quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Agora são 17:33 de quinta-feira,dia 16, e o mundo ainda não acabou...


As noticias de que no dia de hoje um asteróide gigante iria chocar-se com a terra foram levadas a sério por muita gente, principalmente aqui em Portugal onde o terremoto de 1755, um dos mais violentos do planeta, ainda está registrado no DNA dos lusitanos. Como aconteceu no dia de Todos os Santos, as igrejas estavam lotadas e os estragos foram imensos. Terremoto, tsunami e fogo ao mesmo tempo. Para um povo místico e hermético como o português, não faltava mais nenhum elemento para desencadear a crença e a fé paranóide de que tudo havia sido armado pelo diabo. Dizem que nestes quase trezentos anos os devotos de Hermes Trimegisto sempre dedicam algumas horas da semana em rituais preventivos para atrair à terra as energias celestes figurando a organização cósmica...
Segundo dados da história atual, Lisboa só foi reconstruída pelo simpático Marques de Pombal com 100% de capital brasileiro. Eu, não dei lá muita atenção ao assunto, mas..., por via das dúvidas e para não correr o risco de perder tamanho espetáculo, carreguei minhas baterias, comprei quatro bolinhos de bacalhau e tomei o metrô para a cidade universitária. Até agora, nada. Os professores correm de um lado a outro com seus passinhos delicados e com pilhas de livros em baixo dos braços e as adolescentes semi-histéricas e recém entradas na universidade fingem dormitar ao sol aí pelos gramados ou recostadas em alguma pilastra. Apesar de sempre ter acreditado que a universidade é o melhor dos mundos, devo admitir que nos últimos anos esse clima "acadêmico" faz mal para minhas tripas. Caminho de uma sala a outra lendo os cartazes colados às paredes indicando cursos, simpósios, conferências, aulas, teses e etc e me deparando com o linguajar cretino e mistificador que tanto detesto.
Exemplo: titulo de um simpósio: "Olhares cruzados sobre o 'outro' antropológico." O 'outro antropológico'! Que porra é essa? 
Não é possível que isso só faça mal a mim! Vejam outro: 
"Cultura e civilização na Amazonia - o léxico moderno no pensamento de José Veríssimo..." O 'léxico moderno!' Que porra é essa? Olho pela janela, e nada de asteróide!... 
Não foi contra toda essa babaquice que os jovens parisienses de 68 se revoltaram? Pensando bem, como escreve Corinne Maier em seu Bonjour parasse - De l'art et de la nécessité d'en faire le moins possible en entreprise:  "Não há que se ter ilusões: nada se pode esperar das revoluções já que a humanidade não cessa de repetir os mesmos erros: a papelada; os chefes mais do que medíocres; e, nos períodos um pouco mais quentes, quando as pessoas se enervam a sério, os patíbulos. São estas as três mamas da história (se é que a história tem mamas). "

Reprodução do terremoto (em metal)

2 comentários:

  1. Seamos individualistas e ineficaces y hagamos lo mínimo posible, mientras aguardamos la buena nueva: que todo este sistema se hunda. - Buenos días pereza

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  2. Toda vez que alguém supõe o fim dos tempos me dá uma tristeza... sabemos que esse mundo sacana que vivemos ainda vai durar muito depois que a gente virar pó. Nem vamos ter o prazer de ver as estruturas desmoronar

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