quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Lula, a paixão e a filosofia palaciana sobre as amantes...





Rachel  Weich, 1970

Depois daquela fala simplória do Lula sobre os homens que amam mais suas amantes do que suas esposas, (o que é mais do que óbvio!), o mundo feminino desabou sobre ele. Donas de casa, doutoras, empresarias, heterosexuais e lésbicas de direita e de esquerda, intelectuais e analfabetas, cortesãs, juristas, beatas, mulheres do mundo e mulheres do lar... todas, em uníssono, o estão fulminando com os chavões de sempre. E não apenas elas, a grande maioria dos homens, inclusive gente que gosta de cacarejar sobre a Renascença e o Iluminismo, tomados pela hipocrisia do momento e pelo medo de suas jararacas, engrossaram o coro. Inacreditável! Como é que o país conseguirá levantar-se desse jeito?

Eu, que achei a fala do Lula, demagógica, quase de boteco, mas honesta, enquanto ele discursava ia pensando numa recomendação de Giraudoux: "Com tua esposa, comporte-se como se portaria com a de outro!"

E a gritaria vem de todos os lados. Até as feministas estão babando nos bordados e no pretinho básico da Chanel. As freirinhas e os coroinhas das redações dos jornais estão reunidos com seus chefes, para decidir como tratar o assunto, sem queimar a imagem do mandatário da nação, mas também sem ofender os pastores, a CNBB e sem dar fôlego aos pelegos, brochas que ainda acham que a honra é tudo... E os camaradas da esquerda, abalados, mas com medo de uma direita imaginária, cochicham entre si, tendem a colocar a culpa na Janja e nada mais... Nenhuma reflexão revolucionária. Nada! Seguem queimando incenso, devotamente, a la Sacra Famiglia, como o fazia Mussolini: É a base! O que existe de mais sagrado no mundo! Dizem.

Uma amante? Que horror! Que decepção! Que pecado mortal! 

Ora, não sejam idiotas. Caiam na real! Se tivessem lido, pelo menos um pouco, saberiam que os pilares da sociedade foram todos edificados por traidores e por traídos. Que esse tipo de moralismo é pior que a lepra e que a tuberculose juntas. E que no fundo, bem no fundo do espírito de porco desses moralistas, o problema nem é a amante, mas a paixão. O que os atormenta é a existência do desejo e do gozo. Observem como historicamente, as massas e os rebanhos sempre procuraram proibir seus dirigentes de terem sexualidade e de gozarem dela.

Ora! Mas não há gravidade nenhuma nisso! Até os eunucos e as próprias mulheres sabem. Elas mesmas não têm dúvidas de que suas maiores paixões foram sempre infinitamente maiores por seus amantes do que por seus obesos, bobalhões e sedentários "esposos". Qual é o problema? Na essência, a ilusão é a mesma! Lembram daquele filósofo alemão que declarava: 'feliz o homem cuja amante não é senão meia serpente!" 

E depois, é provável que um belo dia, ainda se venha concluir que os melhores governantes foram sempre aqueles que mais treparam, inclusive durante o mandato... 

Enfim, a fala do Lula, lá no meio daquela pantomima, não tem gravidade nenhuma. Inclusive, por estar se declarando apaixonado pela democracia... Estar apaixonado pela democracia! Ora! Isso sim é um desvario. E inclusive, porque sua "paixão democrática", meia hora depois, se mostrou ser bem volátil, etérea e fugidia, quando sua polícia interditou um sujeito que, no meio do rebanho, tentava subir a rampa do palácio, portando um cachecol palestino no pescoço. (!?)

Enfim, estamos diante de outro festival de bobagens e de protocolos, quase infanto-juvenis. 

Agora.., se se pretende seguir 'fazendo de conta' que estamos no país das maravilhas, e que a virilidade é coisa de búfalos, é bom que melhorem o cabresto do Lula ou, na próxima reunião, se correrá o risco de ouví-lo dizer, como Decourcelle: Anjo, a mulher que desejamos; demônio, a que temos...







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