quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Quando a cadela passa...

[... Quando estiver na cama e ouvir o latido dos cães no campo, esconde-te sob as cobertas e não zombe daquilo que eles fazem, pois eles, como você, como eu e como todos os seres de cara pálida e alongada, têm uma sede insaciável de infinito]
Isidore Ducasse

Quando a cadela Akita branca, de uns 9 anos e com uns 25 quilos sai do prédio em frente para passear, conduzida por seu dono ou por uma doméstica, a cachorrada toda dos prédios vizinhos fica desesperada nas varandas, não sei se de tesão, de alegria ou da mais desprezível das invejas. 
É uma cadela exuberante! Tem o perfil de um lobo. Um porte soberbo, não olha para os lados e muito menos para o alto onde a cachorrada, Lhasas, Yorkshires, Poodles, Shih Tzus, Chihuahuas e até uma cadelinha Lulu da Pomerânia, sem falar de outros guapecas menores e sem pedigree, esta em desespero. Latem, uivam, se estrebucham contra as grades, rasgam as cortinas, babam e entram literalmente em surto. O meu mesmo, um Lhasa ainda virgem, depois que vê aquela beldade passar lá embaixo, esta com o dia perdido. Não come, não bebe, fica olhando longo tempo para o vazio como se tivesse lido O SER E O NADA, recolhe-se à sua insignificância e só quer dormir. E já percebi que mesmo dormindo emite uns resmungos de frustração e de inconformismo. E quando o levo para passear, uma ou duas horas depois, vai cheirando tudo obsessivamente e só quer seguir a trilha por onde aquela deusa passou. 
Que porra é essa? 
Que sede absurda e insaciável de infinito! 
Que miséria e que escravidão!

Um comentário:

  1. Coloca teu cachorro pra da uma trepada que ele vai ta nem ai pra essa cadela! Kkkkkkkk

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