quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Das cadeias medievais e das pós-modernas...

Como hoje é comemorado o dia da Proclamação da República, o mendigo K., saiu de seu subsolo e foi para o sol da manhã diante de um dos tantos e inúteis memoriais da cidade. 
Estava exageradamente confuso com a fala do ministro da justiça a respeito dos presídios.
- O cara falou em público que antes de ir para um presídio prefere morrer!!! Quê malicia poderá haver por debaixo dessa frase? - Sussurrou-me.  Mas o cara não é o chefe da área? Está se queixando de quê? De quem? Da ausencia de uma intervenção divina? O horror das nossas prisões evidencia novamente o ódio profundo que transita pelas veias desta espécie... Vou revelar-te uma coisa: pelo que já vimos por aí, a esquerda não deveria nunca chegar ao poder. O poder é uma cloaca de malignidades! Só a "direita" sabe lidar com ele... A "esquerda" deveria ficar sempre à margem, esperneando, idealizando, fazendo o discurso libertário, a crítica, a ironia, mostrando a absurdidade e a podridão das coisas... Assumir o poder é cair numa cilada e destruir-se. Veja o que sobrou de nossa "esquerda"! Nada, além de uma trupe de barnabés. O discurso do passado que incendiava até os mais indiferentes, hoje, saído das mesmas bocas, só causa compaixão e repulsa, não faz eco, não convence ninguém...
A respeito "dos delitos e das penas", ao invés de construir presídios por todos os lados, seria muito mais "humanizante" investir no "controle de natalidade". E digo controle de natalidade, porque a balela do "planejamento familiar" nunca deu certo e mais, sempre produziu efeitos contrários... Até o ano 2063 - por exemplo -, o casal, pobre ou rico, culto ou analfabeto, que tivesse mais de dois filhos seria considerado um "inimigo mortal da sobriedade e da emancipação humana". Essa obsessão por se reproduzir como ratos é fútil, irresponsável e compromete a espécie. Isto, porque, toda superpopulação, seja ela de ratos ou de humanos, incrementa a miséria, os instintos primitivos, o desamparo, a violência, as psicopatias, o instinto de morte...
Por outro lado, porque todo presídio é, realmente, uma aberração, sejam os nossos "medievais" ou os suecos "pós-modernos". Enjaular um sujeito é sempre um crime maior, bem maior do que aquele que ele cometeu...  O crime, normalmente é cometido sob algum tipo de impulso, de tara, de paixão, já, a condenação, sempre é meticulosamente tramada e articulada por acerto de contas e por vingança. Se a casa onde se vive já tem claras semelhanças com celas e com cadeias, (as donas de casa, cada dia mais deprimidas e enlouquecidas que o digam) imaginem as prisões públicas, superlotadas, submetidas à tirania do estado, ao ódio e à negligência dos carcereiros. Seria muito menos insalubre a vida de todos se os condenados fossem confinados em fazendas, em montanhas, em ilhas, em selvas (temos a Amazônia inteira para nossos 600 mil prisioneiros), em jazidas de esmeraldas... ou se a eles se atribuísse a missão de, finalmente, construir trens e estradas de ferro que pudessem nos proporcionar confortavelmente a volta ao redor do mundo...

2 comentários:

  1. Sou apaixonada pelo mendigo K, mas não conta para ele não, tá?

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  2. Los mayores productores de pobres no son los bancos, ni los gobiernos, ni los países ricos, son los mismos pobres. Sólo hay una manera de acabar con la pobreza: que los pobres dejen de generar más pobres.
    Así es que no os sintáis culpables cuando os vienen esas imágenes de niños famélicos y os echan en cara todo lo que tenéis como si se lo hubierías robado a ellos. Esos niños hambrientos les tienen que dar las "gracias" a sus padres, no a nosotros.

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