sexta-feira, 14 de março de 2014

Quando a oportunidade bate à porta o escritor de plantão está sempre em casa...

Quem se assustou o ano passado com a ida da Comitiva dos 70  fazer média na Feira de Francfurt, deve ter uma recaída agora com a divulgação dos números referentes à II Bienal do livro e da leitura do DF. Sabem quantos desses personagens estarão aqui nas tendas da Esplanada de 11 a 21 de abril, dando expedientes, palestras, recitais, contando suas intimidades e aventuras solitárias, revelando os segredos de suas astúcias narrativas, os mistérios poéticos, os truques para colecionar Jabutis, as senhas do saber, da teologia empresarial e o mapa das caixas pretas do mercado livresco? Sabem quantos? 105. E isto, contabilizando só os de pedegree nacional, tupiniquins, filhos da terra etc, pois além deles estarão presentes mais 21 estrangeiros. Se falará praticamente de tudo. Das Veias Abertas da América Latina, com o guru Galeano, até dos Diálogos da Vagina, com a americana Naomi Wolf. Da Geração mimeógrafo com os poetas e lunáticos brasilienses até do Suassuna relembrando seu secular Auto da Compadecida... De Trotsky e a revolução permanente à libertinagem do mercado livresco; dos 50 anos do golpe militar à sexta reimpressão do calhamaço do coronel Ustra. Dizem que haverá, acreditem, até uma mesa redonda, um Seminário, sobre Ditadura e Futebol. Neste estarei presente! Também se falará sobre intolerância religiosa (sempre em defesa, claro, da existência de qualquer seita) e sobre os novos e sedentos ficcionistas etc... Sem falar dos discursos espontâneos e paralelos que com uma centena  desses personagens juntos sempre acontece. Haverá lançamentos que não estavam no programa e surtos de narcisismo que não puderam ser disfarçados. Mas tudo previsto... 
Além disso, em espaços paralelos, mais de meia dúzia de dramaturgos estarão fazendo o que eles chamam de Leituras Dramáticas. Em pauta: Besame mucho; Murro em ponta de faca; Rasga coração; Patética e, como não podia faltar, Liberdade Liberdade do defunto Millor. É realmente surpreendente essa quase súbita paixão pela cultura! Muitos temem que nas fissuras dessa overdose e nas entrelinhas desse show haja uma boa dose de desfaçatez...
Mas não é só isso, haverá também, nos intervalos dos intervalos, música, muita música. Pelo menos umas dez "estrelas" estarão no evento, alegrando a turma e fazendo uma espécie de contraponto às tais leituras dramáticas... Estão pensando que é só isso? Não! Há mais! Como se poderia deixar de fora a Sétima Arte? Nos intervalos dos intervalos dos intervalos haverá cinema a vontade. Todos filmes já praticamente vistos, revistos e decorados pelo publico cult, mas... que sempre é bom recordar... E para completar com chave de ouro, o monsieur Ziraldo - sempre presente - discursará sobre "a criatividade e a esperança como armas contra o medo e a repressão".  Só não entendo por  que não convidaram o Francis Wheen, autor do livro Como a picaretagem conquistou o mundo!.
Enfim, depois de abril, podem estar certos de que todos seremos bem mais felizes. Apesar de meio intoxicados, seremos mais cultos e mais libertários... já que o Estado nos deu esta oportunidade de reparar a miséria de nosso Primeiro Grau. Como diziam os velhos e tiranos pedagogos: "com sangue a letra entra!" 

3 comentários:

  1. E o charlatão do Paulo Coelho!? Será que estará presente? já que disse que sabe o dia que irá morrer! ( só os suicidas sabem! ) ele deve ser um...hahahahaha.

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  2. Os mesmos dinossauros de sempre!

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