sexta-feira, 27 de junho de 2014

E os abutres não dizem nada.... Só esperam a hora do banquete final...


http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/35810/juiz+dos+eua+rejeita+pedido+da+argentina+para+suspender+pagamento+a+fundos+abutres.shtml

O vampiro é um bebê que morde...

"Os velhos gostam de ditar bons preceitos como consolo por não estarem mais em condições de dar maus exemplos..."
La Rochefoucauld

A mordida do jogador uruguaio no cangote do jogador italiano está produzindo estórias do arco da velha. Há até quem diga que já é o resultado da liberação da maconha naquele país; que são reminiscências do canibalismo ou até mesmo que o jogador uruguaio é realmente um Drácula, um vampiro da linhagem daqueles de Dusseldorf., etc, que veio reencarnar aqui nos trópicos.
O psicanalista Max Kohn produziu - bem antes da copa e bem antes do jogo em questão -  um artigo psi sobre o assunto. Artigo do qual reproduzo o fragmento abaixo. 
Descontando as interpretações pra lá de sobrenaturais, o texto é compreensível e esclarecedor, até mesmo para a grande maioria dos jogadores e dos torcedores de futebol. 
Ao final, está disponível uma bibliografia para aqueles que desejarem flertar com a confraria...


O VAMPIRO É UM BEBÊ QUE MORDE

Max Kohn
Psicanalista, membro do Espace Analytyque e da Maison de La Mère et de l'Enfant em Paris (Fundação Albert Hartmann, Sociedade filantrópica). "Maître de conférence" e orientador de pesquisas na Universidade Paris Diderot. maxkohn@wanadoo.fr


Do ponto de vista psicanalítico, qual é então a relação com os dentes e a mordida que contamina, que faz com que o outro também se torne vampiro?
"O beijo faz de vós um não morto", diz Van Helsing ao Doutor Seward em Drácula. O beijo aqui é um desencadeador, uma vez que é algo propriamente humano. Isso interroga acerca da significação do beijo nas práticas humanas. O beijo é muito antropomórfico.
É um mito que encontra uma fantasia universal que é de que, para sobreviver, o lactente deve praticar a sucção. O beijo no homem é algo cultural muito construído que, portanto, não tem equivalente no animal. Quando o bebê suga o seio de sua mãe, isso se situa, evidentemente, mais no pulsional do que no cultural. Freud, a esse propósito, fala de pulsão oral. O beijo é um objeto de civilização. O beijo do vampiro é tudo, menos sucção. Aliás, no cinema o beijo é uma cena sabiamente construída. É o momento do filme em que um indivíduo vai passar do estado humano ao estado de vampiro. O vampiro está, por fim, de preferência do lado da mordida do que do beijo. O vampiro é um operador da passagem entre natureza e cultura em nós. A mordida do vampiro não é terrível apenas para aquele que a recebe, mas também para as futuras presas deste último. É um ato com consequências múltiplas e terríveis.
É difícil associar a mordida do vampiro à do canibalismo, porque o próprio vampiro não come. É, entretanto, possível ver aí uma pista de reflexão como Lévi-Strauss (2000) lembra, em toda sociedade humana há um risco de comportamento predatório. A civilização é o interdito do incesto, mas também o interdito do canibalismo. Mas, ao mesmo tempo, o horizonte permanente de uma civilização é a possibilidade de ação predatória.
Toda a arte do beijo faz parte de um painel da sedução do apaixonado.
Van Helsing explica: "se a vítima da mordida morre, então os furinhos de seu pescoço cicatrizam". Sucção, beijo e mordida por si mesmos, não produzem nenhum efeito de periculosidade. Mas no inconsciente esse ato possui um lado perigoso mais desenvolvido. É porque o erotismo se mistura aí, e que a sexualidade não está distante. As construções sociais em torno do beijo vêm afirmar que é possível ir até o canibalismo.
No registro da arte erótica, o beijo pode marcar, mas vai se apagar. Na realidade humana, o vestígio que isso deixa se apaga. No mundo dos vampiros, é pre­ciso que a vítima morra para que o vestígio do beijo se apague, o que não é o caso no ser humano. O que é morder alguém? É marcá-lo.
As crianças que não vão bem porque ninguém as reconhece começam a morder as outras crianças. Quando os pais fracassam de todo, os bebês vão se dirigir a outros bebês mordendo-os. A mordida é uma palavra: todos os sintomas são palavras.
Com o vampiro estamos ao mesmo tempo do lado de cá do estádio do espelho, da constituição da palavra, da mordida da linguagem sobre nós. A ordem simbólica da qual a linguagem faz parte tanto quanto as línguas, para retomar o que Lacan (1966) dizia, exerce uma mordida que preexiste a nós como sujeitos. E é possível dizer que o vampiro é um bebê intemporal muito grande, sem nome, constituindo um fardo de carne atravessado por fluidos vitais e pulsionais. Pode ser perigoso para o adulto, porque pode matar a mãe e as pessoas que estão à sua volta a poder de desejos ou necessidades vitais.
O bebê é alguém que morde o seio materno. Melanie Klein (1968) fala da relação da criança com a agressividade. Há também agressividade e sadismo no próprio fato de mamar: de certa maneira, é uma devoração. O que a psicanálise mostra é que há, num momento ou outro, uma fusão entre o seio e o bebê. Winnicott (1975) é um dos que falam disso com mais clareza: o bebê encontra sua mãe, mas acredita que a cria. O bebê é onipotente de tal maneira que o seio materno foi ele quem o criou. E depois, um dia, ele se dá conta de que isso não é verdade. Há em comum com o vampiro o aspecto agressivo, sádico, oral, fusional e contaminante.
É, portanto, uma situação anterior ao desmame. O mito do vampiro conta alguma coisa desse arcaico. Aliás, o momento do aparecimento dos dentes de leite é um momento muito difícil para o bebê. Os dentes podem ser perigosos, mas podem, também, ser ameaçados. O bebê kleiniano é mais próximo do vampiro do que o bebê winnicottiano. Para o bebê kleiniano, a mordida é fundamental, assim como os primeiros objetos, ao passo que para o bebê winnicottiano é a brincadeira que conta, e não os primeiros objetos. A brincadeira de mordiscar para o bebê winnicottiano conta mais do que a mordida para o bebê kleiniano.
Na problemática geral "o que é um vampiro?", duas hipóteses caminham lado a lado desde o início: um invariante cultural e depois um invariante da psicanálise e que é o bebê. A primeira das experiências do lactente é a mamada. E ainda que não se trate da mãe, mas de uma mamadeira, encontramos a mordida. E quando vemos os filmes de vampiros e que lemos a literatura a esse propósito, temos a impressão de alguma coisa muito arcaica que está do lado da mordida, do lado da oralidade, e não está, de maneira alguma, numa sexualidade genital. Há ao mesmo tempo todo esse imaginário à volta do sangue: o leite é substituído pelo sangue. Isso produz, na realidade, os mesmos efeitos se se tratasse de leite: isto é, uma impressão de satisfação. Exceto que não é mais uma fonte de vida, mas uma fonte de morte e que é, mais ainda, de imortalidade. Isso evoca as metamorfoses do corpo da criancinha em sua história vindoura: de que maneira ela passa, como diria Freud, de um estádio a outro.
O mito do vampiro comporta um invariante cultural e uma fantasia que se refere também ao beijo. Eros, o deus grego do amor reanima Psique com um beijo. Já estamos aí do lado da vida. Ele pode igualmente frustrar os sortilégios transformando os sapos em príncipe encantado e insuflando a vida nas princesas adormecidas (CAHEN, 1997). Na Bíblia, o beijo é associado à criação do homem, à transmissão da alma: Deus cria Adão por um sopro, o que os cabalistas traduzem por um beijo. O beijo, explicam-nos, atenua as pulsões sexuais sem ter que passar ao ato. In utero o feto espontaneamente leva o polegar à boca. Exceto que neste caso o imaginário faz com que esta já não seja mais uma fonte de vida, mas uma fonte de morte, de renascimento e metamorfose no vampirismo.
Mostramos neste artigo a importância do vampiro como invariante cultural com diferenças culturais, que na perspectiva psicanalítica pode ser associado ao bebê que morde. O vampiro é um invariante cultural com diferenças culturais. O vivo é um não morto (undead) e o não morto ainda está vivo. De um ponto de vista psicanalítico qual é, então, a relação com os dentes e a mordida que contamina, que faz com que o outro se torne também vampiro? O vampiro é um bebê que morde e que tem um desejo ambivalente de imortalidade. O leite materno é vital como o é o sangue para o vampiro. A brincadeira de mordiscar para o bebê winnicottiano conta mais do que a mordida para o bebê kleiniano. O bebê kleiniano é mais próximo do vampiro do que o bebê winnicottiano.

REFERÊNCIAS
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terça-feira, 24 de junho de 2014

O FUTEBOL - uma florzinha solitária desabrochando em cima de um monte de merda.

Muita gente que como eu achava a realização da COPA no Brasil uma presunção tupiniquim está até meio envergonhada, pois descobriu que essa babaquice foi a melhor coisa que se fez aqui pelo trópicos nos últimos cinquenta anos. Um mês praticamente de feriados! Tudo fechado! As cortinas corridas, velhotes e crianças nas janelas com suas bandeirolas e ruminando besteiras! 
Nesta terça, por exemplo, tudo por aqui está a meia-porta.
Muita gente que já estava cronicamente casta, entre uma partida e outra até voltou a fornicar e em seguida, ainda durante o transe, a ir para a varanda comer brioches com geléia de morangos e bebericar chá de hortelã. 
Outros decolaram para Saint Germain. 
Outros se preparam para embarcar para São Petsburgo! No meio da gritaria e do foguetório dos insensatos tiveram até tempo de ler meia dúzia de autores russos, desde Noites Brancas de Dostoievski até O Capote, de Gogol. 
Ao contrário do que pensávamos, os dias da COPA estão sendo dias felizes, todo mundo caminhando sorridente por aí ao sol, som seus cachorros de raça, os sabiás cada dia mais mansos, uma multidão de policiais que, ao invés de estarem construindo estradas de ferro pelo país a fora ficam coçando o saco nas esquinas e prendendo um ou outro bebum que por falta de banheiros públicos, se atreve a mijar nas árvores... Estão fazendo o quê todos esses pelotões por aí?! Ora, a espera de uma "guerra civil" imaginária! Aliás, nesse período, até os black blocs sucumbiram à preguiça! Conheço uma meia dúzia. A televisão os mostrou aí pelos shoppings tomando sorvetes de braços dados com suas respectivas mamitas! 
E os pipoqueiros das redondezas! Vieram todos para os arredores do Estádio empurrando suas minúsculas geringonças a ponto do New York Times - sabe-se lá por quê? -  mencionar um deles que costuma ficar em frente à Catedral, quase como um esotismo de parvoíce... 
- Olha a Pipoca doce, salgada,  colorida, apimentada, pipoca ao natural, na manteiga! 
Curiosamente, somos um povo que gosta imensamente de pipocas! 
E no que diz respeito ao futebol, todo mundo (todos os meios de comunicação) continuam citando a Nelson Rodrigues o tal que, falando de si mesmo, inventou a expressão "complexo de vira-latas". "No futebol  - dizia ele, - demagogicamente - a bola é um reles, um ridículo detalhe – o que interessa é “o ser humano por trás da bola”... “não é a diversão lúdica, mas a complexidade da existência que interessa”. etc.
Ontem mesmo recebi de um amigo e professor de sociologia lá do PR um texto antigo também de Camus sobre o assunto. Acredite: Camus elogiando o futebol brasileiro. Sim Camus, aquele que escreveu O mito de Sísifo, O homem revoltado e etc.... Dá para imaginar?
Neste final de semana uma excelente crônica sobre a torcida japonesa e Dersu Uzala publicada num Diário do Amazonas me fez resgatar e aproveitar esta frase de Ginsberg (o poeta gringo): uma florzinha solitária desabrochando em cima de um monte de merda.  






sexta-feira, 20 de junho de 2014

...E saber que essa zona poderia ter dado certo....

O pó, o traseiro e os mal-entendidos...



Como dizia Sêneca:
"Quando se navega sem destino nenhum vento é favorável..."


A polêmica internacional do dia é a piada da funcionária do UNICEF que teria divulgado essa fotomontagem aí ao lado. 
E todo mundo está fingindo que o escândalo e que a ofensa maior está relacionada à insinuação de que estão cheirando cocaína. Ora! Cheirar cocaína!?
Pelos dados vigentes, só no Brasil se cheira toneladas desse pó por mês. Portanto o escândalo da fotomontagem não está relacionado à droga, mas sim à coreografia e à posição em que foram colocados os referidos jogadores, isto é: na posição em que "Napoleão perdeu a guerra". É comum durante ou após as guerras, os vencedores colocarem os vencidos nessa posição. Quem não se lembra da guerra das Malvinas? Com os "vencedores" deixando os argentinos de quatro, com o traseiro para cima, durante horas, para degradá-los e humilhá-los? 
O mais bizarro dessa bobagem, é que ela tenha sido feita por uma senhora, cuja função até lembra a Madre Tereza de Calcutá...




sábado, 14 de junho de 2014

Por que Platão queria expulsar os poetas de sua cidade ideal? Eis aí a possível resposta...

A primeira coisa que fiz ao ver essa foto aí do Nicolas Behr, (meu conhecido e o mais badalado poeta de Brasília, autor de Farinha com Iogurt, e apelidado até de poeta marginal e a quem os jornais da cidade concedem praticamente uma manchete por mês), a primeira coisa que fiz quando o vi - repito -  grudado à traseira dos ônibus fazendo apologia dos impostos e ainda por cima do IPTU, foi voltar a ler o Livro X da República, onde Platão defende a expulsão dos poetas e da poesia de sua cidade ideal. 
Não entendi grande coisa do lero-lero platônico e voltei para a rua para ver os rebanhos em fila indiana diante das estações, aqueles ônibus aos pedaços indo e vindo com o lupemproletariado caindo pelas janelas e com o poeta sorridente na traseira repetindo: EU PAGO IPTU PORQUE QUERO VER UMA BRASÍLIA CADA VEZ MELHOR. 
Qualquer um que não tivesse bebido meia garrafa de Nega Fulô em jejum teria dificuldade para acreditar! 
E os ônibus subiam e desciam em direção à Universidade sempre entulhada de mestres e de doutores leninistas-marxistas com aquele "poeta marginal" dizendo descaradamente aos pobres e quase mendigos estudantes que pagava impostos porque queria o bem da cidade! Inacreditável!
Observe - me dizia um outro poeta mais velho e movido muito mais por inveja do que por ética ou outra coisa -  que ele diz "uma Brasília cada vez melhor" e não simplesmente "uma Brasília melhor". E aí está a prova de que é propaganda vagabunda e de que como tantos outros, foi cooptado pelo Estado e pelas "autoridades". Aliás, o Birô Central das Musas Canônicas do Planalto ainda vai se reunir para saber se convoca o Poeta do IPTU para uma audiência pública. Parece que querem excluí-lo do bando a não ser que ele mude a frase para: Sou poeta mas não sou retardado! Não pagarei IPTU nem no inferno! Duvido que a coisa chegue a tanto!
Nas horas que permaneci lá naquela parada de ônibus em patética reflexão não consegui me livrar daquela conhecida frase de Gunter Wallraff o autor do livro FÁBRICA DE MENTIRAS: "Para desmascarar a sociedade é preciso mascarar-se".

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A. Piazzolla....

No meio de tanto lixo, ambiguidades, contradições, sectarismos e devotamentos vindos da direita, da esquerda, de ângulos indefinidos, de cima, de baixo e de todos os lados, nada melhor do que acionar o bandonéon do velho piazzolla.

O NOME & A IMBECILIDADE DO PAI... (ou pai padrão FIFA)

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O significado secreto e maligno dos presentes...


Para não correr o risco de deparar-se com um senador, um deputado, um líder de partido, um chefe de CPI, um propagandista do IPTU ou outro personagem desse pedegree, nos feriados e domingos muita gente aqui em BsB costuma embrenhar-me na imensidão do cerrado ou até mesmo nas veredas do Jardim Botânico da cidade. Foi lá que ontem conheci a tal Mirra, a plantinha (Tetradenia riparia) de onde se extrai aquela essência que na anedota cristã um dos "reis magos" teria presenteado a Jesus e a sua mãe lá numa estrebaria nos confins da Palestina... Quê presente de grego! Uma folha amassada fede e incomoda mais que todo o J. Botânico junto... Além de tentar livrar-me daquele cheiro durante toda a tarde, fiquei tentando adivinhar qual teria sido a intenção daquele crápula em presentear aquela porcaria a um recém nascido e a uma senhora puérpera...
Em tempo: Curiosamente não conheço nenhum exegeta que tenha relacionado os delírios daquele bebê trinta anos depois e inclusive seu destino trágico a esse precoce e fedorento presente...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

MULHERES - Essas bipolares maravilhosas...



Na semana passada aconteceu um fato inédito no Museu D'Orsay em Paris. A moça abaixo, nada menos que Debora de Robertis, fez uma performance genital nos salões do museu, isto é, deu vida ao famoso quadro do anarquista Gustave Courbet A origem do mundo (1866). Sob o som de Ave Maria (Schubert) sentou-se no chão, em baixo do referido quadro e de pernas bem abertas mostrou a sua, imitando a pintura mais conhecida e a xota mais admirada da história da arte... A França moralista, os remanescentes do Ancien regime e os beatos em geral ainda estão aturdidos...










Abaixo uma imagem de 2005, menos, mas também transcendente de Marina Abramovic.
MARINA ABRAMOVIC






terça-feira, 3 de junho de 2014

Rir para não chorar...

Todo mundo que vem passar uns dias em Brasília costuma ficar embasbacado com a beleza de seu "céu", com a baixidão de suas nuvens e com o colorido celeste das 18:00 horas. Apesar das variações climáticas e dos ventos também serem assunto de todos os dias.
Hoje, por exemplo, a cidade amanheceu sob um sol esplendoroso, mas lá pelas quatro da tarde, do nada, começou um tiroteio de raios que parecia querer dissolver a cobertura e as caixas d'água dos prédios e que surpreendeu até um mimetista joão-de-barro que passeava por aí pelos jardins e calçadas já tão doméstico, desiludido e apático como uma galinha. Na verdade nem os velhos porteiros dos ministérios e nem os moradores mais antigos sabiam se eram sinais de chuva ou se estava prestes a despencar sobre a cidade um asteróide das dimensões daquele que fulminou os puteiros de Sodoma e Gomorra... Mas tudo acabou mediocremente, foi apenas uma bravata e um show metafísico!

Apesar de já adivinhar e de até ouvir os grunhidos da turba cult e dos farsantes esclarecidos quero mencionar aqui a leitura de um livro estupendo que acabo de fazer, produzido por um jovem escritor brasileiro de nome LEANDRO NARLOCH. Já ouviu falar? Titulo do livro: Guia politicamente incorreto da história do Brasil. Nele o autor (já incluído pela turba grisalha no index dos apátridas) escancara a mentirada, as contradições, o mau caráter e as bizarrices nacionais sobre diversos assuntos (literatura, política. costumes e etc). E tudo, com exceção ao caso de Graciliano R., de uma gravidade moral assustadora! Coisas que os chouvinistas de plantão, os patrioteiros, e os bajuladores de aluguel não querem nem saber. E claro, comecei pela página 100 que trata dos nossos canonizados intelectuais. "Pequena coletânea de bobagens dos nossos grandes autores".

Os incomodados com as notícias, os melindrados, os sectários e etc, ao invés de ficarem querendo tapar o sol com peneira que vão caçar minhocas ou consultar as fontes e referências usadas pelo autor do livro. Ou ainda, se tiverem bagos, que liguem diretamente para ele para convencê-lo a desistir de revirar todo esse esterco. Certo? 
Revela o livro do jovem Leandro:

MACHADO DE ASSIS, era censor oficial (agente de censura) do Império.
Era ele que decidia quais obras ou peças poderiam ser levadas ao público no Conservatório Dramático (o órgão na corte do imperador Dom Pedro II). Entre 1862 e 1863 avaliou 17 peças e proibiu 3 com o argumento de estar preservando a moralidade e os bons costumes.

JOSÉ DE ALENCAR, foi contra a abolição.
Escreveu pelo menos 7 cartas a Don Pedro II, onde defendia abertamente a escravidão negra no Brasil.

JORGE AMADO, Admirava com o mesmo entusiasmo a Hitler como a Stálin.
Fez propaganda do nazismo em 1940, mesmo depois de Hitler já ter invadido a Polônia e outras nações vizinhas. Jorge, aqui no Brasil, virou redator na página de cultura do MEIO-DIA, então jornal de propaganda nazista. Durante o emprego no jornal de alemães - segundo Osvald de Andrade - tentou convencer colegas para que trabalhassem para Hitler".

GRACILIANO RAMOS (O autor de Vidas secas).
Numa crônica de 1921, defendeu que o futebol era uma moda passageira que jamais pegaria no Brasil, acreditava que o esporte não combinava com a personalidade bronca do brasileiro, e pedia aos jovens que resgatassem em nome da cultura brasileira atividades nacionais que andavam esquecidas como a Queda de braço e a rasteira. Essa merece uma boa gargalhada!

GILBERTO FREIRE (Autor de Casa grande e Senzala) Era admirador da Ku Klux Klan. O antropólogo em sua tese de mestrado apresentada na Universidade de Colúmbia nos EEUU (1922) elogiou o esforço dos cavaleiros da Ku Klux Klan americana - grupo que já naquela época executava negros. Também acreditava que o Brasil deveria seguir o exemplo da Argentina e clarear a população - "que tínhamos muito que aprender com os vizinhos do sul", escreveu ao resenhar um livro na Argentina. Em 1964, quando a dissertação foi publicada os trechos sobre a KKK foram retirados.

GREGORIO DE MATOS - Era dedo duro da inquisição. "Esse ícone da baianidade e visto até hoje como um artista libertino e até revolucionário, segundo o estudo de João Adolfo Hansen, da USP
intitulado A sátira e o engenho,  odiava negros, pobres, índios e judeus - o que, aliás era esperado de um fidalgo do reino português. As sátiras atribuídas a Gregório são comparadas às denúncias secretas à inquisição, muito comuns naquela época. Desde 1591 a Bahia abrigou agentes do Santo Ofício, incumbidos de condenar bruxas, homossexuais, judeus e hereges em geral. Os padres espanhóis que espalhavam o terror por lá, quando apareciam, os cidadãos corriam até eles para fazer denúncias contra hereges, na tentativa de parecer bons católicos e livrar a própria barra, etc.

Não vou mencionar aqui a parte onde o autor relata que até Zumbi tinha escravos para não ser atropelado na esquina, nem a parte que relaciona o samba ao fascismo e nem a parte que demonstra que até a feijoada é proveniente da Europa.
Agora, a parte que diz respeito ao Aleijadinho, estou tentando escannear (sem autorização do autor) para disponibilizá-la inteira, tanto pela importância do texto como para socializar a bizarrice de nossa pobre e miseranda necessidade de mistificar a si mesmo e a farsantes.

Insisto: as discordâncias e os chiliques devem ser resolvidos com respiração profunda, com um chá de hortelã ou remetidos diretamente ao autor do livro aqui mencionado que inclusive, tem outros do mesmo porte a venda em qualquer boa casa do ramo. Um sobre a "história politicamente incorreta da América latina" e outro sobre a "história politicamente incorreta do mundo".
Não é curioso e bizarro que nossos professores e que as nossas  vigentes "antenas da raça" nunca lhe tenham concedido nenhum Jabuti?






segunda-feira, 2 de junho de 2014

A ANVISA PRECISA DE UM TEOFRASTO...

Cada dia estou mais convencido que nossa desgraça não é só causada pela miséria, mas principalmente pela ignorância.

Enquanto a ANVISA consultava o Papa e esperava a resposta de seus intermináveis memorandos enviados a outros DAS de plantão para decidir sobre a liberação do canabidiol (uma substância derivada da maconha) que vem sendo testada com sucesso em doentes com transtornos neurológicos (Síndrome de Dravet, etc) Gustavo, o garotinho de 1 ano que esperava pela substância) morreu ontem aqui em Brasília. E tudo ao mesmo tempo em que nos botecos da esquina se vendiam para adolescentes e velhos, rios de cachaça vagabunda, cerveja produzida com água poluída, churrasquinho de vacas com brucelose, pimentões impregnados de venenos, wyski falsificado e outras porcarias feitas em fundo de quintal sem controle nenhum...

Essa idiotice e esse preconceito estatal com algumas ervas não é de hoje. 

Já aconteceu no século XIX com o famoso ópio  (o famoso Papaver Somníferum) que até hoje pelo interior da Tailândia, da Birmânia e da China se encontra gente queimando prazeirosamente em seus cachimbos e é considerado e experimentado, desde os tempos dos escritos de Teofrasto (séc. III a.C) em certas situações como medicamento mágico. Sem falar novamente da Ranwolfia serpentina, aquele arbusto indiano supostamente "maldito", mas que no ocidente veio a ser usado para a produção da reserpina  tão conhecida, usada e valori$ada na farmacopéia psiquiátrica de hoje...

Aliás, muitos dos "doutores", dos juízes e dos policiais que hoje se gabam por aí de suas funções de Censores, que têm fobia e são contra o uso dos derivados da maconha e da própria maconha para fins terapêuticos foram criados tomando Elixir paregórico e não teriam sobrevivido às cólicas e às dores abdominais se suas vovozinhas não tivessem lhes enfiado aquela tintura de ópio goela abaixo ou aquele supositório no rabo feito da mesma papoula. Além disso, muitos desses burocratas, desses juízes e desses policiais (e inclusive nós), nos momentos terminais desta vida de merda ainda imploraremos à enfermeira que mantenha sempre em baixo de nosso travesseiro duas ou três doses de morfina (também feita de um derivado do ópio, assim como o Zipeprol, a codeína, o Demerol e etc.

Enfim, ao invés de toda essa pantomima e dessa babaquice com a canabis e com seus derivados se deveria exigir que cada casa tivesse uma plantação em sua varanda, assim como tem de arruda e de artemisia, e que mensalmente um agente da tal ANVISA passasse por lá para ensinar e orientar os moradores quanto ao seu uso.
Aliás, as tão propagandeadas farmácias populares deveriam garantir aos bandos desesperados da Terceira Idade, um quilo de maconha por ano e de graça...








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