quinta-feira, 21 de março de 2013

Do estômago e da alma... (2)

Quem viu os prédios que estão sendo construídos lá no RJ para abrigar os desabrigados, ficou horrorizado. Bem piores que os pavilhões da penitenciária de Bangu 2... Mil vezes morar dependurado num barranco e correr o risco de anualmente esquiar pela lama! Ali, pelo menos, há oxigênio, luz, vento, cheiro de terra... a possibilidade de um sabiá pousar na soleira do cortiço... Naquelas construções tétricas e no geral de nossa arquitetura tropical, tudo evidencia que somos um povo que tem algum trauma sério com claridade e com janelas. Vejam a obra do Niemayer! Tudo meio uterino, sufocante e sombrio. Na própria catedral de Brasília, nem os beatos mais franciscanos e os mais masoquistas conseguem ficar mais de meia hora quando o sol está a pino. Lá pelas três da tarde, então, não tem cristão que fique lá dentro sem desmaiar... E a nova Torre Digital? Aquela que custou cento e tantos milhões, mas que poderia ter sido construída com menos de quinze, ou nem ser construída? Mesmo no primeiro dia do outono, parecia uma suíte do inferno... A viúva de J. Lenon faz demagogia com os óculos ensanguentados do defunto... A Ucrânia não quer mais comer nossos porcos... O MEC jura que vai deixar de ser benevolente com os redatores do Enem... Ainda não descobriram que se o “segundo grau” fosse realmente um Segundo Grau, nem o Enem e nem a indústria vil dos cursinhos teriam sentido... O CFM decidiu que até antes da décima segunda semana de gravidez o aborto pode ser praticado sem que os envolvidos incorram em crime. Tem gente que ficou com os cabelos em pé, pois considera um desvario, não só o aborto, mas até mesmo a masturbação masculina... Afinal – argumentam - os espermatozoides também têm vida! Novamente uma encrenca entre uma pseudociência e um falso humanismo... E por falar em masturbação, a guerra e as vicissitudes entre gays e pastores continua no Congresso Nacional. Por enquanto é só moral e verbal, vitupérios, artimanhas melífluas por todos os lados, mas tudo indica que em breve será alhures, com porretes e com espadas. Imaginem os gays colocando numa calçada seus três milhões de militantes e, do outro lado, os pastores também mobilizando seus milhões de adeptos! De um lado a multidão bradando e rugindo com a Bíblia nas mãos, do outro, o pessoal seminu esbravejando e agitando no ar a última edição de 120 dias de Sodoma! Quem não gostaria de filmar e documentar essa epopéia? Depois de recolhidos os cadáveres e esconjurados os sobreviventes, por falta de um nome melhor, os historiadores a registrariam como a Revolta da desventura ou a Escaramuça da fobia contra a paranoia e vice-versa... Para em seguida cair no olvido e ficar esquecida nos nossos fajutos registros como ficou a dos Farrapos, a de Canudos, dos Emboadas, dos Mascates...

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