenhuma referência a esse multifacetado personagem. Os documentos que a igreja detêm a respeito, não possuem valor histórico, já que originalmente não mencionavam o nome de Jesus, e que foram rasurados, adulterados e falsificados, visando suprimir a ausência de documentação verdadeira. Essa falta de comprovação torna-se ainda mais significativa quando comparamos Jesus com Sócrates, por exemplo, que apesar de haver vivido vários séculos antes da lenda cristã, deixou comprovada sua existência, sua produção filosófica e cultural, seus pensamentos e inclusive seus discípulos (Aristóteles, Platão, Fédon etc).

Enquanto que Jesus não deixou verdadeiramente nada de palpável, seus discípulos teriam sido analfabetos que nada escreveram e que também não foram mencionados em lugar nenhum pelos historiadores da época.

Segundo um estudo realizado por La Sagesse, Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal criada para fazer cumprir as escrituras, visando dar seqüência ao judaísmo em face da diáspora e da destruição do Templo de Jerusalém. Teria sido um arranjo feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença, na qual ­ paradoxalmente - os judeus nem crêem. Tudo foi planejado para que o homem comum, as massas e os rebanhos continuassem sendo dóceis e fácil de manipular pelas mãos hábeis daqueles que historicamente sempre aproveitaram as religiões como fonte de lucros e de poder.

2. PROVAS E CONTRA-PROVAS

Flávio Josefo, Justo de Tiberiades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e Plínio (o Jovem), segundo a igreja católica, teriam feito referências a Cristo em seus escritos, só que esses documentos quando submetidos pela ciência a exames grafotécnicos, apresentaram provas de que haviam sido adulterados, parcialmente alguns e totalmente outros, pela igreja.

Além disso, o nome Crestus, Cristo e Jesus eram nomes muito comuns tanto na Galiléia como na Judéia e não se sabe a quem eram feitas as referências. Filon de Alexandria, apesar de haver contribuído muito para a construção do cristianismo, nega a existência de Cristo. Escrevendo sobre Pôncio Pilatos e sobre sua atuação como Procurador da Judéia, não faz referência alguma ao suposto julgamento de Jesus. Fala dos essênios e de sua doutrina comunal sem mencionar para nada o nome de Cristo. Quando esteve em Roma para defender os judeus, Filon fez os relatos mais diversos de acontecimentos ocorridos na Palestina, não dando nenhum dado sobre o personagem Jesus. É importante lembrar que Filon foi um dos maiores intelectuais de seu tempo, que estava muito bem informado e que jamais omitiria uma vida tão curiosa e tão trágica como a de Jesus. E o silêncio de Filón não se refere apenas a Jesus, mas também aos apóstolos, a José e a Maria.

Flavio Josefo, que nasceu no ano 37 e que escreveu até o ano 93 sobre o cristianismo, sobre o judaísmo, sobre os messias e os cristos do período, nada disse sobre Jesus Cristo. Justo de Tiberíades que escreveu a história dos judeus, desde Moisés até o ano 50, não menciona a Jesus. Os gregos, os romanos, os hindus dos séculos I e II, jamais ouviram falar da existência física de Jesus Cristo. Os trabalhos filosóficos e teosóficos dos professores da Escola de Tubingem demonstraram que os evangelhos e a Bíblia não possuem nenhum valor histórico e que tudo o que consta neles são arranjos, adaptações e ficções como o próprio Cristo o foi.

3. CRESTUS E CRISTO

Em 1947, em Coumrã, foram encontrados documentos escritos em hebreu que falavam em Crestus e não em Cristo. A igreja, ao tomar conhecimento da descoberta de tais documentos, pretendeu fazer crer que o tal Crestus era o mesmo Cristo de sua criação, só que as investigações posteriores deixaram muito claro que se tratava de uma fraude da igreja e que Crestus não era o Cristo que a igreja pretendia inventar. Tais documentos haviam sido escritos quase um século antes da novela do Calvário e que Crestus era um líder de uma comunidade legendária e comunista.

4. OS FILÓSOFOS E OS HISTORIADORES DIANTE DO MITO

Todos os historiadores que conseguiram «historiar» movidos pelas evidências e não pela fé ou pelo fanatismo negam a existência de Jesus Cristo. Reimarus, filósofo alemão (1768) chegou a conclusões irrefutáveis que abalaram a igreja, tanto ou mais que as conclusões de Darwin e de Copérnico. Kant foi o primeiro filósofo que expulsou Jesus da história da humanidade. Volney, em "Ruínas de Palmira", nega a existência de Jesus. A. Drews viveu e estudou durante muitos anos a história da Palestina e constatou que o cristianismo foi totalmente estruturado sobre mitos e mentiras. Dupuis, Reinach, Kapthoff, Couchoud etc, todos coincidem em dizer que tudo não passou de uma farsa aplicada sobre os homens de fé e um jogo político usado para fins de domínio.

5. OUTRAS FONTES DO CRISTIANISMO

O cristianismo não passa de plágios e de uma montagem de filosofias, religiões, valores éticos e morais, mitos e preconceitos pirateados de outras culturas. Como se sabe, antes do mito de Cristo já existiram centenas de outros supostos «redentores», de outros «messias», outros «enviados»... e quase todos anunciados e nascidos de virgens, milagreiros e humanitários que prometiam voltar para redimir o populacho de suas culpas (quê culpa?) e de seus pecados, blábláblá. Até hoje, entre os mais famosos e com mais status podemos citar Buda, Vishnu, Krishna, Mitra, Horus, Adonis etc. Inclusive os preceitos e a moral usada pelo cristianismo e atribuída a Cristo, foi sugerida e divulgada milhares de anos antes, por filósofos, charlatães e visionários. Exemplos:

(a). "Não faças aos outros o que não queres que a ti seja feito", pode ser encontrado no budismo, no bramanismo e nos escritos de Confúcio seis mil anos antes.

(b). "Perdoar aos inimigos", já havia sido aconselhado por Pitágoras muitos anos antes de Cristo.

(c). "Fraternidade e igualdade", foi insistentemente preconizada por Filón.

(d)."Tolerância e virtude". bem como o humanismo, a castidade e o pudor foram sugeridos e recomendados por Platão.

(e). Aristóteles já enchia o saco dos gregos com a idéia de que a "comunidade deve repousar no amor e na justiça".

(f). Sêneca aconselhava "o domínio das paixões bem como a insensibilidade à dor e aos prazeres". Ao mesmo tempo em que pedia "indulgência para com os escravos, já que todos os homens eram iguais". Os homens - segundo Sêneca e segundo Cristo - deviam amar-se uns aos outros etc. Todos esses clichês e chavões que os cristãos acreditam ser de seu mestre foram plagiados pelos inventores e gerentes da nova religião.

Para concluir: os organizadores do cristianismo não fizeram mais que selecionar, acrescentar e diagramar os pilares da nova e mais popular religião do planeta, religião que assaltaria o mundo e o tomaria de surpresa, prometendo-lhe exatamente o que a miséria e a imbecilidade generalizada de então precisava ouvir.

Não fizeram mais do que aproveitar-se da cegueira e da ignorância dos rebanhos, inventando novelas e anedotas sem sentido que eram sempre respaldadas pelo "mistério", pelas "complexidades divinas", pelo "sobrenatural" e pelo "incognoscível", . propagandeando um "paraíso" fora da terra (lógico) para os debilóides, e a volta do "Salvador".

tempo, as deficiências culturais e mentais, a lingüística, a informática, a propaganda enganosa, o comércio e muitos outros fatores foram fazendo dessa mentira pueril do messias uma verdade inquestionável, a ponto de alguns fanáticos afirmarem como um dos tantos e cômicos personagens Bíblicos: "CREIO PORQUE É ABSURDO".

Concluindo, como disse no princípio, não pretendo alterar a fé e nem as crenças de ninguém. Primeiro, porque não sou pastor, nem rabino, nem sacerdote e nem o Anticristo profetizado; segundo, porque a vida me ensinou que com alcoolistas, religiosos e políticos o diálogo é impossível. Prefiro, desde o alto de minha plataforma, ficar assistindo essa vil canalhice religiosa que segue (com a cumplicidade dos governos, dos exércitos, da mídia, das universidades e até das putas) contaminando crianças, mulheres, velhos e todos os tipos de otários. Quando me falta o ar e preciso purificar-me de toda essa baboseira infecta, recito as 14 palavras do velho Proudhon: "Os que me falam de religião querem meu dinheiro (que não é muito) ou minha liberdade (que é inegociável)". Amém!

Ezio Flavio Bazzo