Confesso que senti uma certa nostalgia ao ouvir a "Cerimônia de Adeus" do velho Mujica. Com quase noventa anos, esse ateu, descendente de agricultores genoveses, que fundou lá no México o Grupo 'episcopal' de Puebla, admite que está quase de malas prontas para a partida. Para onde? Para o nada!
"O que peço é que me deixem em paz, que não me peçam mais entrevistas nem nada. Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso."
Quem é que não se lembra daquelas espetaculares e subversivas 'Ações Diretas', pelas ruelas de Montevideo?
Insisto: A morte, principalmente a de um Tupamaro, que passou grande parte da vida na clandestinidade ou preso, é um horror! Uma sacanagem! Uma rendição e uma traição abominável!
Agora... seria uma forma sofisticada e subversiva de vingança, de niilismo e de ironia se, no dia de seu "Juízo Final", ao invés de um desses funerais babacas, depressivos e reacionários, se fizesse enterrar ou incinerar, sem cerimônias, junto a seu fusca, lá mesmo em Rincón del Cerco (sua chácara).... E ao som do chato e interminável Bolero de Ravel...
O resto, mon semblable et mon frère, é pura especulação metafísica, cabotina e moral, levada a cabo por uma espécie mais ou menos em desespero e também condenada à morte...
Sempre se respeita um ex guerrilheiro que trocou (e levou 3) tiros com "os homi"...
ResponderExcluirMas veja como a velhice torna o sujeito reacionário, ele teria dito nesta entrevista a um jornal uruguayo segundo o sítio carta capital:
“Não há nada como a democracia”, disse ao jornal uruguaio. “Quando jovem, eu não pensava assim, é verdade. Me enganei. Mas hoje luto por isso. Não é a sociedade perfeita, mas é a melhor possível”
Por aqui a memória e o respeito será sempre pelo Tupamaro!
Bazzo, acabo de ver numa livraria aqui de Salvador, seu livro sobre os cemitérios de Paris - Necrocídio - 40 jours et 52 photographies dan les cimitières de Paris, (1992) onde, nas primeiras páginas você cita uma carta de Ann Landers, onde ela diz: "Não estou em meu leito de morte mas vou me carregando de anos. Tenho uma modesta coleção de automóveis antigos. O carro que mais amo é um Dodge de 1937. Sempre que olho esse imenso automóvel, sinto-me estupidamente bem. Em vez de um ataúde, quisera estar sentado ao volante e depositado assim na terra..."
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