sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

AS MANHÃS BRINCAM (antropoética de Plinio de Aguiar)



 AS MANHÃS BRINCAM...

As manhãs brincam e acenam folhas,
Fazem brisas, tornam rosas mais flores.
Fabricam sombras com o sol no dorso.

Eventualmente são moldura de sonata
Saída de casa distinta em violino
Obsessivo de silêncio. Às vezes
Alegram-se mais, exibem nuvens animais
Imitando delírio dos meninos mirando-as.

As manhãs brincam até quando velhos choram.
E agradecem a vida. Acinzentados, olhos
Veem cadeira, copo, prato, remédios, o teto e
A enfermeira à beira da cama, restos de Deus.

As manhãs também se sacodem de riso
Nos latidos de cães presos em barracos
Ou mansões, passos na calçada molhada.
No rangido do portão da igreja, fechando-se.
No assobio do menino, na menina voltando.

Plínio de Aguiar
Cipó, Bahia, junho de 2011


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