quarta-feira, 25 de abril de 2018

O mendigo K. e o bloqueio dos celulares clandestinos...

"Não podemos fechar os olhos para os processos sociais e canalhas que, por um lado, SUPER-erotizam as mercadorias e por outro DES-erotizam o sexo..."
Jerome Agel in: p. 28, El terapeuta radical, N.Y.
_________________________________________



Hoje, quarta-feira de abril, acabo de encontrar o mendigo K. na portaria do Ministério das Comunicações. 
Com a noticia de que na semana que vem 40 milhões de telefones celulares clandestinos, comprados de ladrões, de contrabandistas ou de comerciantes trapaceiros serão bloqueados, estava lá em busca de um habeas Corpus numa tentativa de salvar seu Iphone comprado por uma bagatela numa feira de ladrões aqui da cidade. Puxou o aparelho do bolso traseiro e mostrou-me como é tão ou até melhor do que os (legítimos) que são vendidos nos shoppings por vinte vezes mais. Número do IMEI? Que porra é essa?
No meio de uma grande indignação fez apologia das falsificações (roupas, CDs, remédios, perfumes e até de cocaína) e demonstrou-me que a caça aos clandestinos era uma artimanha dos comerciantes (dos mesmos comerciantes protegidos por um alvará, os mesmos que de uma maneira ou de outra haviam desovado os "clandestinos") e que agora, por pura jogada econômica, pressionavam o Estado, a reguladora" Anatel e a polícia... Reguladora? Por quê não regulou antes? 
Estava um pouco ansioso a espera de um advogado que - segundo ele - iria, por 450 reais, entrar no STF com um habeas corpus tentando abortar essa sacanagem. 
Imagine! esbravejou. Somos 40 milhões de sujeitos que temos telefones clandestinos... 40 milhões de trapaceiros! Se nos bloqueiam agora, teremos que jogar no lixo nossos aparelhos e comprar outros. Sem falar que cada lixão será uma montanha radioativa... Ou alguém reciclará essa merda toda? 
Por outro lado, 40 milhões de novas vendas! Não é um negócio da China? Literalmente da China e que favorecerá somente a mesma turba de larápios?

Um comentário:

  1. Aí está o cerne da questão: os dois lados são espurios. O habeas corpus é uma malandragem...mas como não usar esse artifício, se o outro lado, o que "julga" é malandra e escancaradamente um tribunal nos moldes da Santa Inquisição em pleno século XXI? À vista de todos?

    ResponderExcluir