"Tous les animaux étaient des bêtes e les hommes aussi étaient des bêtes..."
Pascal Quignard
Neste domingo de dezembro (o mais belo dezembro de todos os tempos), no final da manhã, os velhinhos e até os mendigos que estavam na fila do frango assado, diziam ter saudades dos tempos do Fernando Henrique Cardoso, quando um frango, até com um punhado de farofa, se podia comprar por uns 12 reais. O de hoje, sem farofa e do tamanho de um nambu (para não dizer de um sabiá), estava custando 64,00. Que diferença brutal! Insistia uma senhora, com traços de sub-normalidade, com seu guarda-chuva já meio aberto... Começava a chover. E os frangos estavam lá, imóveis, bronzeados, uns até com os olhos aparentemente abertos (onde se podia identificar um princípio de cataratas) e naquela posição escandalosamente erótica a espera dos clientes, enquanto os papos iam se espalhando entre aqueles da fila e os que zanzavam, só por curiosidade, ao redor do forno elétrico e que foram para lá apenas para ver como andam as coisas e a quantas anda a filosofia da miséria tão propalada pelos evangelizadores da mídia e das seitas, nestas vésperas de ano novo. Eu, fazia um esforço imenso para manter-me sóbrio enquanto revisava mentalmente uma ou outra página do livro: Viagem ao fundo dos galinheiros... Ou: por quem os galos cantam... (Uma hermenêutica dos claustros...)




