quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Ainda sobre Mein Kanpf...


Nesta quinta-feira pré-carnavalesca, aqui em Brasília não se fala em outra coisa além da proibição (por um juiz do RJ) do livro de Hitler publicado por primeira vez em 1925, cujo título é Mein Kanpf (Minha luta). A senhora que encontrei no elevador nesta manhã - por exemplo - ironizou: se nem a biografia do Roberto Carlos foi autorizada, imaginem a de Adolf Hitler... E depois ainda ficam cacarejando por aí que vivemos em uma democracia, que há liberdade de expressão e que somos uma pátria educadora... Ora, proibições como esta denunciam a grandeza de nosso atraso e o quanto é calamitoso e vergonhoso nosso naufrágio cultural e fútil o nosso destino. Atos tacanhos como esse deveriam servir - isto sim - para os gestores da educação superior perceberem como é urgente a inclusão de mais aulas de antropologia, de psicologia e de literatura na grade curricular dos bacharéis em direito... 
Para mim, entretanto, o que parece mais bizarro nessa babaquice, é que se a atitude do judiciário, tinha como objetivo evitar que as massas "ignorantes" tomassem conhecimento das idéias autoritárias e intolerantes de Hitler, teve efeito exatamente contrário, pois agora, aqui em Brasília, até os porteiros dos prédios, os taxistas, e os vendedores de coco, que nunca haviam ouvido falar  em Hitler, muito menos em Mein Kanpf e nem sequer no Pequeno Principe, estão extremamente interessados pela obra e pedindo a seus filhos adolescentes que a baixem na internet. Em síntese, para alegria dos editores, uma imensa propaganda gratuita.
E depois, proibir um livro, seja ele da natureza que for, paradoxalmente, é seguir o exemplo do próprio Hitler que, na Alemanha nazista de 1933 mandou confiscar e queimar milhares e milhares de obras, entre elas o livro dos Rosa Cruzes: Die Rosenkreuzer, Zur Geschichte einer Reformation. (Ver Os livros malditos, de Jacques Bergier). Também lembra os idiotas que incendiaram a Biblioteca da Alexandria, as ditaduras latino-americanas, a inquisição e etc... Além disso, resmungou o mendigo K.: se fossemos proibir tudo o que é lixo literário, as livrarias ficariam praticamente vazias...

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