sexta-feira, 7 de junho de 2019

Seria uma espécie de namoro com o juízo final?

[... Oh mágico sonho!
Oh ave confortável,
que pousas sobre o tormentoso mar da mente
até que ela se cale e sossegue!]
Keats

Até o pessoal que elegeu o Bolsonaro esta confuso com seus projetos e com suas intenções. Não necessariamente por questões ideológicas, mas por pura lógica. Estaria querendo sacanear a população? Querendo fazer um controle populacional por estas vias? Investindo pesado no crescimento dos  cemitérios? 
E escrevo isto pensando em apenas quatro/cinco de seus últimos projetos:

1. O dos caminhoneiros. Extinguir a obrigatoriedade dos exames toxicológicos entre os caminhoneiro sabendo que entre eles há os que não sabem dirigir sem uns bons tragos ou sem umas boas cheiradas. Qual é a lógica? Qual é o sentido? Quem costuma ir de Brasília a Pirinópolis - por exemplo - costuma ver carretas imensas descendo as pirambeiras como vagões desgovernados com luzes azuis e vermelhas na cabine, música paraguaia e uma ou duas senhoritas no colo do piloto. Ir e voltar vivo por estas estradas é um verdadeiro milagre... Mas chegará o momento em que não haverá mais espaço para cruzes e nem para carcaças de caminhões nos acostamentos...

2. E a loucura de baixar os impostos dos cigarros nacionais como estratégia para freiar o contrabando do tabaco paraguaio. Que sentido tem isso? Qual é a lógica? Quem é o mentor desta teoria? Quando todo mundo sabe que o câncer pulmonar com cigarro paraguaio ou brasileiro é o mesmo!

3. E as crianças fora das cadeirinhas? Já não basta a mortalidade infantil nas maternidades e na periferia dos lixões? É evidente que isto tomará rapidamente ares de infanticídio e de filicídio  Qual é o sentido? Qual é a lógica? O que se pretende com isso?

4. E a carteira de motorista? E os velhinhos que só terão que ir ao oftalmologista uma vez cada dez anos? Será possível sobreviver num país onde 40% dos motoristas já estarão praticamente cegos?

5. E as armas? Os fuzis? As semi-automáticas? Os rifles? Vai ser uma festa ver três ou quatro pinguços de pé, no balcão dos botecos, depois das onze da noite, discutindo religião ou futebol, cada um com o cabo de seu revólver para fora da cintura e o garçom, já entediado, com uma espingarda sobre o barril de chopp...
É de se esperar que quem tem capital e juízo e quer fazer seu dinheiro triplicar nos próximos anos investirá seguramente em funerárias, em crematórios, na expedição de atestados de óbito, na indústria de aparelhos ortopédicos e nos óleos usados na extrema-unção...
Mas... qual é, afinal, a lógica que rege essas idéias? Seria uma espécie de namoro com o juízo final?


Nenhum comentário:

Postar um comentário