sábado, 11 de janeiro de 2014

Uma república movida a cachaça e a cesta básica...

Deixando de lado a cólera, foi quase cômico ver e ouvir a governadora do Maranhão e outros crápulas tentando explicar o inexplicável... Já que as palavras que conhecemos não bastam para descrever o flagelo que se abate sobre esse povo, já que não conseguimos sair da miséria, da roubalheira e do atoleiro, por que não começar a acreditar que realmente somos uma raça e uma sociedade maldita.., uma horda de desgraçados que faz de tudo para expiar sua culpa e para extinguir-se??? Razões para isso é o que não faltam!
E o Maranhão (movido a cachaça e a cesta básica) está em pauta e na boca de todo mundo como se tivesse sido descoberto nesta semana... Desde os pasteleiros da rodoviária até os ministros aposentados que são vistos com frequencia fucinhando por aí nas prateleiras dos sebos, em todos, o espanto é geral. Os bandidos, a pilantragem dos Czares tupinambás e as decapitações desses dias colocaram mais luz e mais atenção sobre aquele estado-cortiço do que os professores e os sociólogos durante décadas... 
Mas não se entusiasmem e não se enganem, daqui a uma semana os padres e os jornais já terão elegido outro escândalo e outra desgraça nacional e aquela capitania voltará a ser como sempre foi... E depois, é importante lembrar que cada Estado, camuflado ou não, também tem em suas entranhas a sua família Sarney e o seu Maranhão. E mais, que cadeias como as de Pedrinhas infestam o território inteiro... Tudo, absolutamente tudo, respaldado por nosso silêncio e com nossa cumplicidade!
 Prestem atenção como fracassamos em tudo o que é essencial! O que se tem em conta como conquistas sociais e progressos não vai além da quantidade de automóveis nas ruas, do número de  arranha-céus e dos cifrões acumulados nos cofres clandestinos de uma considerável e anônima matilha de hienas... O Ser, a espécie, o homem.., continua se arrastando por aí numa mixórdia medieval. Acham que estou exagerando? Abram os olhos! Deem uma volta pelo centro e pela periferia das cidades!.. Garanto que a podridão generalizada haverá de abalar vosso doentio otimismo...
Para não ser repetitivo e não encher o saco de meus cinco ou seis leitores, me aproprio de um fragmento de Fialho D'Almeida, escrito lá na Lisboa de 1800... onde, talvez, estejam as raízes mais profundas de toda essa miséria:

"Ah, quando me lembro que andam na aldeia meus irmãos, e os meus parentes, descalços, rotos, ingênuos, piolhosos, sem médico que os trate, sem padre que lhes batize os filhos, sem dinheiro que lhes permita consoar de gordo, em dia de anos, a trabalhar de enxada treze horas para que um diretor geral ganhe três contos, para que haja inspetores de Belas Artes que não existem, diretores de mercados que não vendem nem compram, deputados que escoicinham como brutos para que dez comissões rendam a este dez contos, sem trabalho, e aquele vá por cinquenta, fazer a sua passeata ao estrangeiro - quando me lembro que todas as receitas de quatro milhões de almas são desbaratadas numa orgia de trezentos valdevinos, não sei que medonha confusão de coisas me avassala, que me ponho a afirmar que a guilhotina, sobre salutar como exemplo, era talvez, nesses acelerados, uma completa obra de justiça!"

4 comentários:

  1. eu vi ontem na tv a filha do sarney falando que os problemas de queima de onibus e violencia era porque o estado estava rico demais, sinceramente essa mulher acha que todo mundo é idiota pra acreditar nela.

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  2. Prezado Ézio, há alguns anos venho acompanhando o seu trabalho,e gosto da sua lucidez, mas me pergunto com freqüência: - Conhecendo-se todas as mazelas da condição humana, e sabendo-se que não há esperança em uma "renovação de paradigma", pergunto-lhe: - Como viver nesse sufrágio universal sem se deixar afetar por tudo isso?

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  3. PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA OU DA "PORCARIA"? - Ontem estava lendo num portal de uma amiga internauta uma matéria sobre a instauração da república. É de estarrecer. A verdadeira história fora forjada desde o início. Eis a fonte: http://rede-imperial.blogspot.com.br/2010/12/argumentario-monarquico.html

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  4. Vejam também ==> http://pt.wikipedia.org/wiki/Adelaide_Cabete

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