domingo, 8 de outubro de 2017

A opinião de um rabino sobre aulas de religião nas escolas públicas...

‘Proselitismo, não’

O rabino Nilton Bonder acha que uma aula de religião bem dada pode até abrir a cabeça do aluno, mas que escola pública não é lugar para profissões de fé (Revista Veja)

Por Maria Clara Vieira
access_time 8 out 2017, 09h07 
Rabino Nilton Bonder
(Marcos Michael//)
Autor renomado e um dos religiosos mais influentes do país, o rabino Nilton Bonder, de 59 anos, evoca a própria experiência ao falar sobre a recente e ruidosa decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite aulas de religião nas escolas públicas. Na infância, Bonder foi dispensado da matéria, ensinada em sua escola por uma freira. Lembra-se até hoje de seu constrangimento quando era o único garoto que se levantava e saía da sala. “Era um horror”, diz. Nascido em Porto Alegre e radicado no Rio de Janeiro, Bonder discorda da decisão do STF e acha que o ensino religioso não pode privilegiar nenhuma confissão. Na entrevista que VEJA publica nesta semana, ele explica por quê. A seguir, um trecho da conversa.
O que representa a liberação pelo STF do ensino confessional religioso nas escolas públicas? Vejo nas aulas dadas por padres, pastores ou rabinos uma brecha para que a religião vire proselitismo. Colocado na base do pode ou não pode, de se é constitucional ou não, o debate acaba restrito ao plano mais rasteiro. A pergunta que deveria ser martelada o tempo todo é: o que se espera que a religião acrescente à tão combalida educação brasileira? Faltou uma reflexão sobre conteúdo. As aulas de religião deveriam abrir aos alunos uma nova dimensão de conhecimento. Mas, se divulgam uma fé, fecham o espectro do pensamento, o que é nocivo.


O senhor quer dizer então que ensinar uma religião específica faz mais mal do que bem? Pode fazer mal, sim. A identificação com um grupo tem um lado tóxico, porque há o risco de levar à cegueira. Isso acontece, por exemplo, com as torcidas de futebol, quando descambam para a irracionalidade. Não se constrói a diversidade apresentando uma única narrativa. E um professor que siga uma determinada fé provavelmente encaminhará a aula na direção que lhe pareça mais condizente com ela.

4 comentários:

  1. https://www.youtube.com/watch?v=mUKwbYKYz00

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  2. https://www.youtube.com/watch?v=QajK19v_fyw

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  3. https://www.youtube.com/watch?v=0OTuS792jJw

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  4. http://www.hlage.com.br/E-Books-Livros-PPS/Jesus_Cristo_Nunca_Existiu%20-%20La%20Sagesse.pdf

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