sábado, 4 de janeiro de 2014

No auge da passividade, pensa-se em uma boa crise de epilepsia como em uma Terra Prometida... (Cioran)


Por aqui.., só o mar se salva!  
Apesar do Rio de Contas que vem lá da Chapada Diamantina para desembocar logo ali trazendo farto material não identificado, seu humor e seu vigor não se alteram. Não reclama! Digere e purifica tudo! Vai e vem numa dança obsessiva e sem fim, sem sair do lugar. Está ali há milhares de anos. É atemporal como nosso inconsciente. Já criou anti-corpos. Traz algas disfarçadas de serpentes que foram arrancadas lá na voragem de outros mares... Joga-se contra as pedras, enfurece-se, faz redemoinhos, dá voltas e nós, inventa calmarias e rituais, depois correntezas em ziguezague, arrebenta, simula tsunamis e afogamentos coletivos, mas é só pantomima e teatro. Até mesmo a inofensiva filhinha de um nativo é capaz de domá-lo equilibrando-se descalça sobre o pneu velho que caiu de uma carroça...  
E o ritual dos bebuns do mar?! Ulisses voltando para Ítaca?! (Ou os piratas partindo de Itacaré!) Um a um os precários barcos dos pescadores deixam diariamente o cais e somem com suas tralhas no meio do vento e das ondas. Se voltarão? Ninguém sabe. Nenhuma Penélope e ninguém está minimamente preocupado com isso. Dizem que cada um leva nessa curta e épica viagem, além de uns bons tragos, sua pedra sagrada de crack. O crack como carta náutica! Eles, pelo menos, ainda creem na embriaguez e no crack! É o fim? Não, é a pós-modernidade! Deve ser realmente o "máximo" acender o cachimbo contra a ventania ou contra a tempestade lá naquela imensidão.., ver a brasa incandescente, sentir o cérebro derretendo e dando reviravoltas, acreditar-se um pirata ou um Vasco da Gama e em seguida... levitar... levitar com soberba irresponsabilidade, longe da espécie e por sobre os mais tenebrosos dos abismos...

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