quinta-feira, 29 de junho de 2017

Aos escravos - Trabalho? Reformar as leis que o regem ou pensar em extingui-lo?... Juan Ibasque...






Os meus dez contraconselhos:
( Corinne Maier em: Bom dia, preguiça)

1. O empregado é a moderna figura da escravatura. Recorde-se que a empresa não é um lugar de realização pessoal, se fosse já se tinha dado por isso. Você trabalha para receber o ordenado ao fim do mês e "ponto final", como vulgarmente se diz nas empresas.

2. Não vale a pena querer mudar o sistema, confrontá-lo é o mesmo que o reforçar; contestá-lo é fazê-lo vingar com mais consistência ainda. Pode, com certeza, dedicar-se a graças anarquistas do estilo: instituir um dia consagrado a telefonar para o escritório para dizer "Estou doente", ou adoptar o manifesto "Roubem no emprego porque o emprego também vos rouba". Tem muita graça, mas a revolta, isso era bom para os contestatários dos anos 70, e sabe-se bem aquilo em que eles se tornaram (em patrões).

3. Aquilo que você faz não serve, em última análise, para nada e você pode, de um dia para outro, ser substituído pelo primeiro cretino que apareça. Por isso, trabalhe o menos possível e consagre algum tempo (mas sem exagero) a "vender-se"e a criar "o seu próprio círculo"; desta forma, estará dotado de apoios e será intocável (e intocado) no caso de uma reestruturação.

4. Não será julgado pela maneira como desempenha o seu trabalho, antes pela sua capacidade em se conformar com sensatez ao modelo dominante. Quanto mais utilizar uma retórica oca, mais pensarão que está ao corrente do que se passa.

5. Nunca aceite, seja a que pretexto for, um lugar de responsabilidade. Seria obrigado a trabalhar consideravelmente mais, sem outra contrapartida senão alguns euros a mais (ou seja, "peanuts"), e mesmo assim...

6. Escolha, nas maiores empresas, as áreas menos úteis: consultoria, peritagem, pesquisa, estudos. Quanto mais inúteis, menos possível será qualificar a sua "contribuição para a criação de riqueza pela empresa". Fuja das funções operativas "no terreno"como da peste. O ideal será portanto procurar vir a ser "posto na prateleira": estes postos de trabalho improdutivos, muitas vezes "transversais, são irrelevantes, mas sem qualquer espécie de pressão de natureza hierárquica: resumindo, é o descanso.

7 Uma vez na prateleira, evite acima de tudo as mudanças: entre os quadros, só os que mais se destacam é que são despedidos.

8. Aprenda a reconhecer, através de sinais discretos (pormenores no vestuário, piadas fora de tempo, sorrisos amáveis) aqueles que, tal como você, não acreditam no sistema e se aperceberam até que ponto ele é absurdo.

9. Sempre que "enquadrar"pessoas que estão em situação temporária na empresa (contratados a prazo, tarefeiros, trabalhadores de firmas prestadoras de serviços...) trate-os cordialmente; nunca se esqueça de que são os únicos que realmente trabalham.

10. Convença-se de que toda esta ideologia ridícula, veiculada e promovida pela empresa, não é mais do que uma falácia e que um dia desmoronará. Como dizia Stálin: no fim de contas, é sempre a morte que ganha. O problema é saber quando...

2 comentários:

  1. http://blogs.correiobraziliense.com.br/vicente/mpt-investigara-embaixador-que-pediu-escravo-no-itamaraty/

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  2. Guy Standing: “Estamos rumo a um sistema onde trabalho duro e o talento não são premiados”
    https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/10/economia/1494440370_281151.html

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