terça-feira, 13 de novembro de 2018

A armadilha da diversidade... Ou: o rebanho indo para o brejo...

O mendigo K que todas os dias vai a um café da Gran via bebericar um capuccino com um bolo de cenoura, estava lá, com outros dois mendigos, um da Romênia e outro da Holanda, nesta manhã do dia13, aproveitando o sol que "milagrosamente' reapareceu... e discutiam um livro já sem capa que estava sobre a mesa. Um livro de Daniel Barnabé com o titulo: La trampa de la diversidade ou: (como el neoliberalismo fragmentó la identidad de la classe trabalhadora). O assunto - foi logo me prevenindo - é fundamental, principalmente para os latino-americanos que ficam irresponsavelmente e como papagaios repetindo e colocando em prática o que os teóricos daqui, na porralouquice, colocam em pauta sem ter consciência da armadilha em que estão caindo... Puxou uma cadeira para que eu me sentasse e foi lendo alguns trechos:  

1. "El gran invento (e a malandragem) de la diversidad es convertir nuestra individualidad en aparente lucha política, activismo social y movilización. La bandera deja de ser colectivista para ser expresión de diversidad, diversidad hasta el limite, es decir, individualidad. (...) Los hombres y mujeres que luchaban por una sociedad más justa combatiam la desigualdad...  Agora se reafirma e se reivindica la diferencia sin percibir que, tras ella, podemos estar defendiendo lo que siempre combatimos." Entende?

2. O uso e abuso que o comércio esta fazendo da diversidade é espetacular. Por  exemplo: uma simples loja de brinquedos eróticos consegue publicar uma reportagem com este título: "Uma eroteca vegana feminista, transgêneros e respeitosa com a diversidade relacional e corporal" Caralho! Bazzo. Percebe a malandragem e o charlatanismo que há nisso? Aliás, você sabia que nos EEUU se vende até perucas para vaginas? O neoliberalismo enrabou todo mundo. Distraiu uma juventude alienada e babaca com essas estórias de viadagem, de pureza, de género, de diversidade enquanto aperfeiçoava seus negócios e turbinava seus bancos e lucros. Veja o caso da Frida Kahlo. Romantizaram cinicamente suas desgraças e transformaram sua pós-existência num negócio! De uma simples pintora (quase freira) que flertava com o comunismo, que "era casada com um porco" e que nem era feminista (segundo escreveu E. Shackelford em 1990, no New York Times) foi transformada em algo que nunca foi e hoje seu nome vende bolsas, sapatos, pulseiras, perfumes, roupas, crenças e o diabo a quatro. Tudo é convertido hipocritamente em supermercado. Recentemente foi motivo de piada a descoberta de que a Theresa May, a líder das direitas britânicas, levava no braço uma pulseira da camarada Frida Kahlo. Como é possível, se perguntavam os rebanhos na rua que uma conservadora como ela leve no braço uma pulseira com a marca de uma comunista? 
Resposta: porque tudo é teatro, festim de milionários por um lado e festim de mendigos por outro. Acreditem: há um transtorno de personalidade generalizado. O mundo é um circo e cada vez mais suburbano... Quê miséria!!! 
Disse isso, deu o último trago em seu capuccino, bateu-me nas costas e saiu por uma porta dos fundos sem pagar a conta...


2 comentários:

  1. BAZZO, veja aí como estamos mal de profetas e de astrólogos...

    https://www.youtube.com/watch?v=i8a7uZpl5ow

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  2. https://www.youtube.com/watch?v=ZarO-FXM8q0

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