sexta-feira, 12 de julho de 2019

A metafísica do pó...

"No hay árbol bódhico
Ni espejo bruñido.
Puesto que todo está vacío,
Dónde puede caer el polvo?"
D,T.Suzuki
(IN: La doctrina Zen del inconsciente p. 23)

As toneladas de pó (cocaína) que foram apreendidas nas últimas semanas indo de um porto a outro pelo mundo a fora até serem aspiradas por ricos ociosos ou por pobres escravizados, ou por uma classe média frívola e delirante deixa cada vez mais claro que além de um problema social, o mundo e a Espécie continuam mergulhados num problema existencial crônico e na consciência daquilo que já denunciou o ranzinza Fernando Pessoa: a vida não basta! 
E digo continuam, para fazer um contraponto aos que pensam que  as drogas (a cocaína, a heroína, o cauim, o absinto, o vinho, a maconha, o ópio, a cerveja, as religiões, o crack, a ayahuasca a cachaça e etc), são um problema recente, da atualidade, da modernidade e até, para usar uma expressão fútil e intelectualóide: da pós-modernidade. 
Não! 
Desde que foi "expulso do paraíso"o homem passou a buscar formas de embriagar-se e de alucinar-se basicamente para fugir da realidade, do tédio e do 'sem sentido' de todos os dias. 
Quando os traficantes se tornarem mais esclarecidos é bem provável que passem a imprimir nos papelotes, nos containers e até nos navios e nos submarinos do tráfico a frase poética daquele charlatão-mor de Pune: "a vida é uma canção que não tem sentido!"




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