De superstições em superstições, acabaremos reeditando a Idade Média...

 

Baseados apenas em opiniões de malabaristas, de supersticiosos medievais e de administradores de eflúvios espirituais, resolveram interditar os celulares dos alunos durante as aulas. O argumento? Evitar que as crianças desviem a atenção da sacra Sabedoria dos Mestres para o smartphone. Ora! Já obrigam as crianças a rezarem antes das aulas, e as tias e os tios, quando mencionam a Darwin o fazem como se se tratasse de um herdeiro e mensageiro de Belzebú... Quanto falta para instituírem novamente a palmatória e a pedagogia da corda? Ah! É a preservação do Sanctum Santorum...

Não adianta negar e esconder-se por detrás de psicologismos de freiras ou de moralismos pueris e nem fazer confusão entre teologia e diabologia. O fracasso da escola contemporânea é indisfarçável e está na cara! Veja-se os resultados das últimas pesquisas... É importante que os monopólios pedagógicos, ao invés de instituírem mais essa proibição reacionária, passem, pelo menos, a acreditar que, como diz G. Papini, as relações entre Deus e o Diabo são muito mais cordiais do que se imagina e que, portanto, é possível entrar no reino de Deus até mesmo pelo portal do pecado...

E depois, essa tendencia temerosa de sempre recuar, adequar e mediocrizar, ao invés de avançar, é ridícula, vergonhosa e decadente. Ao invés de obrigar os alunos a ficarem "atentos" às mesmíssimas bobagens que lhes são enfiadas goela abaixo há quinhentos anos e a renunciarem a aquilo que a humanidade produziu de mais fascinante até agora, por que não pensar em outro tipo de pedagogia e em outro pedigree para os professores? Qualquer um sabe que um mês usando livremente a internet, um aluno, de qualquer idade, progride emocional, social e intelectualmente bem mais do que seis meses trancafiado numa dessas escolinhas com protocolos e arquitetura de prisão. A propósito, é pertinente lembrar que os celulares também são proibidos lá nas penitenciárias...