quinta-feira, 15 de junho de 2017

15 de junho. Dia em que os céus não têm de que se queixar...


Hoje, 15 de junho, os céus e os santos não têm do que se queixar. Por todo o país os crentes foram às ruas oferecer propina e prestar homenagem ao oculto e ao sagrado. Em São Paulo houve a famosa Marcha para Jesus, aqui em Brasília e no resto do país as multidões desfilaram por sobre aqueles tapetões coloridos com seus bufões pronunciando o nome de Cristo e de Deus, quase em vão, sem falar do nordeste, onde as festanças religiosas, as manifestações de animismo e os tiros de espingarda já duram três dias em louvor a todos os habitantes celestes. É uma auto tapeação pueril e quase inacreditável que explicita muito bem o grau de solidão e de desamparo da espécie.  Nem parece que estamos no meio de uma caricatura de "guerra civil"; no meio de uma roubalheira que compromete até os eremitas... e onde todos os caminhos, absolutamente todos, como dizia Campos de Carvalho, conduzem apenas à fornicação...
Tomara que Jesus, Buda, Krishna, Maomé, Zaratustra, Shiwa, Quetzalcóatl, Olodumaré e todos os outros deuses ou filhos deles que nem sequer sabemos o nome não se envergonhem dessa pantomima e dessa descarada malandragem para tentar limpar-se e "merecer o paraíso"... Tomara que num dos momentos de trégua ecumênica na luta para lotear a turba, esses demiurgos tenham algo diferente de piedade e de desprezo por esse rebanho...
Enquanto isso, no mesmo horário e com a mesma discrição, o sol seguia sua rota indiferente, alheio a todas essas bobagens histérico-infantis e a todo esse delírio de transcendência e desse indisfarçável sintoma de culpabilidade... 










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